A mulher se abaixou para pegar uma rosa vermelha e se voltou para Harry novamente. Ela se aproximou do garoto e tocou delicadamente o topo de sua cabeça.

De repente, seu corpo começou a mudar, e Harry se viu novamente em sua forma humana, tendo controle de seus movimentos.

— Não desista da vida ainda, Harry Potter. Há coisas que você precisa fazer, pessoas a conhecer. — ela lhe disse, passando as mãos pelos cabelos negros bagunçados do garoto. — Ainda existem pessoas lá fora que te amam, que sentiriam a sua falta.

A mulher pegou as mãos de Harry, depositando cuidadosamente a rosa vermelha nelas.

— A escolha é sua, querido. Você pode escolher seguir em frente, reencontrar seus pais. Mas saiba que se escolher esse caminho, muitas pessoas irão morrer, incluindo seus padrinhos.

Harry franziu o cenho. Seus padrinhos? Então... Ele realmente viu Sírius antes de apagar? Ele estava vivo?

— Sírius... Sírius está vivo?

— Sim, querido. Nós tivemos uma conversa interessante, como a que estamos tendo agora, e ele escolheu voltar. Não era sua hora ainda. Mas temo que ele não se lembre de nada do que dissemos aqui. Aquele Véu... é uma criação horrível. Ele prende as pessoas lá, num estado entre a vida e a morte. Mas não estamos aqui pra falar disso.

Harry pensou em suas opções. Era tentador escolher ficar com seus pais, mas eles ficariam decepcionados com ele se ele fosse egoísta a ponto de escolher a própria felicidade ao invés da vida de tantas pessoas.

— Se você escolher voltar, saiba que não será fácil. A vida nunca é. Se fosse, não valeria a pena, não é? — ela continuou a passar as mãos nos cabelos bagunçados de Harry, que se inclinou para o carinho. — Há coisas lá fora que só você pode fazer. Haverá dor e sofrimento, mas também felicidade... — ela olhou para a rosa novamente. — e amor.

Harry levantou os olhos para a mulher e só então percebeu. Seus olhos eram completamente pretos, sem nenhuma parte branca. Mas isso apenas a deixou mais bela, ele não sentiu medo em nenhum momento. Pelo contrário, ele se sentia completamente seguro com ela, e mais uma vez ele sentiu aquela sensação de familiaridade.

— Quem é você? — perguntou Harry, falando pela primeira vez.

— Eu já tive vários nomes ao longo do tempo, mas todos me conhecem como Morte.

A informação não o deixou tão surpreso quanto deveria.

— Por que... — ele não sabia como formular a pergunta, mas não foi preciso.

— Por que eu pareço familiar pra você?

Harry acenou com a cabeça.

— Ora, isso é porque eu estou sempre com você. Você deve ser a pessoa que mais esteve a beira da morte aos 16 anos que eu já conheci. Mas há outra razão. Você, Harry Potter, é aquele com poder para ser meu Mestre.

— Seu Mestre?

— Isso mesmo. Mas antes você precisa escolher. Você quer continuar e cruzar a linha para o reino dos mortos? Ou quer voltar e cumprir o que o Destino reservou pra você?

Harry olhou para a campina, pensando. Valeria a pena voltar?

— Você disse que ainda há pessoas lá fora que se importam comigo. É verdade?

— Veja por si mesmo.

O ar a frente deles tremeluziu e uma imagem apareceu.

— Isso é... Isso é real?

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