Capítulo 7

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6 anos depois

Harry

Depois da faculdade eu estava de volta a minha pequena cidade, era ótimo colocar os pés areia e sentir o vento gelado em meu rosto. Eu sentia falta do cheiro do sal, do som das ondas batendo. Eu passei 4 anos em Nova York depois do ensino médio. Fui a festas, conheci muitos pessoas, transei com vários caras, fiz amigos, vivi muito. Mas nada pagava a tranquilidade de morar na praia, eu era um escritor agora, formado em Literatura inglesa pela NYU. Tinha um livro publicado e um em andamento.

- Hey mate. - Viro para trás encontrando Niall parado, meu melhor amigo agora tinha quase todo o cabelo castanho, estava mais alto, forte mas com os mesmos olhos azuis. Ele vestia uma bermuda jeans e um moletom preto.

- Ni! - Eu o abraço com força, sentindo seu cheiro e lembrando como senti falta do meu melhor amigo. Ele ficou e eu fui fazer faculdade, nos falávamos pelo telefone sempre e eu tinha um celular e agora usava as redes sociais. - Como senti sua falta sua gazela.. castanha?

Ele da uma risada alta que me aquece por dentro, ele e Josh tinham terminado a 4 anos. Meu primo foi estudar na França e Niall era jogador, ele viajava muito e ficou inviável, eles continuaram amigos e provavelmente apaixonados, mas a vida é assim, feita de desencontros.

O ex-loiro estava de férias e veio visitar sua família, eu tinha voltado já faziam 3 meses.

- Você sabe dos Ziam? - Eu pergunto dos nossos amigos.

- Liam tem um quiosque no ponto alto da praia e Zayn é tatuador. Eles estão noivos. - Eu amava Liam e Zayn, até nos falamos algumas vezes mas quando ele foi embora, tudo despencou, a única coisa que eu queria era ir embora daqui, aonde eu estava cercado de lembranças. - A casa dele foi vendida e reformada, ta parecendo nova.

Não falávamos o seu nome, eu sei que depois que o amor da minha vida foi embora, não doeu só em mim. Foi triste pra todos nós, não tínhamos celular e as redes sociais não eram como hoje. Eu vou mentir se dizer que não procurei seu perfil no Facebook logo quando ele ficou popular, eu procurei mais de uma vez. Mas nunca achei, às vezes achava que o que vivemos tinha sido um sonho muito bem.

A única coisa que me garantia que sua presença não foi um delírio coletivo era o colar pesando em meu pescoço. Eu nunca tirei. Nunca tiraria. Os poucos que sabiam da história me chamavam de louco, estar apaixonado por um garoto que nunca mais vai voltar. Mas ele era o meu Boo, como eu poderia esquecer?

Mesmo se passasse minha vida inteira sem encontrá-lo, eu me lembraria dele. Nenhum beijo, sexo, toque, cheiro ou aparência puderam superar Louis. Eu tentei mil vezes sentir a paixão, o fogo, a intensidade, mas nada chegou perto de poder ser comparado.

- Talvez algum ricasso comprou para poder ter uma casa de veraneio. - Disse dando de ombros e voltando o sorriso para o meu rosto. - Vamos jantar com os garotos essa semana, quero vê-los.

Niall concorda e nos despedimos, eu tinha um pequeno apartamento em um dos únicos prédios da cidade, era um ovo mas era meu. Eu não queria voltar para casa da minha mãe, meu livro ia bem na publicação e eu também trabalhava como editor, o que me permitia morar aonde eu quisesse. As maravilhas do mundo moderno.

Eu volto para casa e entro no meu mini apartamento, sendo recebido por miadinhos.

- Hey meu amor, como você está? - Snow era uma pequena gatinha branca de 6 meses, ela tinha lindos olhos azuis, claro que isso não foi um detalhe importante quando a adotei, claro que não.

Eu me sento a minha mesa e começo a trabalhar, nem só de praia se vive este homem, meu primeiro livro tinha muitos momentos que vive com ele, coisas que partilhamos, então sempre me perco nas palavras e em meus personagens.

——————

Dois dias depois estou a caminho de uma festa na praia para encontrar os garotos, a sensação de deja vu não me abandona mas eu sigo.

Estou vestindo skinny jeans pretos com rasgos no joelho e uma camisa rosa com bolinhas brancas, meu cabelo chegava até a altura das orelhas e meus cachinhos se enrolavam nas pontas.

(Prince hair sim!)

Eu usava os três botões da camisa abertos e todas as minhas tatuagens amostra. O coração em meu braço estava ali, sempre foi minha favorita. Eu encontro eles no estacionamento. Niall está conversando com uma garota perto da sua agora nova caminhonete.

Zayn está ainda mais lindo, os cabelos estão compridos em sua nuca e um topete em sua cabeça, ele parece o Flynn Rider de enrolados, veste uma camisa azul marinho e calças jeans pretas. Liam agora tem o cabelo comprido mas seus olhos castanhos continuam reconfortantes. Eles me olham com sorrisos gigantescos.

- Hazz! Meu deus como você está lindo e tão alto! - Liam diz me abraçando forte, ele é todo bombado.

- Você está forte, Li! Que saudade - Eu digo com carinho.

- Harry! Meu deus amei o cabelo, você esta deslumbrante. - ele diz me abraçando.

- Você está perfeito, Z. Maravilhoso.

Eu sento na parte de trás da caminhonete, tudo é tão parecido com a primeira noite que beijei Louis que fico assustado, só faltava Josh aparecer e como se falar atraísse eu escuto uma voz.

- Ei priminho, achou que eu não vinha? - ele diz passando o braço por meus ombros. Eu o abraço com força, nos vimos poucas vezes depois que ele se mudou.

- Seu desgraçado! - Eu digo para Niall. - Você sabia que ele estava aqui e eu não?

Niall da um sorriso safado e Josh o abraça.

- Ah priminho, estamos solteiros e ficamos anos separados, sabe como é. - eu lhe mostro o dedo do meio mas sorrio para os dois.

Zayn fala sobre seu estúdio de tatuagem e eu marco um horário com ele para fazer alguns desenhos novos. Estar com eles traz a tona um Harry que ninguém de Nova York conheceu. O Harry que eu abandonei quando vi Louis ir embora naquele carro. Nós bebemos, conversamos, dançamos e eu estava ali, me sentia feliz de os reencontrar.

Depois de algum par de horas quando o sol já tinha ido embora, eu disse que ia ao banheiro. Ter voltado era viver de lembranças e eu as perseguia, então andei até as pedras. O lugar que beijei Louis pela primeira vez, onde tudo de fato começou, onde nós vivíamos voltando para ver o luar. Eu me sento em nossa pedra e vejo a lua alta no céu, o brilho refletido na água e me lembro, só existe um céu, uma lua. Me pergunto como Louis estaria hoje, será que gostaria da minha aparência hoje?

Eu me sentia meio idiota por achar que um dia o reencontraria, já faziam 6 anos, não estava na hora de superar? Que tipo de gente vive seis anos separados e se reencontram?

Quando eu fui para Nova York, eu era outro Harry. Eu bebia muito, ia para todas as festas, perdi as contas de com quantos caras me deitei, eu estava tão quebrado e revoltado quando sai daqui. O último ano foi uma merda e o ano que passei aqui para entrar na faculdade foi ainda pior, eu brigava com meus pais, fumava maconha até esquecer meu nome e afastei os garotos.

Então na faculdade eu tinha todas aquelas pessoas e eu andava entre elas como se um dia fosse pertencer aquilo, o que claramente nunca aconteceu. No último ano da faculdade comecei a fazer terapia, eu tinha um trauma, eu tinha saudades em meu peito, mas aprendi a me amar, a ser sozinho e a ser suficiente para mim mesmo, então as festas acabaram, eu publiquei meu primeiro livro, virei editor e voltei para cá, sem ressentimentos ou raiva, apenas a espera. Acredito que a questão toda é que não quero ser sozinho, quero que me transbordem, que me acolham, ter alguém ao seu lado não significa que você deixa de se amar e sim que aquele amor transborda você.

Foi por isso que nunca esqueci Louis, eu era completo antes dele chegar, ele me transbordou, ele me tratou como seu garoto, como seu bem precioso, isso nunca mais aconteceu. Eu olho a lua e peço, peço que ela me traga ele de volta se for para ser. E como uma obra do destino, assim que termino meu pedido e estou descendo da pedra sinto meu pé escorregar, então sinto uma mão em minha cintura e a minha voz favorita no mundo soar atrás de mim.

- Wow Atlantis! vai com calma.

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