Prólogo

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Os céus de Gotham City eram cobertos por uma fina penumbra de fumaça que incomodavam seus olhos, as incontáveis indústrias e o movimento constante da cidade lhe davam uma aparência triste e melancólica, fazendo-a sentir falta dos céus azuis e púrpuras de Themyscira. Nunca foi capaz de entender como Bruce conseguia pular de telhado em telhado todos os dias sem se sentir sozinho. Talvez sentisse, mas, com certeza, não diria pra ninguém, sentimentos nunca foram especialidades do cavaleiro das trevas e não começariam a ser tão cedo.

Diana vigiava cada edifício a pedido de Bruce, que havia recebido um alerta do DPGC sobre possíveis focos da gangue do Máscara Negra plantando bombas em prédios empresariais no Gotham Central. Ela se surpreendeu com a mensagem, Batman raramente pedia ajuda no canal da Liga da Justiça, Gotham sempre foi território exclusivo do morcego e ele sempre trabalhava sozinho, todos respeitavam isso, o que a fazia pensar que a situação era realmente séria. 

A visão da Mulher Maravilha sobrevoando Gotham City era rara, os olhares fascinados abaixo eram notáveis e incômodos. Diana conseguia contar nos dedos as vezes que visitou a cidade, todas eram em missões da Liga onde a ameaça ultrapassava a alçada do morcego, como a vez em que o Coringa convocou a Legião do Mal para roubar uma remessa rara de promécio que chegaria no porto. Segundo ele, o elemento permitiria criar uma versão do gás do riso tão potente que faria até mesmo o Superman rir como uma criança no circo. Apenas a ideia de ver Clark preso em uma risada maníaca foi o suficiente para fazer Lex Luthor reunir toda sua trupe de psicopatas e ceder aos desejos mais doentios do Palhaço do Crime. Até mesmo Cheetah resolveu marcar presença, ela e Diana se atracaram por todo o cais da cidade naquele dia. No final, a única risada que Gotham escutou foi a do Coringa atrás das celas do Asilo Arkham.

Já era o décimo prédio com vestígios da gangue, dessa vez um das Indústrias Kord. Diana os observava de cima conforme Alfred balbuciava no ponto de comunicação, seu sotaque britânico e cordialidade mesclavam impecavelmente:

De acordo com as informações do Comissário Gordon, esse seria o último, Senhorita Prince. Patrão Bruce acaba de descobrir a localização do Máscara Negra e está a caminho para apreendê-lo. Uma cela aconchegante aguarda o Sr Sionis e seus homens em Blackgate.

Diana esboçou um sorriso discreto, o dócil mordomo de Bruce a lembrava de um amor perdido:

— Ótimo! Volto a falar com você em um minuto, Alfred.

Analisando a quadrilha no terraço do edifício, contou seis deles no total, enquanto apenas cinco estavam armados e de guarda, um plantava a bomba.

Foi quando mergulhou como um foguete, dando uma rasteira nas pernas de dois homens robustos que estavam lado a lado. Suas armas caíram direto ao chão, chamando atenção dos outros. Logo, em um piscar de olhos, todas as armas apontavam para a Mulher Maravilha, ela viu o brilho no olhar dos homens quando puxaram o gatilho e um rojão de balas disparou em sua direção, eles sempre se sentiam seguros por trás de suas armas. A luz momentânea se extinguiu mais rápido que um raio quando notaram todos os cartuchos de bala espalhados e os braceletes da Mulher Maravilha refletindo o luar.

Conforme recuavam boquiabertos, ela retomou sua postura, estalou o pescoço e exclamou com a calma de uma guerreira:

— Certo, garotos. Agora é minha vez!

Rapidamente, Diana avançou como um relâmpago e em menos de três segundos dois deles estavam atirados no chão do outro lado do terraço, enquanto o guarda restante observava assustado e o que armava a bomba engatinhava para longe, aterrorizado. A princesa se reduziu a desprender sua tiara de seus cabelos, que esvoaçavam no vento quente de Gotham, e arremessou diretamente na nuca do bandido a sua frente, nocauteando-o e refletindo o acessório imediatamente de volta a ela. Implorando por sua vida, o armador da bomba chorava e corria pra todos os cantos do terraço. Diana retirou seu laço da cintura, seu brilho divino emanava por toda a noite de Gotham, que por um momento a fez lembrar de casa:

Mulher Maravilha - Verdades SangrentasWhere stories live. Discover now