— Competidor 218 e Competidora 067, bem-vindos ao jogo final — anuncia roboticamente o mascarado com um símbolo quadrado. — Antes de começarmos, vamos decidir quem será o ataque e quem ficará com a defesa. Escolham quadrado ou triângulo. — mostra-nos uma estranha moeda dourada com duas faces ainda mais estranhas, pois ambas somente possuem as duas formas geométricas. Triângulo e quadrado.
Estamos frente a uma porta fechada. Seja o que for o que me espera, estou pronta. Sang-Woo, ainda salpicado no rosto pelo sangue de Gi-Hun, olha-me friamente. Sua voz encobre a minha, sua fala atropela o que eu ia dizer.
— Triângulo. — diz Sang-Woo, sua voz não apresenta quaisquer resquícios de remorso pelo que fizera anteriormente.
O mascarado joga a moeda para cima, e apara perfeitamente na palma de sua mão.
— Deu triângulo. Sendo assim, Competidor 218, escolha ataque ou defesa.
— Ataque — vocifera, ainda olhando para mim.
Está de brincadeira?! O que eu fiz para que este desgraçado quisesse tanto assim me matar? Eu devo ter apanhado a má sorte de Gi-Hun.
Este é o meu último round.
A única coisa que quero fazer é escapar.
Eu não vou perder.
Eu não quero perder.
Eu não posso perder.
Cheol, reze por sua irmã.
Voltamos para o mesmo cenário em que desencadeou-se esta loucura. A grande boneca assustadora ainda está lá.
O mesmo lugar em que sobrevivi enquanto assistia várias pessoas serem mortas como moscas. Está chovendo. O céu fechado, com nuvens pesadas deixa tudo muito mais sombrio. O lunático Sang-Woo está a uma certa distância de mim, posicionado em minha frente.
Vamos jogar o Jogo da Lula. Não sei nada a respeito deste jogo, pois como já salientei, não sei nada a respeito das brincadeiras de infância das crianças deste outro lado.
— Eu não faço ideia de como jogar isso... — sussurro para mim mesma.
— Não faz diferença — Sang-Woo responde, como se pudesse escutar-me a esta longa distância. — Acabarei com isto bem rápido. Prometo que não sentirá dor.
— Vai fazer o mesmo que fez com Gi-Hun? Assassino! Covarde — grito, não medindo minhas palavras.
— Não leve para o lado pessoal, Kang Sae-Byeok. Temos objetivos em comum.
— Não fale o meu nome como se você me conhecesse. E não temos nada em comum. Gi-Hun era o seu amigo e o você o matou por dinheiro.
— Você teria feito o mesmo com ele se tivesse a chance.
— Eu queria te matar! — digo, exasperada. — Quando ficou de guarda baixa, eu ia esfaqueá-lo, mas Gi-Hun não deixou. Ele sentiu pena de você, me impediu que eu o matasse, e você o matou!
Ele avança o passo, e eu recuo, sem sair da base. Estamos dando voltas, enquanto eu fujo dele, acuada, com medo do meu executor.
— A ambição chega para todos. Você é só uma refugiada. Uma forasteira. Não seria bem vista por ninguém, mesmo com todo o dinheiro do mundo. Você não sabe, Sae-Byeok, o que é ser visto por todos como um prodígio. Ser admirado por todos por sua inteligência. Eu preciso daquele dinheiro. Minha mãe precisa sentir orgulho por mim.
— Gi-Hun também tinha prometido que ajudaria a mãe e a filha dele. Você pensou nisso? Pensou na família dele enquanto aquela lâmina rasgava o seu pescoço?
— Calada! Já chega dessa conversinha fiada!
Avança em minha direção. Não deixarei que ele vença. Esquecemos completamente do jogo. Estamos focados apenas em nos destruir. Sem pensar duas vezes, aposso-me da adaga no bolso da minha calça. Que se dane esse cara. Que se dane as regras.
Usarei o conhecimento que carrego das brigas de rua ao meu favor. Desvio-me de seus golpes imprecisos. Desvio-me de sua sede por morte. Foi um grande erro Sang-Woo ter me subestimado.
Estamos consumidos pela ira, pela ganância, pelo desejo insano de sair deste lugar. Nos odiamos e somente saciaremos este sentimento tão maldito quando um derramar o sangue do outro.
Não deixarei que o desejo de Ji-yeong e a morte de Gi-Hun sejam em vão. Vencerei por vocês.
Tudo acabou de forma tão insípida.
Encaro o cadáver estirado ao chão. Eu fiz isto. Eu matei Sang-Woo. Isso me torna uma pessoa melhor que ele? Lutamos até o fim apenas para alimentar nossos próprios desejos mundanos. Olho para o céu. Ainda está chovendo. Cravo meus joelhos no chão. Jogo a adaga para longe e choro como nunca chorei antes. A chuva lava as minhas lágrimas e o sangue em minhas mãos, mas não pode lavar esta mancha que cobriu a minha alma.
Valeu mesmo a pena? Todo aquele dinheiro... aquilo vale mesmo a pena?
Estou tão cansada. Tenho cortes por todo o meu corpo e vários hematomas. Sinto dificuldade em deixar meus olhos abertos. O mascarado com símbolo de quadrado aproxima-se para perto de mim. Fixo meu olhar nele.
— Você venceu.
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The Last Round #Round6 #SquidGame (+16)
Fanfic"Eu vou vencer. Eu quero vencer. Eu preciso vencer". Uma fanfic sobre o ponto de vista da jogadora 067. *** capa feita por mim.