★ Prólogo ★

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Silverbook's, September, 18, 6 anos depois...

Jully Preston...

Há exato seis anos, aconteceu uma das piores tragédias que eu poderia imaginar. E até hoje, não consigo retornar para aquele lugar, mesmo que a minha sogra ainda viva lá, é complicado voltar para onde a minha irmã e meu sogro morreu. Eles morreram para que a gente sobrevivesse e matasse aquela mejera.

Pelo menos, honramos a morte deles, visto que destruímos os relógios e matamos ela. Só que, estou com 24 anos hoje e ainda me sinto sufocada, acordo assustada e durmo preocupada, sempre pronta para ela retornar e me matar.

Digo que não sou a única nessas condições. Soube que a Megan aprendeu magia para proteger o filho e o Malloy está sempre observando e esperando o pior. A Zara vive em New Orleans agora e sempre me liga perturbada lembrando de tudo que aconteceu, conversamos até ela adormecer – lá para às cinco da manhã – mas, me sinto bem em ajudar ela dessa forma.

O Felipe se mudou para a Itália ano passado e pela a nossa última conversa, alguns meses atrás, ele ainda se culpa pela a morte da Kathryn. É difícil ele aceitar que ela morreu por amor. Já seu primo Gabriel, depois da ilusão amorosa, se dedicou aos estudos e agora é um grande empresário. O Leon e o Collin se mudaram para New York uma semana depois do ocorrido e nunca mais tivemos notícias deles.

Já eu, me casei com Jack Owen, vulgo, a melhor pessoa que o destino poderia me dar. Nos julgam por termos casados com 18 anos, mas, se existe amor e conexão, para quê esperar?; Juntos formamos uma família, mesmo que o terceiro membro só nasça no próximo ano.

Mesmo com os acontecimentos rondando a minha cabeça, eu consegui concluir o ensino médio e me formar em Psicologia. Digo que a faculdade foi a melhor anestesia para a minha alma, já que lá conheci a minha melhor amiga.

Aurora, esse é o seu precioso nome. E mesmo cursando cursos diferentes, descobrimos que tínhamos muito em comum. Quem diria que coisas estranhas  acontecem em qualquer lugar!

Ela ficou impressionada com tudo que eu passei e enfrentei. Mas, tudo que ela me contou sobre seu avô, fez a minha mente transbordar de pavor.

Vê magia e falácias infantis se tornar realidade, acaba por ser muito apavorante. Só que ter coragem para enfrentar tudo, é impressionante.

– Jully? Ainda está aí? - perguntou uma doce voz no telefone que ainda estava em meu ouvido

– Sim, sim - ri - Acabei me distraindo! O que dizia, Aurora? - falei voltando toda a minha atenção a ela

– Dizia que já estou chegando em Silverbook's... - riu - Não me diga que esqueceu do convite que me fez?

– Claro que não! - ri - Nunca poderia esquecer que chamei minha melhor amiga para conhecer minhas origens.

– Mas, pode esquecer da carona que me ofereceu! - disse e logo tive um sobressalto da poltrona da minha salinha de leitura - Espero que já esteja a caminho

– Claro que já estou! - menti e ouvi a mesma rir

– Você não sabe mentir!

– Claro que sei! - dei uma risada nervosa

– Só venha me buscar, já estou próxima da estação de ônibus.

– Saindo agora! - falei com animação - Tenha cuidado com os relógios jogados por aí - ela riu

– Tenha cuidado com o bicho papão! - eu ri e desliguei

Essa era a nossa forma de dizer: Tchau amiga, Eu te amo!; Pode parecer bobo, mas, é uma demonstração bonita e estranha de amor.

Sai da minha salinha de leitura e fui atrás do Jack – por causa da gravidez e do meu estresse no trânsito, fui proibida de dirigir até o nascimento do bebê –, ele estava em seu escritório escrevendo seu novo livro e assim que me viu entrar, abriu o sorriso que me faz perder todas as estruturas.

– Temos que buscar a Aurora... - disse me aproximando do mesmo, ele permanecia com o sorriso

– Só se eu ganhar um beijo! - me deu um olhar malicioso e se levantou, eu apenas revirei os olhos

Você e seu tio são iguais. - ele riu e me puxou para perto do seu corpo, de uma forma cuidadosa para não machucar minha barriga de quatro meses.

– Com quem você acha que aprendi ser assim? - piscou para mim - Apenas um beijo... Por favor - fez uma cara de cachorro pidão

– Tá bom! Mas, terá que ser rápido... - olhei para a rua através da janela - Eu não estou com um bom pressentimento

– Nem eu... - suspirou pesadamente - Eu senti aquele vento novamente. Será que... - o interrompi

– Não, Jack! Se ela ainda estivesse viva, já teria nos atacado. - ele concordou e beijou minha testa

– Melhor irmos... Não é bom deixar a Aurora esperando. - ele sorriu e eu apenas assenti com um peso preenchendo o meu coração.

Saímos do escritório de mãos dadas e fomos diretamente para a saída. Ao passarmos pelo hall de entrada para pegar a chave do carro, uma força me fez paralisar. Quando percebi, minha mão estava suspensa no ar e eu estava completamente sozinha.

Tentei sair daquela ilusão, mas os meus pés não se mexiam. Pensei em gritar, mas senti no fundo da minha alma que não adiantaria muita coisa. Então, foi quando aconteceu o que eu mais temia.

Aquela voz que me perseguiu por meses, tinha retornado e pelo seu tom agresivo, significava que tínhamos algo inacabado.

– Sentiu a minha falta, Jully?

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