Capítulo 12 - narração

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   Eu estava. Me arrependi assim que finalizei a matrícula em Duke. Mas eu tinha feito uma escolha, e tinha escolhido fazer o que parecia certo e era tarde demais para voltar atrás e dizer a todos que eu não queria ficar longe porque eles eram a minha casa.

   Meu Deus, ainda é tarde demais. Então que porra eu estou fazendo aqui?

   Eu puxo o ar com mais força agora, porque repentinamente parece que a quantidade de oxigênio caiu tanto que meus pulmões ardem.

   Merda. Eu devia estar aproveitando meus amigos, mas invés disso estou sozinha na cozinha surtando.

   — Kie?

   Okay, aparentemente não tão sozinha. É Cleo quem entra e me encara com as sobrancelhas franzidas. Eu tenho que buscar fôlego para fingir que nada aconteceu e, para ajudar, vou até a geladeira e pego uma cerveja.

   — Oi. Pensei que ainda tinha bebida.

   Ela estende a mão, mostrando sua garrafa ainda pela metade, e então se aproxima.

   — Então... — ela começa, apoiando as costas na parede para poder me olhar — Um ano. É bastante tempo.

     Eu respiro fundo e assinto com a cabeça. Aproveito também que ela claramente quer conversar algo para abrir a garrafa e beber um gole da cerveja.

   — É, eu sei.

   Ela revira os olhos e bufa e, se não fosse uma situação aparentemente séria, eu juro que poderia rir porque isso é completamente ela. Cleo tem esse jeitão "direto ao ponto" e sem tempo para gracinhas que nunca a permite ter um problema não resolvido com alguém por muito tempo.

   — Qual foi, Kie. Você sumiu e, honestamente, eu entendo você não querer falar com JJ quando teve noção da merda que fez e tudo mais. Mas Pope e eu? Não foi por nós que você fugiu.

   Eu contenho meu ímpeto de interrompê-la e dizer que eu não fugi mordendo o lábio inferior. Seria uma perda de tempo e saliva falar isso porque tenho plena consciência de que ela não acreditaria. 

   Ao invés disso, eu só respiro fundo.

   — Olha, Cléo, é complicado.

   Ela revira os olhos.

   — Ah, já reparei, é muito complicado — ela se desencosta da parede e chega mais perto de mim, mas não de um jeito intimidador — É sério, Kiara, por que se afastou?

   Eu sei a resposta dessa pergunta. Já pensei nela tantas vezes, e já a respondi o dobro para Rafe enquanto ele me abraçava nos dias que eu mais sentia falta deles.

   Porque eu fui embora sem me despedir. Porque eu fiz isso sabendo que magoaria todo mundo e eles deveriam me odiar. Estariam certos se não quisessem me ver até hoje. E, naquela época, eu estava com um medo do caralho de que eles estivessem percebido que realmente ficam melhores sem mim.

   Além de tudo, fiz isso porque achei que fosse o melhor para o JJ. E era injusto voltar atrás.

   Mas eu não falei isso. Eu fiquei quieta e respirei fundo de novo. Por tempo o suficiente para que Cléo bufasse irritada e revirasse os olhos uma outra vez.

  — Sem resposta. Ótimo — ela se vira para ir embora, mas não antes que eu escute ela resmungar, mais para si mesma do que para mim — JJ estava certo mesmo.

   Eu respiro fundo, me apressando para alcançar ela, onde paro na sua frente. Ela me encara com uma sobrancelha arqueada e bebe um gole da cerveja como se esperasse impacientemente por algo útil sair da minha boca.

   — Não, olha... — eu respiro fundo — Eu só não sabia como voltar. Achei que fosse o melhor para... enfim, para todo mundo. Seria uma puta hipocrisia desistir da ideia de deixar ele melhor.

   A expressão da menina à minha frente suaviza um pouco, apesar de permanecer com um brilho que eu não reconheço no olhar.

   — "Ele"? — ela pergunta — Fez aquela merda achando que seria algo bom? Tipo, é o que você usa para se convencer ou realmente tem algum fundo de verdade nisso?

   Eu não deveria precisar pensar outra vez porque já me perguntei o mesmo várias vezes. Mas agora eu estou perto de todos de novo, e pude sentir o cheiro de JJ assim que entrei na casa, o que significa que, apesar de não estar agora, ele ainda passa muito tempo aqui.

   Isso definitivamente responde, então assinto com a cabeça. 

   — Eu não era a coisa que ele mais precisava.

   Não sei se Cléo entende o que eu quis dizer ou não, mas ela olha para o grupinho sentado ao redor da rede e assente com a cabeça. Parece o suficiente para mim.

   Sem me aguentar e antes de podermos finalmente voltar lá para fora, eu respiro fundo e pergunto:

   — Ele sabe que estou aqui hoje? É por isso que não está?

   A menina assente com a cabeça e eu respiro fundo antes de morder o lábio inferior. Tudo bem, eu já imaginava que isso ia acontecer e, honestamente, ele está no direito dele.

   Só espero ter alguma chance de vê-lo antes de voltar.

Christmas wishes and Mistletoe kissesWhere stories live. Discover now