Daydream

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Sentou-se num velho baloiço debaixo de uma laranjeira ainda mais velha e assim ficou. Absorta nos nos seus pensamentos, fazendo a retrospectiva dos seus curtos dezassete anos de vida. Mornos, despreocupados, rodeada pelo amor e cuidados do tio Geronimo e da avó Valentina. Os pais haviam morrido num acidente de viação era ela pequena e desde aí o tio e a avó tomaram conta dela. Tivera sempre aulas em casa, com preceptoras ou mesmo dadas pelo tio um escritor premiado. Que sempre a tratara como sua uma filha, fora ele também que a apresentara a Miguel o seu namorado já lá iam quatro anos. Nunca tivera a certeza de o amar mas esforçava-se por nunca o transparecer, não queria preocupar o tio e muito menos a avó que já era velhinha e tanto tinha feito por ela.
Gostava de passar tempo sozinha talvez resultado da sua infância um pouco solitária pelos cantos da quinta da família, mas havia qualquer coisa que fazia com que se refugisse naquele velho baloiço quando precisava de pensar. E naquele dia o assunto era sério. No fim do Verão iria para a faculdade. Apesar de estar muitíssimo entusiasmada não podia deixar de ficar preocupada pois nunca saíra da quinta durante mais do que uns dias e receava a reacção da família à sua ausência.
O vestido floral rodado e os longos caracóis ruivos balançavam ao vento embalados pelo baloiço e pelo pensamento quando, de repente ouviu alguém a chamar o seu nome:
FREDERICAAAAA ANDA PARA CASA QUE JÁ É NOITE!
UPS tinha-se esquecido das horas. Acontecia com frequência e ninguém estranhava. Diziam que tinha herdado da mãe a maneira de ser distraída e sonhadora, ela por razões óbvias nunca o confirmaria.


sonhando à chuvaWhere stories live. Discover now