hurts; lucas inutilismo

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entro rapidamente em uma sala de estar que estava vazia, a festa estava cheia.

a dor me consome, não consigo me manter em pé, me encosto em uma cadeira e quase me jogo em cima dela. murmuro alguns palavrões enquanto tento me manter calma e consciente.

em uma briga de festa acabei sendo atingida com vidro no braço e na barriga, parece pouca coisa, mas os cortes foram profundos e eu estava perdendo muito sangue. minha visão escurecia, eu precisava de alguma coisa pra me manter acordada.

escuto um barulho de maçaneta, parecia apenas um eco. sou puxada pra realidade com uma voz familiar, era o lucas, "não, não podia ser ele, agora não" pensei.

- você tá sangrando muito, eu te disse pra não ir tirar satisfação com ele, eu te avisei, não avisei [seu nome] ? - ele soava autoritário, se eu tivesse em condições teria dado um chute no saco dele.

- não é hora de lição de moral, me ajuda ou vai embora. - eu disse em uma voz arrastada, como era possível alguns cortes causarem tanta náusea ?

- a minha vontade é de ir embora mesmo. - ele disse e começou a fazer um curativo precário no meu braço.

- e por que você não vai então ? - amaldiçoei as suas três próximas gerações quando ele apertou o curativo, causando uma dor de dar arrepios.

- porque você está machucada, e eu não sou um monstro. - ele agora me dava tapinhas na cara pra me manter acordada.

- e por que você se importa ? não é você que diz que me odeia ? - sou ignorada enquanto ele continua a fazer o curativo, depois de algum tempo ele termina.

- quem fez isso com você ? - abro os olhos e percebo que ele me olha intensamente.

- é um amigo de uma menina que não gosta de mim, parece que ela não sabe resolver os próprios problemas sozinha e resolveu chamar um amiguinho. - falo dando de ombros e tento me levantar, quase caio, mas lucas me segura e me coloca no sofá.

- você sabe o nome dele ?

- do que adianta ? você é chefe da máfia ? por que nada menor do que isso vai fazer eles pararem. - escuto passos na escada e me assusto.

- são os socorristas, não se preocupa. - ele fala e coloca uma mão na minha perna, meu olhar segue sua mão, ele percebe mas não a tira.

- vou te acompanhar no hospital, e dar um jeito naqueles dois, enquanto isso, tenta não se meter em confusão de novo. - ele pisca pra mim e sai da sala, dando espaço para os médicos.

acordo em um quarto de algum apartamento, um cachorro branco e pequeno me encara com a língua pra fora, aonde eu estava ?

- bom dia, sua primeira pilha de remédios começa agora. você sabe engolir comprimido, né ? - lucas me encara com alguns frascos de remédios na mão. mas que porra eu tô fazendo na casa dele ?

- por que eu tô aqui ? eu não ia pro hospital ? - tento me encostar na cabeceira da cama mas uma dor na barriga me para, afinal eu tenho um corte na barriga agora. 

- você foi, mas ficou inconsciente na maior parte do tempo, seus cortes não foram muito graves, mas você vai ter que passar pelo menos uma semana tendo cuidados especiais, e como você mora sozinha aqui em são paulo, que vou cuidar de você. mais alguma dúvida ? - ele me serve um copo com água e me faz engolir três remédios de vez.

- sim, tenho muitas perguntas. mas tô cansada agora. - ele ri.

- ótimo, você fala demais. - dou um leve chute nele e ele ri mais.

- por que você tá cuidando de mim ? era só chamar a bel, ou qualquer outra pessoa...

- porque eu gosto de você, e você pensa que eu te odeio, então de que outro jeito eu provaria que não te odeio ? também porque eu quero cuidar de você, algum problema com isso ? - arregalo os olhos e ele me olha com um olhar divertido, quando foi que ele decidiu dar em cima de mim do nada ?

- a gente não se dá bem, não era de se admirar que eu pensava isso. - tomo um pouco de água e ele senta na minha frente.

- pelo jeito que nós brigamos só se pode tirar uma conclusão: ou nós vamos assassinar um ao outro ou nós estamos apaixonados um pelo outro. eu ainda tô vivo, e você também, então a gente já sabe a resposta. - solto uma risada e ele chega mais perto do meu rosto.

nossos olhos se encontraram, nossas respirações pesavam em nossos pulmões, um sorriso se instalou em seu rosto, e sua mão me puxou mais pra perto, nossos lábios se encontraram em um beijo caloroso e borboletas cresceram no nosso estômago. acho que tudo isso era amor, no final das contas.

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