51. Covil de Ladrões

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[Arco 4: No Ministério da Justiça]


Ele acordou em meio ao som de uma disputa.

Depois de recuperar gradualmente a consciência, ele descobriu que seus braços e pernas haviam sido amarrados, suas costas estavam contra uma parede dura e seus olhos estavam vendados. Duas pessoas na frente dele pareciam estar conversando em vozes baixas.

"Você não vai mata-lo lá fora?" Uma voz áspera perguntou. "Por que ainda se deu o trabalho de trazê-lo para dentro?"

"Liu Grandão, seu idiota!" Outra mais baixa respondeu. "Você não ouviu o que o Pequeno Seis disse? Ele induziu aqueles caras a subirem a montanha, mas teve que abrir mão de dois dedos e ainda levou uma apunhalada para malmente conseguir fazê-los acreditar nele. Se não encontrarem ninguém, eles definitivamente voltarão, e quando encontrarem esse cara morto lá fora, eles podem suspeitar e encontrar esse lugar também. Estamos apenas tentando ganhar tempo, não atrair tropas para nos perseguir!"

"Isso é tudo culpa do Aleijado Luo," Liu Grandão disse desanimado. "Se ele tivesse verificado direito a origem daqueles moleques antes de pegá-los, não estaríamos numa confusão dessas!"

"Mas não dá para culpá-lo." O outro também estava desanimado. "Pirralhos ficam andando por aí sem nenhuma etiqueta presa neles, então quem vai saber de quem são as crianças? Para fazer coisas assim, você precisa de olhos afiados, mãos ligeiras e decisões rápidas. Ele viu que elas estavam bem vestidas e eram bonitas, então as capturou. Ele não estava errado ao fazer isso..."

"O que fazemos agora, então? A Guarda Brocado e o Quartel Ocidental nos seguiram até aqui. Devemos mandá-las de volta?"

"Pela insinuação do segundo comandante, ele parece ter dito para não fazer isso. Um erro é apenas um erro. Aqueles diabretes vão ser transportados para serem vendidos no Sul, e sempre tem alguém disposto a pagar um preço alto por eles. Se os mandarmos de volta agora, as garras daqueles gaviões da Corte podem nos empurrar para sermos os bodes expiatórios! He he... e você não viu as mercadorias que pegamos dessa vez? Aquela carne macia vai nos garantir pelo menos cem taéis de prata por cabeça. Aquelas duas são especialmente bonitas, então talvez elas sejam vendidas por algumas centenas! Quando isso acontecer, todo mundo vai receber uma pequena porcentagem do valor!"

"Cinco taéis?"

O homem escarneceu. "Será que dá pra ser mais ambicioso? Adicione um zero depois disso!"

Liu Grandão arfou de surpresa.

Que conceito eram cinquenta taéis! O próprio salário inicial de Tang Fan nem chegava nessa quantia. Sem sombra de dúvida, oficiais Ming sofriam bastante; desde os Conselheiros até os oficiais insignificantes, o pagamento de todos era baixo, caso contrário, ele mesmo não precisaria escrever romances para complementar sua renda. Cinquenta taéis não era uma quantia pequena para um cidadão comum tampouco, já que uma família de cinco só precisava de aproximadamente trinta por ano. Um preço de resgate de algumas centenas de taéis, como o de Feng Qingzi, era algo com o que apenas ricos poderiam arcar e, mesmo assim, muitas pessoas tinham corrido como patos para rodeá-la. Esse era obviamente uma indústria altamente lucrativa e indicava que aqueles realmente abastados ainda eram numerosos.

Portanto, não era de surpreender que aquele diante dele assumisse um risco tão severo pelo 'alto retorno' de cinquenta taéis.

Ouvindo a descrição dele, Grande Liu pareceu visualizar aquela prata cintilante e começou a rir com desejo infinito. "Irmão Xin, você terá que guiar seu irmão mais novo aqui! Tudo o que fiz na Gangue da Zona Sul antes disso foram alguns trabalhinhos não convencionais, mas como posso cair nas graças do segundo comandante desse jeito? Você sempre foi subordinado dele, então vou seguir qualquer coisa que você me disser para fazer!" 

Chenghua Shisi Nian / The Sleuth of Ming Dinasty (PT-BR)Where stories live. Discover now