Capítulo 58 - narração

Depuis le début
                                    

Saber disso faz meu peito apertar. A raiva me parecia bem melhor.

O pior de tudo é saber que foi minha culpa. Eu podia ter falado algo ontem. Algo real, como ele pediu. E pedir desculpa, explicar o porquê aquilo parecia ser o mais certo porque a ideia de que nós estragássemos tudo entre nossos amigos me tirava o ar e me fazia entrar em desespero. Admitir que agora eu sei que estava errada e que nunca faria isso de novo.

Qualquer coisa que valesse a pena ser dito.

JJ está parado na minha frente com uma expressão cansada quando eu percebo que ainda não disse nada. Então penso na primeira coisa que eu não consegui fazer ainda.

- Você pode segurar a escada enquanto eu termino a parte de cima? - pergunto. O olhar do loiro vai para onde eu aponto, a escada fechada encostada na parede - Ela está meio bamba e, bom, não sei se seria inteligente cair no dia 24 de dezembro.

Eu dou um meio sorriso, esperando receber pelo menos algo parecido em troca. Não recebo. JJ assente com a cabeça. E, outra vez, eu reparo que ele não parece contrariado ou irritado por estar me ajudando. É só como se fosse uma ajuda normal. Odeio isso.

Enquanto ele vai e busca a escada móvel, eu pego algumas das bolas vermelhas e penduro em todos os dedos, tentando juntar o máximo para precisar descer o mínimo possível. O menino posiciona a escada onde eu indico e segura com as duas mãos.

Pela primeira vez no dia, sua voz se dirige a mim:

- Beleza, pode subir.

Eu aceno com a cabeça, fingindo com o máximo de mim que era para isso que eu o chamei, e não para falar todas as coisas que eu não tive coragem ontem - e aparentemente ainda não tenho. É extremamente difícil ser sincera e me abrir sobre o que sinto.

Apesar de ser uma desculpa, não é uma mentira o lance da escada. Ela realmente está balançando mais do que deveria, o que me faz olhar de cinco em cinco minutos para baixo a fim de conferir se JJ ainda tem as mãos firmes nas laterais.

Quando só faltam umas duas bolinhas, o único lugar disponível na minha visão se encontra um pouco mais à direita do que eu gostaria e me obriga a esticar o corpo para alcançar. Eu respiro fundo, olhando para as mãos do loiro outra vez. Agora, posso escutar uma risadinha irônica.

Encaro seu rosto com a sobrancelha arqueada.

- O que foi?

Ele parece ter sido pego de surpresa, como se não tivesse esperando minha pergunta - ou até mesmo que eu tivesse ouvido seu projeto de demonstração de humor.

- Você não confia em mim, é quase engraçado.

Eu reviro os olhos, sem saber se minha paciência acabou graças a seu pequeno drama aleatório e sem motivo ou se porque eu estou realmente nervosa em cair de cima desse troço. De qualquer jeito, eu continuo olhando para ele enquanto tento me manter equilibrada.

- É claro que confio em você, seu idiota. Não confio nessa escada.

JJ dá de ombros, escondendo o vestígio de sorriso que insistiu em aparecer. Ótimo, tudo o que eu não queria era piorar a situação por causa desse inocente pedido de ajuda. Eu respiro fundo e termino o trabalho com as bolinhas, aproveitando que elas estão na parte de trás da árvore para as pendurar de qualquer jeito.

Ninguém vai ficar curiando essa parte, não é?

O loiro ainda está segurando quando eu desço, mas se afasta assim que meu primeiro pé toca o chão. Nós dois sabemos perfeitamente bem que ainda falta decorar a parte de cima da árvore em outros pontos, mas ele não parece se importar quando pergunta:

Christmas wishes and Mistletoe kissesOù les histoires vivent. Découvrez maintenant