EPISÓDIO O7: SOCIEDADE SECRETA

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— É que você não fala muito, então preciso estar sempre puxando assunto — explica.

— Ou pode apenas respeitar que não sou muito falante — digo, o encarando. — O quê? — pergunto quando percebo que Henry disse algo, mas não consegui identificar as palavras.

— Eu disse que tá tudo bem — ele fala e agora é quem parece estar de mau-humor. Não digo nada, pois não estou disposto a lidar com os sentimentos do Henry nesse momento, mesmo que isso faça de mim um tremendo cuzão.

Quando o elevador para no nosso andar, nós saímos e assim que entramos no corredor que nos leva até a sala de aula, percebemos que algo está acontecendo. Cooper e eu trocamos um rápido olhar enquanto caminhamos devagar e observamos toda a movimentação estranha dos alunos da Beaufort. Eles parecem mais agitados que o normal e percebo haver muitos cochichos acontecendo, mas não consigo identificar nada com a leitura labial. Por um momento, fico um pouco tenso, acreditando que algo foi postado no site de fofocas, por isso paro automaticamente no meio do corredor e tiro o celular do bolso. Abro a página Segredos de Beaufort em uma das abas do navegador e fico surpreso ao descobrir que todas as matérias do site foram apagadas. Ergo o rosto para Henry rapidamente ao perceber que ainda está do meu lado.

— Acho que já descobri o motivo de tudo isso — falo, mas Henry não está me olhando.

— É, eu também — diz e quando sigo seu olhar, vejo sobre o que ele está falando.

No final do corredor, encostados aos armários, Evan e o aluno novo Ethan Hwang estão se beijando. A sensação que estou sentindo nesse momento é algo que nunca senti antes, só que a raiva com certeza se sobressai. Observo os alunos passando por mim, mas eles são apenas vultos. É como estivesse numa cápsula do tempo, vem o mundo inteiro passando enquanto estou paralisado. Minha pulsação está acelerada e não sinto minhas pernas. Porém essa sensação não me domina por muito tempo, pois a raiva está começando a me tomar por completo.

Encaro a cena diante de mim com desprezo e a única vontade que tenho é de ir até eles e tirar as mãos imundas do novato da cintura do Evan. Quero gritar com Bennett e perguntar o que diabos está fazendo e no instante em que minhas pernas começam a se movimentar na direção deles, penso no absurdo de coisas que falarei e imagino como Hwang ficará depois que deixar seu olho roxo. À medida que me aproximo, mais aperto meus punhos e sinto meus ombros rígidos. Eles não parecem se importar por estarem sendo observados por toda a escola. Na verdade, acho que estão adorando o showzinho ridículo, mas eles se separam assim que percebem minha presença. Os olhos do Evan se arregalam quando ele me vê e seu rosto fica muito pálido.

— Um... posso ajudar? — Ethan fala, me encarando com uma expressão confusa e me olhando dos pés à cabeça com um sorriso malicioso. Por reflexo, noto pela primeira vez que Henry ainda está ao meu lado e parece inquieto, mas não dou atenção a ele.

— Sean? — encaro os lábios vermelhos e inchados do Evan e meu coração parece prestes a saltar pela boca.

— Será que vocês podem sair do meu caminho? — pergunto, friamente. Evan pisca, parecendo assustado.

— Como é? — Ethan fala.

— Olha, você não pod...

— Vocês estão no meu armário — falo, interrompendo Evan, que está boquiaberto. É a primeira vez que o vejo tão nervoso. Quando me esculta, ele se vira rapidamente para encarar o armário onde suas costas estão apoiadas.

— Foi... mal! — Evan diz, agora envergonhado.

— Você poderia ser um pouco mais educado, Henderson — viro o rosto para Ethan a tempo de ver o que falou. Não gosto do sorriso dele. Na verdade, não gosto dele.

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