Capítulo 2 - O anjo de mascara

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         São Paulo, 05 de março de 20XX

- Vem, vamos para a festa comigo!

- Eu não posso, não estou pronta para isso ainda - Erick me olha com compaixão, e senta perto de mim no sofá.

- Minha linda, uma hora você vai ter que superar aquele idiota! Aquele babaca não te merecia e eu te avisei sobre ele várias vezes - ele se levanta rapidamente e vai ao seu quarto buscar alguma coisa, volta trazendo um vestido vermelho brilhante e uma máscara dourada em suas mãos - Sim, eu já sabia que você diria não e sim eu comprei isso aqui para você usar hoje na festa mesmo assim. Eu sei que você está triste, mas já fazem 3 meses e uma hora você vai ter que seguir em frente. Como seu melhor amigo eu estou agilizando as coisas para curar esse seu coraçãozinho.

- Ok, eu vou. Mas só por que eu adorei essa máscara. E por que você me pediu... Sei que se importa comigo, e obrigada por me aturar chorando todos esses dias.

- Vamos querida, já estamos atrasados. Vai se arrumar! - ele dá um tapa na minha bunda e me empurra em direção ao meu quarto. Sim, moramos juntos. Somos melhores amigos há mais de 10 anos e não teria colega de AP melhor do que ele, até por que eu odeio passar roupa e ele odeia lavar louças hahaha. Combinamos nossas tarefas de casa perfeitamente.

Me arrumo rapidamente e escolho passar uma maquiagem leve mesmo. Nada de saltos, então escolho uma sapatilha confortável para ficar horas dançando. Quando saio do meu quarto, encontro um Erick completamente diferente de antes, sua fantasia vai ser sem dúvida nenhuma a melhor da noite.

- Ei, eu esqueci de te entregar isso aqui. Vem cá que eu coloco para você - me aproximo e ele coloca a tiara de diabinho em mim - Faça bom proveito da fantasia e seduza todos naquela festa! Como uma boa diabinha se divirta pisando em corações essa noite.

____

Chegamos e logo na entrada consigo escutar "Olha a explosão - Mc kevinho" tocando no último volume. Não tem mais volta, agora eu já entrei e vou aproveitar. Seguimos a multidão até o salão principal e Erick me arrasta até o bar, gritando para que eu consiga escutá-lo ele me diz pra tomar uma boa dose para me dar sorte, duas doses de tequila depois eu já começo a me sentir mais sortuda do que o planejado (se é que você me entende).

Dançamos duas, quatro, não sei quantas músicas mais. Eu já esqueci o por que estava chateada, Erick está em um beijo triplo com duas pessoas que ele acabou de conhecer e tenho quase certeza que uma delas está fantasiada de camarão gigante, ou talvez seja uma lagosta. Aviso pra ele que vou buscar algo pra gente beber e volto em seguida, não estou preocupada em perder ele de vista por que é difícil não ver uma fada do dente de 1,95m, usando um tule rosa no meio da multidão com uma varinha de condão que brilha. Sigo em direção ao bar, desviando o máximo que posso das pessoas dançando, sou empurrada para o lado assim que duas garotas começam a brigar e rolar no chão. Não entendi muito o que elas diziam, mas uma delas parecia a Regina George e a outra a Blair Waldorf, isso sim era uma briga de meninas malvadas.

- Puta merda Gabriela! O que eu faço? - diz o Popaye do meu lado, com as mãos na cabeça em desespero, não sei qual das duas malvadas era a Gabriela, mas eu ia adorar ficar para descobrir.

- Você vai deixar sua namorada brigando assim cara? - diz um estranho do outro lado do Popaye.

- Ele vai fazer o que? Comer espinafre e separar aquelas duas sozinho? Eu não faria isso se fosse ele - digo em voz alta sem perceber.

O Popaye olha para nós dois e começa a rir, eu desvio o olhar da briga que já está sendo separada pelos seguranças e tento entender o motivo de sua gargalhada. Aí que eu entendi, eu de diabinha e o cara que estava do lado dele vestido de anjo. Estavamos praticamente atuando como sua consciência. Nos encaramos e rimos todos juntos por um tempo, e depois o Popaye vai embora com a Regina George e vejo alguém com uma placa escrita: "Eu sou Chuck Bass" acompanhando a menina mais machucada.

- Posso te acompanhar? - diz o anjo

- Eu vou até o bar, não preciso que me acompanhem.

- Então eu não vou te acompanhar, vou te encontrar coincidentemente no bar daqui uns dois minutos e ficar completamente surpreso com tamanha beleza - dou as costas pra ele e tento pegar as bebidas, o barman está longe de mais pra sequer notar que eu preciso de mais álcool, está distraído com a boca no trombone, tipo literalmente, um cara fantasiado de trombone está beijando o barman. Cara que bizarro! Como uma fantasia de trombone podia encher minha noite de trocadilhos ruins, preciso contar essa para o Erick.

-Oi - diz o anjo, que me encontrou "coincidentemente" no bar. Eu aproveito que ele é super alto e que o barman está com a boca no trombone (prometo que essa é a última vez hahahahahaha) e uso seu tamanho a meu favor. Ele me esconde enquanto coloco bebidas em dois copos, já que o barman está ocupado eu mesma vou fazer essa bagaça! A bebida vai estar uma porcaria... Sim, mas acho que o Erick já está bêbado de mais pra notar isso.

Viro para a pista com os copos na mão e adivinhe. Lembra que eu disse que não conseguiria perder de vista uma fada do dente de 1,95... Pois é. Perdi de vista, não conseguia ver ele de jeito nenhum. Que merda.

- Quer arriscar tomar esse drink? - ofereço ao anjo e me sento na cadeira mais próxima, já faz algumas horas que eu estou aqui e estou muito cansada para procurar o Erick. Vou esperar ele me encontrar aqui, mais cedo ou mais tarde ele vai vir para o bar. O anjo aceita a oferta e senta em uma cadeira do meu lado.

- Eu não consigo tirar os olhos de você desde que te vi entrar por aquela porta, qual o seu nome? - ele me pergunta, arrisca a tomar um gole do meu drink e faz uma careta.

- Iara e o seu? - Olho para ele e noto pela primeira vez a cor de seus olhos, são lindos, bem, ele todo é.

- Meu nome é...

- O que? Desculpa eu não consegui ouvir!!

- Meu nome é...

Estranho Mascarado e o abismo entre nósTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon