• vinte e três •

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CAPÍTULO VINTE E TRÊS
cardigan

Saiba que sempre que um sonserino organizar alguma reuniãozinha no Salão Comunal ele tem segundas intenções. Sejam boas ou ruins, todos os colegas de casa não hesitam em fazer coisas erradas para se divertir. Possivelmente levavam o papo de irmandade longe demais, já que a coisa favoritas deles, sem dúvida, é saber o segredo um do outro, nada vale mais do que isso, ter algo importante para alguém em suas mãos. No entanto, mesmo com a adrenalina e o medo de ter algum segredo revelado, nenhum deles poderia evitar fazer parte daquilo.

Regulus Black estava escorado no batente da porta do corredor dos dormitórios, a curiosidade em seus olhos perseguidores. Como o bom aluno do sexto ano que era, quis experimentar uma festinha como aquela, nem que fosse apenas olhando-a de longe e imaginando que futuramente seria sua vez de guardar algum segredo ao lutar contra uma bebedeira. Pandora nem sabia se ele já havia bebido algo que não fosse suco de abóbora e cerveja amanteigada sem álcool. Parecia tão inocente.

— Não beba nada. Entendeu? — ela pediu.

Ele a observou.

— Por que você bebe, então?

Era uma ótima pergunta.

— Acho que eu gosto da adrenalina. — confessou. — Mas você... não quero que fale demais.

— Pensei que fosse exatamente o que você queria, que eu falasse...

— Precisa escolher melhor em quem confiar os seus segredos. Eles ali não são a melhor opção. — Dora falou. — Vá dormir, Regulus. Por favor.

Minutos depois, sentada no chão do Salão Comunal, enquanto bebericava algo do qual ela não sabia a procedência, percebeu que alguns alunos já estavam se reunindo no centro do local para brincar. Ela não chamaria aquela guerra silenciosa de brincadeira. Do outro lado da sala, viu sua melhor amiga conversando com Charlie Monarch, eles eram tão bonitos que pareciam uma pintura renascentista que ela nunca conseguiria copiar.

Se levantou lentamente, carregando seu copo e seguiu para caçar mais um, dessa vez percebendo que eles estavam batizados. Nunca teve medo de falar alguma besteira enquanto bêbada, mas naquela festa ela sabia que não havia unicamente álcool, mas Veritasserum. A mais pura poção para contar a verdade, tão traiçoeira quanto a cobra que inspirou Salazar Slytherin. Dessa vez, Pandora realmente guardava um segredo importante, um do qual ela gostaria que não viesse em sua mente quando ela precisava mentir.

Sirius. Ele era seu segredo.

Tomou alguns goles da bebida com a poção e caminhou até sua amiga, em passos lentos, como se quisesse demorar para chegar nela.

— Seu copo. — ela disse.

Entregou o copo para ela e sorriu, quase desesperadamente.

— Boa sorte.

Elas iam precisar.

Todos aqueles poucos alunos corajosos sentaram-se espalhados pelos sofás estofados, enquanto outros preferiam as almofadas no chão e o tapete nobre. As cobras beberam daqueles copos enfeitiçados e rapidamente o efeito deles veio, como uma bomba ansiando por explodir naqueles jovens estômagos cheios de abóbora, começando com uma tontura e se dissipando em um sentimento de leveza, como se flutuassem em nuvens, mas aquela situação estava mais para o inferno do que para o céu. Pandora sentiu que poderia vomitar, não sabia se era por culpa da poção ou de seu nervosismo pulsante.

— Acho que eu vou desmaiar. — ela sussurrou.

Ninguém ouviu.

Aquilo representava os Sonserinos mais do qualquer outra coisa, eram seres ambiciosos e que fariam de tudo para se dar bem, mas dentro daquelas paredes de Hogwarts, também poderiam ser amigos, porque ainda eram jovens e nem tudo deveria se resumir à lados numa batalha. Era esquisito pensar que salvariam suas peles em qualquer outra situação, mas ali eram adolescentes normais. Ela percebeu que sua melhor amiga também parecia querer guardar um segredo do qual ela bem conhecia. Pensou, que se parasse de pensar como uma maluca na imagem perfeita de Sirius Black ajoelhado aos seus pés enquanto amarrava seus sapatos, ela poderia mentir.

UNTAMED • sirius blackOnde histórias criam vida. Descubra agora