Sob a Montanha
Alis nos guiou por entre bosques, colinas e encostas. Já era noite quando paramos no vale entre duas colinas, uma pequena fenda mostrava a entrada da caverna. Sob a Montanha ficava no meio de Prythian, separando as Cortes Sazonais das Solares, o caminho até lá duraria semanas.
— Imagino que esteja arrependida de sua impulsividade agora — Alis falou para Feyre, que endireitou o corpo.
— Eu vou libertá-lo.
Alis havia separado mantimentos para ela e seus sobrinhos, estava voltando para a Corte Estival, mas, se que o Rhys tinha escrito no bilhete, nenhuma Corte era segura agora. Estavam todos a mercê da Grã-Rainha.
— E você? — ela perguntou virando-se para mim. — Por que vai?
— Tenho amigos que foram levados, e não deixaria Feyre ir até lá sozinha. Fiz promessas e pretendo cumpri-las.
Prometi que cuidaria das minhas irmãs, que seria forte, que libertaria Lucien e Lene. Prometi à mim mesma durante uma noite do chalé que cuidaria de Feyre e jamais deixaria ela se machucar.
— Terão sorte se ela oferecer uma morte rápida a vocês. Terão sorte se sequer forem levadas até Amarantha. — Feyre ficou pálida e Alis deu um tampinha em seu ombro. Sinceramente, a morte não me assustava tanto; não quando já a vi acontecer com minha família. — Vou dizer algumas regras para que se lembrem, meninas. Não bebam do vinho feérico, não é como o que tomamos no Solstício, e fará mais mal do que bem.
— Até para mim? — perguntei ainda encarando a caverna. Talvez por minha parte feérica ele não fizesse efeito.
— Provavelmente não, mas você não vai querer que ela descubra que é uma mestiça. Então, não, não tome. Não faça acordos com ninguém, a não ser que sua vida dependa disso, e, mesmo então, considere se vale a pena. E, acima de tudo: não confiei em uma alma lá dentro, até mesmo Tamlin — completou Alis antes que Feyre pudesse interrompê-la. — Seus sentidos são seus maiores inimigos; eles estarão esperando para traí-las.
Repassei tudo que havia descoberto sobre a maldição e as regras de Alis milhares de vezes enquanto ela e minha irmã conversavam. Havia uma parte ainda não contada. Pedaços de conversas que ainda não se juntavam; algo que eu ainda não tinha percebido, não completamente pelo menos.
— Layla — começou Alis. Ela já estava se afastando, o quanto mais rápido saísse dali melhor. — Use sua magia e seu silêncio ao seu favor. Você consegue andar sem fazer um mísero ruído, escutou conversas necessárias para entender o que não posso contar. Ataque-os por trás.
Ela foi embora e olhei rapidamente para Feyre antes de entrar na caverna e começar a me misturar nas sombras.
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Não sei quanto tempo passámos caminhando pela caverna. Minutos, horas, dias, semanas, tudo isso não importava mais quando uma luz alaranjada se fez presente e junto com ela vozes. Empurrei Feyre para trás e pressionei nossos corpos contra a parede até o barulho começar a diminuir.
Caminhamos em direção à luz, sua fonte vinha de uma pequena fenda na pedra que abria caminho para uma passagem escavada e iluminada por tochas. Feyre conseguiria passar se espremendo, para mim a fenda já era pequena.
— Passe você — sussurrei ainda sem olhar para Feyre. O caminho praticamente não tinha sombras e seria impossível esconder duas. — Não vou conseguir passar por aí, te encontro do outro lado.
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Corte de Amores e Segredos - Versão Antiga
FantasyQuatro irmãs. Duas caçando para sobreviver, duas aproveitando o que tivessem. Uma maldição. Duas delas levadas às terras feéricas. Uma se apaixona pelo Grão-Senhor, outra segue sonhando com as estrelas e belos olhos violetas. Uma montanha. Um Grão-S...