Ela sorriu fracamente soltando uma risada nasal, logo em seguida o encarou e concordou.

— Não tenho motivos para o procurar por conta de seu poder, encantamento, seja lá o que for! — Ela falou voltando a encarar as crianças. — Sabe, Satoru querido, eu também tenho olhos especiais como você, porém os meus são mórbidos e sádicos.

Ele a encarou surpreso, afinal de contas, quem era aquela mulher realmente? Satoru realmente gostava dela, foi a única que chegou a procurar por ele, procurar por ser Satoru Gojo, não por ser o portador dos Six Eyes.

— Eu consigo ver claramente, como cada uma destas crianças viverá. — Ela falou. — Normalmente eu vejo o que aconteceu no seu ponto de vista, porém, agora eu consigo ver em terceira pessoa, eu vejo tudo o que fizeram durante suas vidas miseráveis e marginais, e por último como morrerão..... Macabro, não?

— Consegue ver isso para depois os julgar, não é? — A questionou, ele já ouvira falar disso, era chamado de Truth Eyes.

— Eu não julgo ninguém. — Reclamou, os humanos tendiam a levar tudo no achismo e nunca deram importância para a verdade abaixo de seus próprios pés. — Julgar é uma palavra forte, querido.

Ela encarou os pés, tentando entender tudo que aconteceu nos poucos instantes que conseguiu viver pela superfície, mas isso fora há milhares de anos.

— Eu somente os levo para seu destino. — Falou e o encarou, ele concordou ouvindo atentamente. — Quando você morre aqui na superfície, vai para uma espécie de limbo. Lá você consegue voltar para cá, ou concluir seu destino, ou em Yomi ou na Alta Planície. Lá onde eu vivo, no limbo, há uma sala enorme, ela tem uma ampulheta enorme e cheia de areia brilhante e cintilante, quando eu levo as pessoas para lá, ela tende a começar a funcionar rapidamente, isso tudo depois dela passar do primeiro teste, se falhar no primeiro é uma ida sem volta.

— Mas ampulhetas são lentas, não são? — A perguntou.

— Não esta, a que eu me refiro é especial. Ela é feita para saber se o seu tempo está acabando, como ela é enorme, tem mais areia que as normais, e a areia que cai são os anos de sua vida, porém se sua vida for interrompida antes de seu curso natural acabar a areia para de cair...somente se eu a girar-lá mais uma vez volta a funcionar, assim como a pessoa volta a Terra e sua vida normal, conhece alguém que já morreu e voltou?

— Sim... faz sentido. — Ele falou acenando em concordância com a cabeça. — Mas e você...é imortal? Ou também tem sua ampulheta da vida...

— Tenho. — Falou olhando o céu límpido. — Mas ela está sempre parada, eu fui amaldiçoada há muito tempo, toda vez que alguém morre e não volta à superfície, seu tempo restante - se tiver - fica comigo, enquanto toda a areia cai e todos podem morrer, descobrir a razão de seu viver e descansar em paz, eu sou a única que nunca poderá descansar.

— Deve ser triste, ser poderoso nesse universo é passar toda sua vida com um fardo pesado demais. — Ele falou, e aquilo foi como uma facada no coração de Karma, a mais pura verdade vinda de uma pequena criança, mas incrivelmente poderosa, assim como ela era.

— Prometo para você, querido. — Ela falou olhando as crianças e suspirando. — Um dia poderemos descansar, quando todos forem poderosos o suficiente, pessoas como nós, abençoados pelo universo, poderão descansar.

— Karma... — Ele a chamou, atraindo a atenção da mulher, que sorriu olhando para ele. — Espero que um dia possa lhe encontrar de novo, ou talvez que alguém me ame por mim, não por meu poder...você me deu essa esperança.

— Sonhe alto, Satoru querido. — Ela se levantou indo embora, deixando a pequena figura para trás com um olhar melancólico e tristonho, mas a mulher sorria com o contato que teve com a criança, por um momento ela realmente pensou em lutar pelos feiticeiros, mas foi tão efêmero quanto sua felicidade.

𝐞𝐧𝐝 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃 ∫ satoru gojo & nanami kento Where stories live. Discover now