Episódio 6: A Leveza de Encontrar o Comum

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— Pelo amor de Deus, pare ali!

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— Pelo amor de Deus, pare ali!

Estacionei com urgência na primeira lanchonete que nos apareceu. Chequei o horário, tínhamos apenas vinte minutos para chegarmos à delegacia.

— Me fale o que vai querer! — pedi para Felton.

— Pode deixar que eu vou olhar lá, não se pre...

— Temos pouco tempo, olhe! — apontei para o painel que marcava cinco e quarenta e três — Me fale o que vai querer e comemos no caminho.

Anotei mentalmente o pedido de Felton e corri para dentro da lanchonete, o estômago roncando ao implorar por alguma comida verdadeiramente calórica.

O atendente, vendo minha farda, sentiu-se intimidado a me atender com mais urgência. Agradeci aos céus pelos privilégios, mesmo que hipocritamente.

Apanhei os pedidos e notei um machucado que não sabia de onde vinha. Dei de ombros, esse tipo de coisa acontecia com frequência.

Voltei para o carro na mesma velocidade que saí dele, Felton tinha as mãos e pernas inquietas; tamborilava os dedos pelo painel, balançava as pernas pelo impulso do calcanhar e suava frio.

— Tome! — taquei a sacola para ele que a segurou e enfiou a mão nela em busca de seu lanche — Agora, precisamos ir. Abra meu burrito para mim.

Levamos cerca de quinze minutos para chegarmos na delegacia, pontualmente e com a barriga cheia. Felizes e abastecidos para mais um dia de trabalho.

Devida a correria, mal tive tempo de reparar no quanto Beacon Hills tinha mudado; grandes prédios ocupavam o que um dia foram casas e parques, postes a cada cem metros que provavelmente faziam da noite um momento brilhante e restaurantes do mais variados tipos espalhados pela cidade. Ver tudo aquilo de uma vez foi como um soco.

É amigo, o tempo passou. Minha consciência debochou.

Quem nos recebeu foi uma jovem de cabelos castanhos num corte chanel, olhos também castanhos e uma feição nada amigável.

— Malia!

Foi quase um alívio ver alguém que conhecia depois de anos distante. Minha voz quebrou a carranca que ela tinha e despertou um sorriso largo e genuíno.

Nos abraçamos saudosos.

— Não acredito que está aqui! — Bateu em minhas costas com força — como tem sido as coisas no FBI?

Engasguei um pouco antes de responder.

— Ah... hum... têm sido... eletrizantes.

O olhar da coiote tornou-se terno e compassivo.

— Soube de Lydia... — começou casualmente — Sinto muito.

Engoli a raiva que subiu pela cabeça. Sentia muito? Por quem? Por acaso ela estava morta?

Raiz de BabelWhere stories live. Discover now