Capítulo 2

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2. I was a rose
I was a animal

(Eu era uma rosa
eu era um animal)

Ele estava voando.

Foi a primeira coisa que Harry notou quando retomou a consciência.

Mas tinha algo estranho nisso. Era como... se estivesse voando com suas próprias asas, e não numa vassoura, como normalmente fazia.

A próxima coisa que ele notou foi que ele não tinha controle desse corpo, o que quer que seja. Ele tentou olhar para si mesmo, mas não conseguia, seus olhos continuavam firmemente olhando para frente.

Harry desistiu de tentar assumir o controle e se deixou levar pela sensação de liberdade que voar lhe dava.

Então morrer era assim?

Será que ele reencarnou em um pássaro ou algo assim?

Não, isso não fazia sentido. Se ele tivesse reencarnado, ele teria controle de seu próprio corpo, e não estaria voando, ele provavelmente seria um filhote recém-nascido, e com certeza não teria todas as memórias de Harry Potter.

Então... o que era isso? Onde ele estava?

Talvez... fosse assim a passagem da vida para a morte?

Bem, seja lá o que fosse, Harry nunca se sentiu tão bem antes. O céu... era seu habitat natural, era onde ele se sentia ele mesmo, o único lugar em que não tinha nenhuma preocupação.

Seu corpo voou através das nuvens, rodopiando no ar, e Harry riu com a sensação. Era muito divertido, muito melhor do que voar com uma vassoura. Ele e o vento eram um só.

Ele foi voando cada vez mais baixo, e se viu sob um campo de rosas. A vista era magnífica, haviam rosas de todas as cores, e os diversos tons das flores contrastavam com o azul do céu e com o verde das árvores e campos ao redor. Ele pousou num espaço vazio e se aproximou das flores, cutucando-as com seu nariz. O cheiro era bom, relaxante.

— Vejo que encontrou o caminho corretamente.

Harry se assustou ao ouvir a voz, e seu olhar se voltou para a figura. Era uma bela mulher de pele clara, com seus cabelos tão escuros quanto carvão. Ela usava um vestido preto belíssimo, e tinha um ar relaxado, mas marcante. Ela parecia, de alguma forma, familiar, embora Harry tivesse certeza de que nunca a viu em vida.

A mulher se abaixou, pegando uma rosa preta. Ela cheirou a flor, mas logo levou seu dedo à boca, resmungando.

— As rosas podem ser incrivelmente belas e delicadas, mas não se deixe enganar apenas pela aparência. Elas também são perigosas, e podem te machucar se não tomar cuidado.

Ela passou seus dedos cuidadosa e delicadamente pelas pétalas, como se temesse que a flor pudesse se desfazer a qualquer momento.

— As rosas têm vários significados, você sabia? Cada cor representa algo diferente na vida de alguém. Pureza, renascimento, amizade... — ela olhou para a rosa preta em sua mão. — Morte...

Seu olhar se virou para Harry.

— O que você mais deseja em sua vida?

O olhar do animal, o olhar de Harry, se voltou para as flores. Todas elas eram lindas, ele não conhecia o significado de todas as cores. Mas havia uma em específico que parecia o atrair bem mais do que as outras.

A rosa vermelha.

— Ah, o amor. É o que todos querem, não é? As pessoas passam a vida inteira em busca de amor, não importa de quem seja.

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