O céu está mais azul que nunca. Mas dentro de mim, está a tempestade eterna.
Meses se passaram após toda aquela insanidade. Tenho dinheiro o suficiente para viver como uma rainha.
Estou sentada na escada da varanda de casa, observando a minha mãe cuidar de nosso jardim de rosas. Ela sempre quis ter um jardim. Ela é uma mulher pequena, de rosto enrugado, e que enche ainda mais de rugas quando sorrir para mim. Colocou um chapéu de palha enfeitado com flores de plástico sobre a cabeça, e acena para mim ao longe. Por ela, eu daria o mundo inteiro.
Não consegui salvar o meu pai. Ele morreu uma semana antes, de desidratação e inanição. Mamãe me disse que lhe dava todo o alimento que podia, e se recusava a comer, para não deixá-la com fome. Ele foi um grande homem e por não tê-lo aqui conosco, vivenciando os dias bons, deixa-me grandemente triste.
Temos nossa própria liberdade, um lar, uma vida nova deste outro lado.
Consegui o dinheiro que tanto desejei, a custo da vida de outras pessoas. Sangue foi derramado para que eu estivesse aqui.
Viva.
Ainda tenho pesadelos todas as noites, e mesmo tomando medicamentos para dormir, as imagens grotescas daqueles que morreram veem em minha mente sem permissão, abalando-me, como se eles me dissessem que não possuo o direito de ser feliz.
Durante esses meses que se foram, visitei as mães de Gi-Hun e de Sang-Woo. Entreguei à elas uma boa quantia de dinheiro para que vivessem com dignidade. Quando perguntaram-me quem eu era e se conhecia seus filhos, acabei por não responder o questionamento e apenas disse que eu era uma amiga deles.
Elas ainda esperam o regresso de seus filhos queridos. Pobres senhoras de coração partido.
Cheol acabou de chegar da escola. Passa pelo portãozinho do cercado de madeira branca. Beija a bochecha de mamãe e corre em minha direção e me abraça com força, como se eu fosse escapar de seus braços. Foi por ele, por este sorriso tão inocente que obtive o meu triunfo, foi por ele e por minha mãe que não desisti de lutar.
— Como foi seu dia? — pergunto.
— Legal — responde, empolgado. — Aprendemos sobre poesia hoje.
Suspiro, apreciando a brisa fria que sopra em meu rosto.
Está tudo bem agora.
Pequenos momentos de felicidade que irei tecer em minha vida.
Eu venci. O preço foi alto, e sei que um dia pagarei por almejar ser feliz. Mas por enquanto, protegerei a minha família custe o que custar.
Na calçada de nossa casa, vejo algumas crianças rabiscando com giz colorido no cimento. Vou até elas, e elas desenharam no chão algumas formas geométricas, reproduzindo o Jogo da Lula.
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The Last Round #Round6 #SquidGame (+16)
Fanfiction"Eu vou vencer. Eu quero vencer. Eu preciso vencer". Uma fanfic sobre o ponto de vista da jogadora 067. *** capa feita por mim.