EPISÓDIO O1: VULNERÁVEL

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S E A N

Vulnerável. Sujeito a ser atacado, ferido, derrotado, frágil e vários outros termos que só me fazem sentir ainda mais fraco. Ainda é um pouco estranho ter todas essas emoções que tomam ultimamente conta de mim de uma forma esmagadora. Cada dia que passa, percebo que não sei lidar com toda essa onda de sentimentos que está se aprofundando dentro de mim, fazendo com que torne cada vez mais... vulnerável. Quando lia nos livros sobre amor, paixão e toda essa coisa arrebatadora, imaginava que se um dia acontecesse comigo, o que achei sempre muito improvável, saberia me impor e ser esperto o suficiente para controlar essa merda. Mas descobri estar completamente errado sobre isso.

É por causa dessa frustração que ao entrar em casa depois de chegar da escola, minha expressão não é uma das melhores. Mamãe e Jaz estão na sala vendo TV e noto pelo canto de olho no momento em que minha mãe olha na minha direção e fala algo. A ignoro e apenas sigo à passos pesados em direção ao meu quarto, me forçando a não bater a porta com força quando entro e largo a mochila agressivamente no chão. Em seguida, chuto meus malditos sapatos social e o uniforme da escola para longe, até ficar apenas com a roupa de baixo e me jogar na cama logo em seguida.

Meu coração bate aceleradamente e sei que isso é pela merda do ciúme que está me consumindo, mesmo que me recuse a assumir isso para mim mesmo. É humilhante demais confessar que toda minha ira tem a ver com a maldita matéria que soltaram sobre Evan na escola, sobre os caras babacas com quem ele já ficou. Porque deveria estar tão surpreso com tudo isso? Porque me incomodar com quem quer que seja que Evan tenha ficado antes de começarmos nossa história? Bem, não sei exatamente a reposta disso, mas quando levo um dos braços para cobrir os olhos e tentar mudar o rumo dos meus pensamentos, a imagem do Evan sendo tocado por outros caras surge na minha cabeça e meu estômago embrulha quase que imediatamente.

Evan Bennett e eu estávamos bem antes de a matéria ser publicada no site de fofocas da escola, antes de todas aquelas informações caírem sobre mim como um balde de água fria. No final de semana que passamos juntos na sua casa, senti que a ligação que existia entre nós estava ainda mais fortalecida. Tinha me aberto para Evan como nunca fiz com ninguém antes, nem mesmo com minha mãe, e isso fez com que me sentisse ainda mais apaixonado por ele, que até mesmo pensasse na possibilidade de sair do armário e mandar todos aqueles babacas da escola para o quinto dos infernos. Então veio a publicação do site de fofocas e tudo foi por água a baixo. O ciúme me invadiu de uma forma absurda e ler aquela porra de matéria trouxe à tona toda desconfiança e raiva que ainda existe dentro de mim em relação a Evan, como se isso fosse um aviso para que não confiasse nele.

Foi por essa razão que o evitei durante todo o dia na escola. Não queria olhá-lo nos olhos, não queria perder o controle e despejar em cima dele toda uma raiva que, no fundo, sabia não ser culpa dele, afinal, toda a merda publicada naquele site aconteceu antes do Evan e eu sequer trocarmos nossas primeiras palavras. Mas o sentimento de traição me tomou por completo e nem mesmo consegui parar para pensar no quão aliviado me senti quando vi que meu nome não estava naquela lista e, ao mesmo tempo, me sinto envergonhado por ter esse pensamento.

Solto um grunhido de desespero e viro meu corpo no colchão, enterrando meu rosto no travesseiro. São todos esses pensamentos incoerentes e idiotas que me deixam cada vez mais confuso e perdido. É como se eu estivesse numa encruzilhada, sem saber o que fazer ou que rumo tomar. É nesses momentos que sinto falta da solidão, da paz que sentia quando estava sozinho no meu próprio mundo, sem esses sentimentos e sem Evan para me aterrorizar nos meus pensamentos e sonhos mais profundos.

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Não sei exatamente quanto tempo passa depois que acordo e percebo que acabei cochilando no meu quarto. Já é noite e tudo está escuro. O silêncio e a falta de visão fazem com que os pensamentos dentro da minha cabeça logo comecem a fazer barulho, por isso não demoro muito até tatear com a mão e encontrar o interruptor do velho abajur e acender a luz fraca. Aperto um pouco os olhos e me espreguiço na cama, ainda tentando organizar meus pensamentos. Obviamente, Evan logo toma conta deles e suspiro com força, lembrando novamente de tudo o que aconteceu e deixando com que a culpa e arrependimento finalmente comecem a tomar conta de mim.

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