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Todos estão enlouquecendo. 

Até eu mesma.

Todos querem vencer.

Ninguém se importa se alguém vai morrer, pois no fim de tudo, eles só querem saber da droga do dinheiro.

Eu não queria que nada disto estivesse acontecendo.

Ji-yeong, sua burra! Por que você teve de me contar tantos segredos só para depois, ter de receber uma bala na cabeça? 

Não acredito que após meia hora de conversa, ela foi a pessoa que chegou mais perto em ser uma amiga para mim.

E morreu. Levando consigo todos os seus projetos não concretizados.

Não se preocupe. Eu vou cumprir a minha promessa em sair deste inferno e visitar a Ilha de Jeju. Vou usar biquínis e tomar coquetéis, daqueles que vem com guarda-chuvinhas na borda do copo, de sabor de abacaxi com laranja. Vou pisar na areia quentinha da praia e mergulhar no azul do oceano. 

Mas para isso eu preciso sair daqui. Viva.

Eu sinto que não estou suportando mais. Todos estão vazios, correndo atrás de seus sonhos impossíveis e tentando arranjar uma maneira de pagar suas dívidas miseráveis.

Gi-Hun ainda resiste. Aquele velho idiota que me chama de "batedora de carteiras", embora ele tenha parado com esse mau hábito. Ele muito me recorda meu tio bêbado. 

Sang-Woo foi quem mais mudou estando aqui dentro. Ele era somente um quatro olhos falastrão, cheio de si por ter feito Universidade e ser o orgulho de seu bairro, mas sei que para ter o prêmio em mãos ele está disposto a matar qualquer um que cruze o seu caminho. Soube que ele enganou o coitado do Ali, e o fez entregar todas as vinte bolinhas de gude para ele. Que truques ele usou, eu não sei, mas eu garanto que não vou deixar esse babaca me passar a perna.

 Soube que após o último jogo, o marido venceu a própria esposa e testemunhou a morte dela, quando um projétil atravessou seu crânio transformando seus miolos em nada.

E, este mesmo homem, não aguentou perdê-la e cometeu suicídio. Eu não quero ter de pensar nisto. Cheol precisa de mim. Preciso tirar meu irmãozinho daquele orfanato. Preciso fazer nossos pais cruzarem a fronteira, comprar a liberdade deles e estabelecermos uma vida boa nesta parte da Coreia.* Talvez, papai e mamãe abram uma padaria, e eu, possa ir à escola com as outras garotas da minha idade. Nunca mais ter de roubar carteiras, nunca mais de ter brigar na rua. Viver com a minha família, em um lar só nosso. 

A ração que nos dão é pouca, pois eles querem que nos matemos aqui dentro. Já não durmo bem há dias, e sinto que nosso martírio ainda não chegou ao fim.

Tenho de me manter forte.

Preciso ficar viva. Eu quero ficar viva.

Viva.

Viva.

Viva.

Suporte só mais um dia, Sae-Byeok.

Suporte só mais um dia, Sae-Byeok

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The Last Round #Round6 #SquidGame (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora