O que aconteceria em seguida foi somente um erro, mais um que fizeram. Ousaram tentar a usar para concluir seu plano mórbido e horrível, matar uma criança.

— Claro.... — Ouviu ela falar, tentava não transbordar o nervosismo, porém era inútil perante ela. — Claro que não! Acha mesmo que eu sou tão desocupada assim? Matar uma criança inocente por puro medo e insegurança, vocês feiticeiros, sempre tão egoístas e medrosos.

Medrosos, até demais.

Feiticeiros não seriam tão medrosos ao estar em uma missão suicida, ou extremamente difícil, mas estão temendo uma criança, só por esta ser mais poderosa que todos os velhos. O medo era um mecanismo de defesa do ser humano — assim como tartarugas têm cascas e pássaros têm penas — o ser humano tinha o medo e a insegurança, estes o prendiam ao chão quando ousavam sair da linha, se arriscarem a serem loucos e ousados.

— Eu ajudaria, mas tenho algo melhor a fazer. — Ela falou, a expressão antes tediosa, se transformou em algo divertido. — Quero ver o garoto, depois irei me decidir.

Ela não iria se meter nisso, só queria mesmo ver quem eles tanto temiam, mas ela já estava decidida, não os ajudaria com nada, seu ódio por xamãs era intenso.

Assim que vira o garoto, os olhos azuis descobertos, os fios platinados balançando ao vento e uma cara um pouco apática, mas que mudou quando ele sentiu a presença dela.

— Olá, Satoru querido. — Ela falou se aproximando, ele estava sentado num balanço enquanto outras crianças brincavam. — Por que não brinca com os outros?

— Eles são chatos. — Reclamou, o que fez ela rir foi a carranca do garoto. — Quem é você?

— Oras, você sabe quem sou. — Respondeu se sentando ao lado dele no balanço, o longo vestido preto balançava com a brisa, os olhos vermelhos carmesins brilhavam com a imagem do garoto, mas nem em cem anos mataria ele. — Mas não se preocupe, não lhe farei mal.

— Você é como eu? Poderosa?.... — Questionou ela, que encarava as outras crianças brigando.

E sim, ela era poderosa como ele, mas não como um xamã ou algo assim, era mais como uma maldição ou um demônio, o medo das pessoas, xamãs e maldições era o que alimentava ela diariamente, e com isso a deixava mais forte.

No momento em que todos parassem de temer a morte e a abraçassem com prazer e amizade, suas vidas se tornaram muito mais interessantes. Ter a consciência sobre ela, o pensamento do que ela pode fazer, a reconhecer como algo natural da vida mundana era algo difícil para seres humanos, especialmente pela parte racional e medrosa deles.

Luci estava certa, sem a morte não há vida, assim como maldições não existiriam sem humanos, é algo natural do universo, e nem o plano mais infalível conseguiria parar isso.

Era como uma maldição lançada.

— Sou. — O respondeu seriamente. — Mas meu poder não é só meu, todos que acreditam e me temem ajudam mais ainda em meu poder, é um pouco irritante...

— Eu não temo você. — Ele falou sério, virando o olhar para a encarar, os olhos azuis contrastando com o vermelho vivo dela. — Você não é uma humana fraca que tenho que proteger, também não é um feiticeiro irritante que somente me olha como uma fonte de poder, e não é uma maldição que preciso, futuramente, matar...

Ela arregalou os olhos surpresa, afinal de contas, o que esse garoto tinha? Com tão pouca idade já era tão racional e amargo com a vida.

— Então, eu tenho quase certeza de que você está em outro nível... —Continuou a falar para ela. — A considero minha amiga, todos me veem como puro poder e são interesseiros, mas não sinto isso de você.... Não tem interesse no meu poder, e sim em mim....

𝐞𝐧𝐝 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃 ∫ satoru gojo & nanami kento Where stories live. Discover now