32 - o maior show que essa cidade já viu

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EU SABIA QUE as coisas não seriam fáceis, mas puta merda

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EU SABIA QUE as coisas não seriam fáceis, mas puta merda.

Desde minha última saída, mamãe está me cercando como se fosse um lobo prestes a dar o bote. E eu sou o carneiro ferrado que não sabe o que fazer. Nada que eu diga parece melhorar minha situação com a Dona Ângela, que insiste em ignorar minha presença sempre que entro no cômodo em que ela está ou quando digo bom dia pela manhã. Se ao menos ela me ignorasse de verdade e não desse a mínima para o que eu faço longe... mas minha mãe prefere transformar minha vida em um inferno. Me deixa presa a essa casa, precisando aturar toda a sua revolta acumulada por mim.

O pior é que eu nem consigo ficar com raiva dela. E acho que é exatamente por isso que tudo dói ainda mais.

Mas ignorando a parte dolorosa de tudo isso, eu penso que nada seria tão ruim assim se só me atingisse. O verdadeiro problema aqui é que atinge a coisa que mais importa no momento pra mim, que é a banda. Com todo o seu controle descabido, eu mal tô conseguindo sair pra ensaiar, o que é horrível, já que falta menos de uma semana pro grande show.

Nós mandamos preparar tudo. Camisetas, bottons, até broches descolados da banda. E a coisa mais legal de todas ficou pronta hoje, e eu solto um gritinho empolgado quando Lana me liga, a chamada de vídeo me fazendo saltar da cama.

— Me diz que tá com eles!

— Oi pra você também, Ninazinha, boa noite! — ela cumprimenta, Frida e Jasmine aparecendo nos fundos da garagem, cada uma segurando uma caixa de papelão. — Agora que todas as garotas rebeldes estão aqui, eu posso finalmente fazer as honras.

Assisto Lana tirar uma faca não sei de onde, estendendo a lâmina bem perto da lente da sua câmera pra que eu possa ver bem. Solto mais um grito de animação quando ouço o papelão sendo rasgado, mas Frida rouba o celular antes de Lana conseguir abrir a caixa pra valer.

— Oi, Super-Homem!

— Oi, amor! Quantos pacotes chegaram aí?

— Cinco, cada um com dez unidades. Então vamos ter cinquenta pra...

— É o CD mais lindo que eu já vi na vida!!!

Lana e Jasmine voltam a ocupar a tela do celular, cada uma segurando um dos cinquenta CDs que conseguimos produzir pra banda. E meu deus, a Jas tá certa, ele tá a coisa mais linda do mundo todo.

Tudo precisou acontecer rápido demais. As músicas foram gravadas em uma só tarde quando minha mãe foi dar aula fora da cidade, e a foto que usamos na capa foi uma antiga que tiramos nos bastidores de algum dos nossos shows. Eu tava morrendo de medo de tudo sair desleixado, como um trabalho de escola feito de última hora, mas não. Quando Lana põe o CD pra tocar, eu percebo nos segundos iniciais da primeira música que demos tudo de nós em cada detalhe, e não tinha como estar mais incrível que isso.

Eu não acredito que a Garotas Rebeldes em Combustão tem um CD profissional. Não acredito que estamos mesmo chegando tão longe.

— É ouvindo a música de abertura do nosso primeiro álbum que eu peço permissão pra falar algumas palavras — Lana anuncia, Frida estendendo o celular na direção da amiga pra que eu possa vê-la melhor. — Eu amo muito, muito, muito vocês. E sei que esse tipo de coisa eu digo mais quando tô bêbada, mas juro que tô sóbria nesse instante, e ainda bem, porque quero me lembrar de exatamente tudo que tá acontecendo aqui. Eu não poderia estar mais orgulhosa das minhas garotas rebeldes favoritas. Muito obrigada por serem lindas e por serem minhas amigas e por serem as pessoas mais talentosas do mundo! E obrigada por me deixarem fazer parte disso.

Garotas Rebeldes em CombustãoWhere stories live. Discover now