EPISÓDIO O8: VISITA

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E V A N

Três anos. Foi exatamente esse o tempo que levei para descobrir o que existe por trás do garoto estranho que estava sempre distraído e com fones de ouvido, na escola. Sean Henderson não é exatamente o tipo de garoto que você olha pela primeira vez e diz: Uau! Que menino lindo! Na verdade, ele é aquela pessoa que passa despercebido por você e que se esconde por baixo do uniforme da escola. Sean está sempre andando de cabeça baixa, talvez tenha sido por isso que realmente nunca parei para observá-lo ou perceber a beleza que estava escondida ali. É ridículo olhar para ele vestindo o uniforme da Beaufort e lembrar do seu corpo nu e todos os seus músculos, e pensar no tesouro que escondeu por todo esse tempo.

Mas o que aconteceu na clareira vai além da beleza exterior ou da paixão carnal. Talvez, o Evan de ontem não desse a mínima para algo além da aparência de Sean e do quão gostoso ele é. Mas a verdade é que conhecer Sean Henderson de um jeito tão profundo como aconteceu, me fez perceber que ele não é lindo apenas por fora. Sean esconde algo dentro de si que o faz ser especial e único, e que com certeza só fez com que me sentisse ainda mais apaixonado por ele. Como alguém com apenas dezessete anos de idade pode ser tão intenso como ele? Isso me assusta, me deixa com medo a ponto de achar que nossa relação ou o que quer que seja o que estamos dando vida, seja frágil demais para sobreviver ao mundo. O que sinto só cresce e faz com que cada parte de mim implore para que o destino esteja a nosso favor e não nos faça cair de um precipício.

Depois de me contar mais sobre sua vida e sobre seus piores pesadelos, pude entender realmente quem é o garoto por quem estou me apaixonando. Há muito tempo, já tinha desistido de um dia encontrar alguém que fosse corajoso o suficiente para não ter vergonha de mim e do que sou, como Daniel, por exemplo. Gostava dele, da sua beleza e de como éramos bons fazendo sexo, mas sabia que ele nunca sairia do armário ou seguraria minha mão nos corredores da escola e muito menos na rua. É triste, doloroso e até mesmo solitário ter essa sensação de que você não é bom o suficiente para encontrar alguém que seja tão seguro da sua sexualidade quanto eu.

Um dia, prometi a mim mesmo que só me apaixonaria de verdade quando encontrasse um garoto seguro o bastante da sua própria vida para segurar minha mão em público, mas aqui estou, com Sean Henderson e seu trauma de infância que o impede de sair do armário. Mas o que estou sentindo por ele é forte o suficiente para que eu seja paciente e entenda que não se pode arrancar ninguém do armário. Ele tem que ser a primeira pessoa a tomar essa decisão, ou estaria correndo o risco de isso tornar sua liberdade num verdadeiro caos.

É por esse motivo que Sean é o primeiro a deixar a clareira. Nós dois não poderíamos ser vistos juntos. A escola é cruel demais para garotos como a gente, por isso decidimos não arriscar. Espero dez minutos depois que ele desaparece entre as árvores da floresta e só então sigo o mesmo rumo, ouvindo o canto os pássaros e caminhando pela trilha que me leva a escola, sem conseguir parar de pensar na intensidade do que aconteceu entre nós, minutos antes. Também penso em Daniel e no que ele agora sabe, mas não me preocupo mais que o necessário. Tremblay é um covarde até nisso, e nunca teria coragem de contar para os outros sobre o que viu na clareira, pois sabe muito bem que seu segredo também pode vir à tona e acabar com toda a sua popularidade, que ele tanto preza.

E é só quando entro na sala de aula que descubro tudo o que aconteceu, sobre a briga entre Sean e Daniel, que me deixa completamente em pânico. A ideia de que Daniel realmente tenha contado para todos sobre o que aconteceu me deixa perplexo, mas logo descarto essa ideia quando percebo que não estou sendo o centro das atenções, como de costume. Na verdade, todos da sala me ignoram completamente e só falam sobre o soco que Sean deu e em como Daniel revidou. Mesmo que ache a maioria das histórias muito exageradas, consigo entender que tudo começou por uma provocação de Daniel e que pela primeira vez, alguém simplesmente não se deixou intimidar por ele. Até me sinto um pouco orgulhoso de Sean por causa disso, mas isso não é nada comparado a minha preocupação, principalmente quando o meu idiota fodido não volta para a sala de aula.

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