OS FILHOS DAS ÁRVORES

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Buscando salvar a própria vida ele corria desesperadamente, como se as suas costas estivesse a temível senhora do mundo inferior, conhecida como a Ceifadora, portando sua foice pronta para colher a alma do pobre Filho das Árvores, mas, infelizmente, não era tal entidade que o perseguia. Em seu encalço estavam seres cruéis, que poderiam lhe dar um destino muito pior que a morte, conhecidos como Aves de Batalha.

Enquanto contornava os obstáculos em seu caminho, ele olhou para trás, fraquejou, esperava ver seus perseguidores distantes, mas, quando virou-se de volta, tropeçou nos detritos da torre vigia, que agora jazia em escombros após o ataque noturno das tropas das Aves. O jovem caiu, rolando pelo chão de terra sujo de cinzas e sangue.

O jovem parrou de rolar a beira de uma tenda queimada, ainda com brasas brilhando sobre o carvão. O vacilo do jovem Doul deu a oportunidade das Aves de Batalha o alcançar. Com seus fuzis de prata, as Aves ovacionaram o jovem Filho das Árvores, que ainda tinha as folhas da cabeça verdes, devido à pouca idade. Os soldados viram naquele espécime, um excelente biótipo para se tornar um servo, jovem o bastante para aprender seus costumes sem muito atrito e com uma longa vida a poder prestar-lhe serviços, uma das maiores riquezas que os povos de penas encontraram naquele continente.

Doul ergueu as mãos em clemencia, estava com a pele de madeira toda suja com as cinzas de seu refúgio, que havia sido alvo do ataque das tropas reais durante a noite. O refúgio, chamado de Frutosal, é um local pronto para a batalha, mas, naquele ataque, eles sucumbiram as balas de prata das Aves, em um ataque incessante até o amanhecer.

Entre os gritos de desespero do jovem, a voz autoritária das Aves antecipava que aquele dialogo terminaria em disparos.

Os membros da raça das Aves Reais, apesar de descendentes diretas das aves selvagens, pássaros que voam sobre as florestas, não possuíam assas, apenas penas nos lugares dos pelos e cabelos, sendo assim, não voavam, mas, quando um dos soldados subiu aos céus tão rápido quanto um cometa em direção ao sol, todos ficaram chocados. Doul por um momento cogitou que o soldado estava voando, mas seus gritos de desespero e o modo como havia sido arremessado, demonstravam que aquele ato, não havia sido intencional.

A mesma força que se livrou de um dos soldados, jogando-o para os céus, também entortou o fuzil de outro e esmagou o crânio do terceiro com um poderoso soco.

Doul assistiu, tão chocado quanto aliviado, ao ver que o autor de tais façanhas era um Filho. Ele jamais havia visto tamanha força em um ser vivo, até cogitou que fosse um deus, mas as roupas e as joias que o seu salvador carregavam eram de um guerreiro bastante conhecido entre as histórias contadas pelos anciões, alguém que vinha fazendo a diferença na batalha contra as Aves, o chamado de o Guerreiro das Raízes.

Rapidamente, os soldados que ameaçavam a vida daquele jovem, foram reduzidos a corpos sem vida, perante a força do grande Vartico, utilizando os poderes místicos que suas joias lhe concediam.

Doul sabe que ele não era um dos refugiados que ali morava, e, até aquele momento, o jovem não havia visto tal herói naquela batalha, que se seguia desde a noite anterior, portanto, considerou sua aparição, como uma intervenção divina, como se os Deuses da Terra houvesse atendido suas preces e enviado um salvador.

O Filho das Arvores, de força incomum, mesmo tendo encerrado a vida de todos os inimigos a sua volta, continuava em frenesi, devido a tamanha energia que suas joias lhe concediam para enfrentar a força inimiga. Com seu coração pulsando de adrenalina, o guerreiro parecia louco e incontrolável, aproximando-se de ameaçar o jovem que acabara de salvar.

Tomado pela vontade de lutar, cego de fúria, Vartico sente a presença de Doul, mas não o vê, imediatamente ele ergue os punhos acima da cabeça, para matar, assim como havia feito com as Aves Reais, quem estava em seu alcance, mas, os Deuses da Terra tinham outros planos para Doul, dando-lhe mais uma oportunidade de viver.

A SEMENTE DO DESTINO e outros contosWhere stories live. Discover now