09| Alerta vermelho

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Ele coloca Ian no tapete novamente e vem até onde estou. Assim que ele fica a menos de um braço de distância, sinto os pelos do meu braço se arrepiarem. E isso não é um bom sinal. Não mesmo.

Seu rosto fica tão próximo que poderia dizer que sinto sua respiração. Sem contar na porra do perfume que vem me atormentando esses dias. É forte, provavelmente uma mistura de cítricos com madeira. Intenso. Como ele todo.

— Tem alguma coisa que te incomoda nela?

Sua pergunta me deixa intrigada. Se eu falasse que não gosto dela, ou da maneira como já a peguei tratando o seu filho, será que ele acreditará em mim?

— E isso te importa? Você nem me conhece, minha opinião não deve ser muito importante.

Ele suspira devagar, e deixa seus olhos caírem nos meus lábios, o que me deixa sem raciocinar por alguns segundos. Mas rapidamente foco no rosto dele novamente. Não posso sair da linha.

— Estou te conhecendo aos poucos, e a partir do momento que te coloquei aqui dentro, para conviver com meu filho, significa que me importa sim. Então, se você ver qualquer coisa errada, você tem que me dizer.

—  Não costumo falar sem ter provas, então, até o momento, são só suspeitas. Caso eu tenha uma comprovação, você será o primeiro a saber.

— Ok. Espero que não seja nada grave.

— Se for, eu mesmo resolvo.

Ele balança sua cabeça negativamente, com certeza não concordando com o que eu falei.

Antes que eu fale mais alguma besteira, me afasto dele, e vou até onde Ian está, totalmente entretido com seus brinquedos.

Geralmente não me aproximo dele quando ela está aqui. Me sinto mais segura somente quando Dominic chega.

Quando o pequeno me vê por perto, solta um sorrisinho e começa a conversar me chamando de super heroína, o que é uma completa mentira. Mas ele não precisa saber disso. Apenas ficar um tempo com ele, renova as minhas energias e me faz esquecer grande parte dos meus medos.

(...)

Fico olhando a noite estrelada lá fora, pela parede de vidro da sala de estar. É algo tão esplêndido que eu fico me perguntando quanto tempo mais isso tudo vai durar. Essa vida que estou vivendo não é a minha. E eu sei que esse conto vai acabar em algum momento.

Sempre fui uma pessoa sozinha que nunca teve ninguém para lutar por si, e algo me diz, que talvez, isso vai acontecer novamente. No meio do caminho Walsh não conseguirá aguentar a barra que é tudo que eu fiz e vai me largar. Como todos fazem sempre. É justamente por isso que eu preciso colocar na minha cabeça que isso aqui vai acabar. Preciso parar de confiar nele. Porque eu confio nele e não deveria. 

Escuto passos pesados descendo as escadas. Me viro para olhá-lo e me arrependo. Ele está sem camisa, com uma calça de moletom. Se a intenção dele era me deixar atormentada com essa visão, conseguiu.

Ao contrário do meu corpo, o dele não tem nenhuma tatuagem. Sua pele é tão branca que chega a ser quase pálida. Mas é muito lindo. E isso é um outro erro meu. De novo estou pensando nele de uma forma completamente indecente.

Sinto meus lábios ficarem secos, por isso, sem pensar muito, passo a minha língua neles, na tentativa de os molhar. Ele finge não ver minha reação e se aproxima, ficando ao meu lado.

— É uma boa visão, né?

Volto a olhar para frente, tentando limpar minha mente completamente. Afinal, sua pergunta me faz pensar em outra coisa além da cidade. Que droga! 

IN(QUEBRÁVEL) | ✓Where stories live. Discover now