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Luiza ON

Agora estou começando a me arrumar para o encontro, vestindo uma calça jeans larga da minha mãe e uma regata branca estilo Pinterest.
Estou bem nervosa para ver o pessoal de novo. As coisas, na sexta-feira, foram bem corridas e não conversei direito com ninguém lá, então espero que eu consiga me enturmar mais, como minha mãe sempre diz:

"Encara isso! Para mongar, garota."

Mamãe é uma pessoa altruísta e confiante, queria ter puxado um pouco mais ela.
Enviei uma mensagem para Ana, avisando que vou a silenciar durante as próximas quatro horas.
Ela respondeu.

Ana: Beleza, aproveita. E não esquece de me contar como foi depois, hein!

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Depois de caminhar sozinha por longos trinta minutos, eu cheguei no local. É um ambiente fechado, iluminado e com uma estrutura bem aconchegante. Um cheirinho de café e bolo de chocolate rodeiam o ar, dando um certo alívio e conforto ao cliente.
Adentrei na doceria e dei um olá para o pessoal que já chegou e aviso que vou ao banheiro antes de tudo. Chegando lá, adivinha?
Dou de frente para Júlia quando abri a porta. Sua expressão é de surpresa e felicidade, não sei explicar direito, mas é nesse ramo. Logo, ela relaxou e me observou sem dizer nada, nadica de nada.
Até que ela deu sorriso e me abraçou, dizendo que está muito satisfeita por me ver novamente.

- Eu que digo. Estava bem animada para conversar com você novamente - abracei ela mais forte.

Nos distanciamos do abraço instantes depois. Ela sorriu com os olhos e se inclinou em direção a duas garotas com provável mesma idade que a minha.

- Venha! - ela me puxou até duas.

Ela continuou.

- Essas são Heloisa e Helena. Elas são gêmeas - ela apresentou elas a mim. - E, meninas, como eu tinha falado antes, esta é a Luiza.

Nos cumprimentamos direitinho, falamos sobre como está nossas vidas, o que fazemos no tempo livre e até, que estilo de música gostamos de escutar. Foi divertido, elas têm muita classe quando falam e expõem suas ideias.

Obs: Ana estaria rindo da minha situação de estar no meio de gente tão adequada assim.

- Enfim... - Helena continuou. - Você quer sentar com a gente?

Eu fiquei feliz pela proposta e aceitei. Logo a gente retornou para as mesas e nos sentamos.
Realizamos nossos pedidos, comemos, conversamos, comemos, conversamos,... Foi um ciclo como qualquer outro quando se sai com a família ou amigos.

- Vocês estudam onde? - me direcionei para as três. - Eu estudo na Escola de Ensino Médio da Senhora Ágata.

- Sério?! Eu também estudo lá! - Júlia exclamou.

As gêmeas limparam suas bocas com guardanapos e contaram que são de Florianópolis, Santa Catarina.

- Ah, entendi. Vieram fazer o que aqui?

- Eu, como trabalho no YouTube com produtos de beleza e skincare, estou aqui a trabalho - Helena contou. - E como a Heloísa não larga do meu pé ela veio junto.

Júlia riu e perguntou para as duas se elas gostariam de passar na casa dela depois, mas as duas recusaram.
Ficamos lá por cerca de três horas. E quando fui retornar para a casa, aquela menina de cabelos cacheados também foi na mesma direção, pela mais pura coincidência.
Durante o percurso, conversamos sobre muitas coisas.

- Gostei que você enfrentou o Miguel. Ele não passa de um menino que ama rebaixar as pessoas para, a si próprio, se elevar.

Eu concordei e ela continuou.

- Isso é triste. Mas sabe? - ela franziu a testa me indagando. Eu respondi que não sei de nada. - É bom ensinar ele um pouco de educação.

Eu ri.

- Só espero que ele não venha atrás, sabe? Tente dar um troco.

- Ah, pelo visto não vai não. Você viu a cara de cachorro abandonado que ele estava hoje - eu rebati.

- E foi assim que ele fez um mal danado para a nossa turma ano passado - ela disse.

Eu engoli o seco, arrependida de não ter refletido melhor antes de falar tal bobagem.

- Enfim, só vamos rezar para que nada aconteça... - ela quebrou o silêncio instantes depois. - Vi que se aproximou bastante de Júlia e das gêmeas - ela exclamou.

Eu cocei a cabeça e disse que não era nada mais, já que uma hora ou outra precisaria me aproximar de alguém lá na patinação.

- Mesmo assim, isso é bom para você. Teve gente que depois de se aproximar dela ganhou até aulas extras na patinação.

Eu arregalei os olhos e me recordei da professora Cátia dizendo me oferecer aulas extras para entrar mais rápido na pista. Eu, então, não respondo nada, apenas penso no que ela acabou de dizer e reflito que é a mais pura e triste realidade.

- Mas e você? - eu queria tirar essa dúvida que me corroía por dentro. - Ficou com quem no começo?

Ela franziu o cenho.

- Ninguém. Eu tive que provar que não era apenas alguém que entrou por desconto na turma - ela gesticulou meticulosamente com as mãos suas falas. - É tudo uma questão de mostrar que você é mais do que expectativas de um povo que joga baixo.

Parei imediatamente quando vemos que chegamos no meu apartamento.

- Te aprecio, é bom saber que gente que pensa assim lá - eu declarei por fim.

- Que isso... agora vai pra casa, amiga - ela sorriu. - Mas antes - ela disparou - vamos trocar números?

E assim fizemos, eu dei meu número para ela e me despedi. Entrei no meu apartamento. Deu boa tarde para a minha mãe que estava no sofá e segui para o meu quarto. Quando ia fechar as janelas, vi que ela ainda estava lá embaixo mexendo no celular, mas o guardou um minuto depois.
De repente, recebi uma notificação e abro o WhatsApp e lá estava, o contato dela junto com uma mensagem. É uma foto dela mesma fazendo um sinal de paz e sorrindo. Seu cabelo roxo combina com seu brinquinho de milk shake roxo.

"Se eu usasse esses brincos, pareceria uma criança de dez anos do ensino fundamental que foi no shopping com os pais para almoçar.

Isso foi extremamente específico, eu sei."

Depois de um tempinho, eu enviei com uma foto também; eu deitada na minha cama com meus cabelos frisados e esparramados no travesseiro e a maquiagem toda borrada, pois cocei meu rosto cansada.
Ela responde imediatamente.

Geovane: Vai pelo menos tomar um banho, sua porca!

Amei a intimidade que construimos em menos de uma hora.

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Meu Mundo é Mais Colorido com VocêWhere stories live. Discover now