3. O desconhecido

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Um ano depois

Thomás cavalgou por horas a fio tentando encontrar o bendito reino, mas sem sucesso. Já era tarde quando sentiu uma pequena vertigem ao descer do cavalo, isso o alertou, precisava ir mais rápido, quanto mais rápido mais chances de se curar totalmente.

Após tomar um pouco de água de um riacho, montou em Aslo novamente e seguiu caminho, adentrando a floresta desconhecida. As próximas horas não foram particularmente fáceis, já que seu corpo começou a amolecer e estava dando sinais de que logo iria ceder, e não aguentar mais. Mas, mesmo assim, reuniu todas as suas forças, respirou fundo, e continuou.

No meio da madrugada, apesar do veneno esquentar seu corpo, Thomás ainda sentia um pouco de frio. Ele sabia que tinha que chegar logo no reino, ele precisava, não aguentaria horas a mais no meio daquela floresta, sem comida e água. Os riachos que encontrava no caminho ajudavam a esfriar um pouco sua pele, mas não por tanto tempo. Logo , a sensação de queimação voltava e ele tinha que entrar na água novamente.

Uma chuva torrencial começa de repente, fazendo com que precise parar para se abrigar. Há um pequeno caminho no meio da floresta, está limpo como se esse fosse um lugar onde pessoas perambulassem sempre.

A luz da lua deixa o corredor de árvores claro o suficiente para que possa passar pelo local. Mais à frente há pedras que formam uma espécie de caverna, ele decide ficar ali por enquanto. Com grande esforço, atravessa o lago, e, ao tentar descer de seu cavalo, acaba pisando em falso, causando uma torção em seu tornozelo. Resmungando, Thomás caminha devagar. Ele sente medo, medo de não sobreviver a essa noite, medo de não conseguir voltar para seu reino e sua família.

Já dentro da caverna, ele dorme por um tempo até que acorda com uma forte pontada no corte. Ao abrir os olhos, vê que amanheceu. Está muito frio e Thomás pode sentir seus ossos doendo, congelando aos poucos, mas também se sente quente, de dentro para fora. Com dificuldade, olha ao redor.

E uau. O lugar é simplesmente perfeito, não parece real. De frente para o lago lindo de águas cristalinas, esverdeadas, tudo é tão verde e tão lindo que Thomás está maravilhado.

Talvez ele esteja delirando, mas poderia dizer que, esse é o verde mais lindo que já viu na vida. Está há tanto tempo vendo coisas feias em seu reino, mal cuidadas, que agora está completamente encantado com esse lugar.  Com dificuldade se levanta caminhando até Aslo, porém uma vertigem forte o faz cair no chão, ele olha para seu tornozelo que começa a ficar roxo. Não é bom sinal.

O cansaço junto ao frio faz seu corpo tremer. A substância venenosa em seu corpo, tornando tudo pior. E como se, de repente, algo estivesse sugando todas suas energias, repentinamente, ele não consegue mais enxergar, não consegue mais respirar. Ele está pegando fogo.

Tudo a sua volta está girando e Thomás está caindo, até que tudo escurece. Em um momento, pensa escutar alguém falando algo, mas não entende exatamente o que é. Nem ao menos sabe se é real, se não é mais uma das alucinações que estão mais fortes nos últimos minutos.

Mas, por um segundo, um mísero segundo, ele abre os olhos, e. . . retira tudo o que disse agora há pouco sobre o verde mais bonito ser o daquele lugar, porque, agora. . . Agora, tem duas grandes bolas verdes olhando para ele, e Thomás tem toda certeza. .

. . . esse absolutamente é o verde mais lindo que ele já viu e provavelmente irá ver em toda sua vida.

Então ele apaga.

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⏰ Última atualização: Jul 31, 2023 ⏰

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