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Luiza ON

Geovane e Júlia entraram no apartamento da Ana e logo cumprimentaram nós duas. Elas estão parecem preocupadas.

— Oi. Tudo bem? — Geovane indagou enquanto me cumprimentava com um abraço rápido, mas apertado.

Geovane está usando um vestido preto longo bem soltinho e uma sandália prata para. E como sempre, combinando diversos acessórios dourados. Hoje ela cheira a frutas cítricas — o perfume que mais amo, embora eu não me adapte a ele.

— Sim, eu estou realmente bem — eu falei. — Minha mãe disse que vai cuidar de tudo então não se preocupem — dei um sorriso sincero.

Júlia suspirou aliviada e, após notar que eu a observava, deu uma sorriso com olhar.
Ela está bela hoje, usando um vestido de crochê azul curto de alcinhas e com um grande decote na parte do busto. Ela amarrou seu cabelo numa espécie de palmeira acima da cabeça e deixou algumas mechas caídas em seu rosto.
Ana propôs nós irmos até a sala, após perceber que apenas ela e Geovane "conversavam" — entre haspas porque elas apenas ficavam sorrindo uma para a outra e dizendo 'haha' e 'uhum' —, assim me tirando do mundo da Lua.

— Ah, venham — ela acenou com as mãos para a seguir. — Vamos para a sala.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Nós quatro jogamos conversa fora durante trinta minutos até que Ana informou que os pais dela estavam voltando para casa e, logo, nós precisávamos ir.
Lá fora, na frente do apartamento de Ana, eu perguntei para Geovane e Júlia se elas gostariam de ficar um tempo na minha casa, já que eu tenho muito a perguntar. As duas concordaram e nós seguimos para o apartamento da frente — o meu, para ser mais exata.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Júlia forçou uma tosse para chamar a nossa atenção.

— A Ana está bem? — ela perguntou. — Não conheço muito ela, mas dá pra ver que ela está bem abalada.

Geovane deu uma cotovelada em Júlia, a repreendendo. E cochichou em seu ouvido alto bastante para eu ouvir também.

— Não se pergunta isso, Ju — ela disse. — Eu, hein — disse voltando a posição de antes, cara a cara comigo.

Eu ri e esclareci.

— Que isso... Não tem problema perguntar. Os pais dela querem se mudar de cidade, por isso.

Geovane abriu a boca, chateada. Pareceu que ela ficou bem mal, mesmo que eu nunca tivesse visto as duas trocarem mais de duas palavras a sós.

"Suspeito..."

— Que cara é essa, hein, Geovane? — Júlia debochou. — Ficou preocupada, é? — ela levantava repetidamente as sobrancelhas, a provocando.

Júlia e eu rimos, porém Geovane desviou o olhar da gente até mudarmos de assunto.

— Meninas... Me contem o que Miguel fez pro grupo de patinação — eu joguei as palavras da minha boca, uma vez que não aguentava mais ter tanta dúvida sobre esse assunto.

Geovane engoliu o seco e mexeu em seu cabelo para disfarçar que escutou. Contudo, Júlia, a sagrada respondedora de perguntas, respondeu.

— Entendo que você queira saber, já que ele é um babaca...

— Aliás — Geovane interrompeu, como se não estivesse evitando falar instantes antes —, um babaca que você deve manter distância, se não quiser problemas.

— Então, é sobre isso que eu estou pensando! — eu exclamei levantando da minha cama. — O que ele fez, gente?! — bati minhas mãos em minhas coxas, expressando minha euforia.

— Ele é o ex da irmã da Júlia — Geovane cospiu as palavras e Júlia arregalou os olhos em sua direção, eles queimavam de raiva.

"O que foi que eu perdi?!"

— Quem disse que você podia contar isso?! — ela se levantou da cama, estremecida.

— É uma mentira, por acaso? — Geovane retrucou espreguiçando-se na minha cama.

Júlia suspirou.

— Não. Mas mesmo assim você não tem o di-rei-to de ficar falando sobre a vida das pessoas assim — sua voz falhava. — Você sabe que isso é um gatilho para mim!

Eu andei até ficar de frente para Júlia. Peguei suas mãos e disse.

— Ei, ei — eu murmurei e puxava suas mãos em minha direção para ela desviar sua atenção da Geovane para mim. — Respira.

— Não me venha com essa — Júlia retirou com força minhas mãos que seguravam as delas, entrou no banheiro do meu quarto e fechou a porta. Dentro do banheiro ela exclamou: — Só sairei daqui quando Geovane vazar.

Eu franzi o rosto em direção a Geovane, desaprovando ela.

— Olha o que você fez, Geovane!

Geovane se levantou da cama e andou em minha direção. A cada passo que ela chegava perto eu recuava para trás, até eu chocar minhas costas na parede perto da janela e ela aproximar sua boca do meu ouvido.

— Deixe-me responder a sua pergunta: ele ferrou a vida da irmã da Júlia e fez a turma se dividir, não fisicamente, mas sim emocionalmente — ela cochichou.

— Mas... como? Por que? — eu indagei empurrando Geovane para trás gentilmente.

Eu suspirou, sentou na beira da minha cama e prosseguiu, agora em tom normal.

— Bem... A irmã da Júlia era namorada do Miguel. Eles namoravam sério e se amavam 'mil milhões', como eles diziam — ela apoiou suas mãos atrás de seu corpo e deu um riso de cantinho junto com uma revirada dos olhos, expressando deboche.
"Porém... Depois de um tempo, os dois não se encaixavam mais. Então, eles romperam. A partir daí, tudo foi pra água abaixo, uma vez que a mãe da Júlia mandou a a garota para os Estados Unidos e Miguel, enlouqueceu. Acho que foi muito doloroso ver a pessoa que ele amava indo embora após terminarem. Segundo fofocas, dizem que ela terminou com ele. Mas nada até hoje foi confirmado."

Eu me sentei ao lado de Geovane e dei um longo suspiro.

— Entendi — eu disse. — Agora vá, Júlia já está a muito tempo no banheiro e, ainda por cima, quieta. Então, por favor, vai embora.

Eu não quis ser arrogante, mas já era realmente a hora de Geovane ir. Ela me deu um tchau com um abraço xoxo e se foi.
Andei até a porta do meu banheiro chamei Júlia de uma forma carinhosa.

— Jú, posso entrar? — eu perguntei e ela murmurou que sim.

Quando entrei vi ela encolhida na parede que fica de frente para o box de chuveiro. Seu rosto estava escondido entre suas pernas e seu cabelo estava jogado para todos os lados.
Virei em direção a porta e a fechei. Imediatamente me sentei ao lado de Júlia e ela desabafou.

— Não queria que você soubesse das coisas assim... — sua voz era de choro. — É tudo tão... complicado pra mim.

Me arrastei para mais perto dela e puxei seu corpo até o meu, assim nos chocando. Eu a abracei e seu rosto ficou encostado em meu colo, suas pernas quase entrelaçadas nas minhas e minha mão esquerda em seu rosto e a direita, em seu ombro.
Eu senti a sua dor, seu medo e seu ódio com apenas esse abraço. Quando senti que ela já podia ouvir e refletir melhor sobre o que iria falar, eu prossegui.

— Eu entendo você. Entendo sua dor, medo, ódio. Eu entendo — eu exclamei alisando seus cabelos com minha mão esquerda, a que estava livre. — Você pode confiar em mim. Eu estarei aqui para ouvir e cuidar de você, okay?

Ela levantou seu rosto em minha direção e sua voz soou trêmula, contudo, sua pergunta foi única e confiante.

— Também estará aqui para me amar?

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⏰ Last updated: Jan 22, 2022 ⏰

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