— Talvez. Mas você não vai vazar agora, né?
Eu nego com a cabeça, sem saber direito se isso quer dizer que vou ficar ou que estou indo embora. JJ parece escolher a resposta que prefere, porque só assente com a cabeça enquanto solta a fumaça em formas circulares.
— Então, pô, se tu não precisa ir embora agora, dá tempo da gente ficar mais sóbrio.
Algo dentro de mim gosta de fato que sua resposta favorita é a que eu continue aqui, apesar de sermos a única companhia um do outro. O loiro me passa o baseado de novo, e dessa vez eu sorrio divertida quando aceito, olhando o pequeno cigarro aceso com desconfiança.
— Acho que pra ficar sóbrio, vamos ter que parar de fumar o quanto antes.
Só para consolidar a ironia, eu trago outra vezes.
Não sei se foi a minha fala ou eu ter fumado em seguida, mas JJ ri como se eu tivesse falado algo muito engraçado. Acho que a onda está começando a bater para mim também, porque não consigo parar de focar nos olhos quase fechados e na covinha tão funda que parece que cabe uma bolinha de gude.
Okay, que mentirosa. Como se eu precisasse de alguma droga para ficar completamente hipnotizada por ele.
— Maybank? — Eu chamo.
As orbes azuis se viram para mim, mostrando que o menino me dá toda a sua atenção. Isso faz algo em meu estômago se agitar. Eu me forço a continuar falando mesmo assim:
— Ainda me odeia?
Ele revira os olhos, soltando uma risada que quase diz "isso é sério?". Não sei se isso é algo bom ou ruim, então mordo o lábio inferior. Felizmente, a maconha e a bebida acalmam meus nervos de algum jeito, e JJ não me tortura por muito tempo.
— Nunca te odiei, Kiara.
Ele se estica e rouba o baseado, que já queimava sozinho, da minha mão, tragando como se precisasse disso para esta conversa. Não que eu pretenda continuar o assunto por muito tempo.
Bom, eu não pretendia continuar quando perguntei. Minha intenção era chamá-lo para a sala de John B, assistir qualquer filme de natal comigo. Mas, depois dessa resposta, acho que quero saber mais.
JJ deve perceber minha curiosidade silenciosa, ou só precisa botar o sentimento para fora, porque ele continua sem que eu responda:
— Eu só, sei lá, cara. Odiei quando foi embora. Mas... não odiava você.
Ele traz seus olhos até os meus de novo, como se quisesse assistir a minha reação. Não foi das melhores. Eu só assinto com a cabeça, murmurando um:
— Eu entendo.
Foi a resposta errada. Eu sabia disso antes mesmo de falar. Sei que é uma conversa difícil para ele, e que é mais difícil ainda falar sobre como se sente, e o loiro provavelmente espera que eu faça o mesmo.
Mas ele só nega e murmura um palavrão.
— Não entende. Porra. Eu fiquei puto quando descobri que tinha ido embora. Mais puto ainda por ter esperado uma mensagem sua depois disso e tudo piorou quando nunca recebi.
Ele para e traga de novo. Estou prestes a roubar o baseado de sua mão, porque essa conversa definitivamente é mais difícil do que eu imaginava para mim também.
— E ainda assim não me odiou?
Tem um sorriso resignado em seu rosto quando ele responde.
— É, não odiei. Mas senti muita raiva.
Agora eu sorrio, como se sua raiva fosse algo bom e não algo que eu devesse querer manter longe de mim com todas as minhas forças.
Eu me levanto e paro na frente da rede, esticando a mão para o ajudar a se levantar. Não que ele precise, mas só para deixar claro minha intenção. E só então respondo:
— Uma parte muito egoísta de mim prefere que tenha sentido raiva, do que se esquecido de mim.
Sua resposta é rápida.
— Uma parte muito egoísta de mim espera que você tenha sentido muito a minha falta.
— Eu senti. Todos os dias. Às vezes, Rafe tinha que me botar para dormir igual criança porque eu não conseguia parar de chorar.
O sorriso que se abriu em seu rosto não me surpreendeu nenhum pouco. Na verdade, acho que contei isso exatamente para tirar essa reação dele. E deu certo, o que só prova o que já pontuei várias vezes hoje: não mudamos nada. Ainda somos um casal completamente egoísta e meio esquisito, mas que se entende muito bem. E eu amo isso.
Não que sejamos um casal, é claro.
— Ótimo.
Eu continuo parada com a mão estendida e, só então, ele encara minhas unhas pintadas com a sobrancelha arqueada. Não espero por uma pergunta sua antes de explicar o que quero.
— Assiste um filme comigo.
Ele faz uma careta.
— De Natal?
Não preciso nem concordar porque tenho certeza que tudo em minha expressão já me entrega. JJ parece odiar a ideia com tudo de si. Mas, ainda assim, ele segura minha mão, joga a bituca do baseado no chão e o apaga com o pé antes de se levantar.
Nenhum dos dois faz menção de desentrelaçar as mãos no curto caminho até dentro do Castelo outra vez. E permanecemos em silêncio, fingindo que essa aproximação repentina não é nada além de normal, enquanto eu pego o controle e tento escolher um entre todos os filmes de natal que eu amo.
É só quando o filme está prestes a começar que sinto o olhar de JJ sobre mim de novo. Eu o olho de volta, querendo saber se ele tem algo para falar ou só está estranhando a situação. Acerto na primeira opção.
— Não vamos nos entender até que me conte o porque foi, tu tá ligada, né?
Eu assinto com a cabeça.
— Eu vou contar. Outro dia.
JJ parece pensar por alguns segundos, como se quisesse falar algo. Mas só concorda e passa a língua nos lábios antes de olhar para a tela da TV.
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Christmas wishes and Mistletoe kisses
FanfictionKiara não perderia outro Natal em Outer Banks por nada nesse mundo, mesmo que pra isso tenha que voltar do continente, passar as festas de fim de ano sozinha e reencontrar seu amor mal resolvido, JJ Maybank. au no twitter por @aboutmaybank #2 em jia...
Capítulo 32 - narração
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