— Venha — apontou com a cabeça para a cozinha. Apenas o segui.

A cozinha era maior que meu apartamento, disso eu tinha certeza.

— O que está fazendo? — Perguntei ao vê-lo pegar as coisas pela cozinha.

— Hoje serei seu empregado — colocou um avental e um chapéu de cozinheiro — Faça seu pedido, meu senhor. — me entregou um cardápio.

O olhei em choque. Isso era sério? Yoongi iria mesmo me servir como se eu fosse seu superior? Em que mundo paralelo fui parar? Espera, acho que estou entendendo onde ele quer chegar. Quando brigamos, ele falou que não passávamos de chefe e empregado. Obviamente arrependido do que disse, ele está me fazendo ficar no seu lugar. Essa é a maneira dele de dizer que sente muito, que eu não merecia ser tratado dessa forma, consigo ver através de suas ações. É um fato que eu sempre soube que o mais velho era um homem de ações e poucas palavras, e está me demonstrando isso.

Olhei para si, seus olhos demonstravam o que ele queria fazer, e se eu negasse, do jeito que é cabeça dura, iria insistir para que eu fizesse isso, o trata-se como um empregado. Determinado, empinei o nariz, iria entrar em seu jogo. O vi sorrir fechado, provavelmente feliz que estou aceitando entrar nesse joguinho de desculpas dele. Até parece que eu, Kim Taehyung, perderia a chance de mandar em Min Yoongi, meu chefe que até pouco tempo atrás só me via como seu funcionário.

Certo, Taehyung, é hora de mostrar o seu lado burguês. O meu eu interior que ficou muito tempo reprimido apenas por ser pobre.

Min Yoongi, tenho certeza de que irá se arrepender por ter feito isso. É por isso que existe o ditado "Deus não dá asa a cobra".

[...]


— Mais vinho, por favor — ergui a taça que estava na minha mão. Depois de me dar o cardápio, fiz um total de três pedidos. Yoongi sorriu e me tratou como um rei, me levando até uma mesa espaçosa. Confesso que exagerei um pouco falando "essa carne está mal passada, me traga outra", "o arroz está frio", ou coisas do tipo. Talvez, só talvez, eu seja um pouco vingativo.

O mais velho fazia as coisas tão bem, que me perguntei se ele já havia trabalhado em algum restaurante, por sua tamanha experiência. Pensando bem, Yoongi nunca me contou sobre seu passado, tudo o que sei sobre ele é sobre sua esposa falecida, o seu dom para tocar piano, fora a sua curiosidade para aprender coisas novas, como foi o caso da psicologia e a faculdade de artes. É incrível que mesmo tão próximo dele, ainda não o conheço de verdade. Já lhe contei basicamente tudo sobre mim, o meu passado está nas suas mãos, meus traumas e meu presente também é conhecido por ele. Enquanto eu não sei metade dele, sendo honesto, até agora ainda não entendi o que deu nele para que ele surtasse durante essas semanas. Ainda estou esperando sua explicação.

— Deus não te fez rico por uma boa razão — ele comentou após eu terminar de comer e falar que estava cheio, chamando-o para finalmente conversarmos.

— Eu ainda acredito que nasci em uma família rica, mas meus pais me fizeram crescer pobre para aprender a ser humilde — disse e ele deu risada.

— Se esse é seu humilde, quero nem ver o lado que não é.

— Hey!

— O que foi? Posso jurar que encarnou a Regina George em você — nós dois começamos a rir. Realmente fui bem duro com ele, a Miranda do filme O diabo veste prada, nem sequer chega aos meus pés enquanto eu fazia essa cena.

— Eu seria um ótimo filantropo, okay? — Bebi um pouco do vinho que ainda me resta. Yoongi riu negando com a cabeça — E você mereceu.

Ri um pouco consigo, até pararmos para olhar um para o outro. Não havia olhado fixamente em seus olhos até agora, passei a noite toda olhando para qualquer lugar que não fosse os orbes escuros, que analisavam a cada ação que eu fazia.

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⏰ Last updated: Oct 14, 2021 ⏰

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