25- O Sexo dos anjos

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Pov'Marcia

Não sei por que ainda ficava frustrada ao passar a mão pela cama e perceber que Inês não estava lá. Sempre foi assim na maioria das vezes. Acordava cedo demais, dormia tarde demais. Mesmo assim era sempre maravilhoso acordar no meio da noite e sentir os braços fortes dela à minha volta.

Mas eu ainda não tinha matado toda a minha saudade. Inês havia voltado para casa ontem... pouco tempo para quem ficou quase um mês fora. Meus sentidos foram alertados pelo cheiro. Eu estava ficando boa nisso. Abri meus olhos e a vi parada, acabando de vestir a camisa. Os cabelos ainda molhados brilhavam feito pequenos diamantes.

Provavelmente sentindo que era observada, ela se virou e encontrou meu olhar.

—Bom dia.

—Bom dia, Inês.

—Precisa se levantar e comer alguma coisa. Já falei que está relapsa demais com sua alimentação, Marcia. Aliás... já liguei para Natacha. Hoie a tarde iremos lá.

—Mas ainda não está na época.

—Eu sei, mas você passou por muita coisa nos últimos dias. É melhor dar uma olhada.

—Mas precisa acordar tão cedo?

—Cedo, Marcia? Já são dez da manhã Abri a boca, mais revoltada que tudo.

Fiquei esse tempo todo na cama com Inês e fiquei dormindo? Que perda de tempo. Inês entretanto, olhava-me debochadamente.

—Precisa dormir bem também, mas agora é melhor se levantar. Temos visita.

—Visita? Quem é? poucos amigos. ela fez cara de

—Meus pais — ri alto. Provavelmente teriam vindo dar uma bronca nela por ter saído daquele jeito do hospital.

Não que isso fosse fazer alguma diferença. Inês nunca teve medo de cara feia. Pelo contrário, parecia que ela se divertia com isso. Levantei-me da cama e minhas pernas bambearam ao ver seu olhar em chamas pelo meu corpo nu. Dessa vez seus olhos concentraram-se em meu ventre, já modificado pela gravidez. Não teceu nenhum comentário, mas o brilho em seus olhos entregava sua emoção pelos bebês.

—Vá logo ou acabaremos atrasadas para a consulta —Obedeci sem pestanejar. Tomei um banho morno e rápido. Peguei uma blusa azul e uma calça. Mas gemi de frustração ao vesti-la.

—Merda...

—O que foi, Marcia ?

-—Não serve. Estou gorda—Inês revirou os olhos e tirou a peça da minha mão.

—Está grávida, Inês. Nada de gorda aqui. Vista algo mais solto... —ela foi até o closet e voltou com um vestido claro e florido nas mãos —Você fica perfeita nele —Olhei pra ela desconfiada.

Talvez Inês estivesse apenas tentando fazer com que eu não me demorasse tanto. Obviamente ela percebeu.

—Já menti pra você alguma vez?

—Nunca.

—Então pare de frescura e vista logo esse vestido.

—Cavala— resmungo, a maldita riu.

—Já estava sentindo falta desses apelidos carinhosos —Segurei meu riso.

Podia até ser loucura, mas eu amava essas mudanças de humor dela. Era um charme à parte. E seus rompantes de carinho então? Mais uma vez Inês me pegou completamente de surpresa ao pegar a escova e pentear meus cabelos. Estava posicionada atrás de mim, até fiquei estática.

—Amo seus cabelos — Engoli em seco encarando seus olhos pelo espelho.

Como era possível alguém amar tanto uma pessoa que chegava a ponto de se esquecer de si mesma? Era exatamente isso o que acontecia comigo.

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