Me marca, sou todo seu Parte I

Capítulo 35

Já consigo identificar um pouco a personalidade de seus amigos:

Augustus, ou Gus, é o fanfarrão do grupo, não fala sério nunca e sofre de transtorno de hiperatividade. Izaac parece ser o mais centrado, fala baixo e manso, e sua gargalhada não produz nenhum som, o que me chamou muita atenção. Arthur é o intelectual, participa das conversas como se estivesse defendendo uma tese. Hazel é a única menina presente hoje, e parece ser o coração do grupo, todos a tratam com carinho, porém sem cerimônia. Eu apenas não conheci a Ella, que segundo Hazel é uma patricinha mimada não fútil.

A conversa flui leve, a música ao vivo dá o tom calmo da festa. Alguns estudantes já estão mais alegrinhos por conta do álcool, mas todos estão se divertindo. Um grupo
está numa animada roda passando a bola de um para o outro com os pés.

-O que é aquilo que eles estão jogando?
Peter olha e me explica com paciência.

-Aquilo é Altinha, uma brincadeira muito comum nas praias do Rio de Janeiro, tem um aluno brasileiro, o Tomer, que ensinou e todo mundo amou. A bola não pode cair e você pode tocar com qualquer parte do corpo, menos as mãos.

-Parece divertido.

-É sim. Quer ir lá?

Me solto de Peter quando avisto Kelly chegando, abalando as estruturas como sempre: ela hoje está usando um turbante de tecido amarelo e desenhos geométricos, argolas douradas enormes e um batom cor de cobre que me deixou de queixo caído. Ela desfila orgulhosa, segurando a mão de Collin. Fico tão feliz por eles.

-Kelly.

Grito e saio ao seu encontro. A abraço apertado, embora tenha a visto ontem, é tão satisfatório encontrar alguém que conviver tanto com você em um local diferente. Ela aceitou meu convite e perguntou se poderia trazer Collin. Claro, eles já perderam tempo demais.

-Lara Jean, este é o Collin. Mas...você já sabe.

Nós três sorrimos e antes mesmo que eu pudesse cumprimentá-lo, Peter chega aos berros:

-Caralho! Não pode ser. Porra. Eu não acredito. Meu Deus do Céu.

Ele fica incrédulo com a oportunidade de conhecer um jogador profissional de Lacrosse, o qual ele admira e acompanha o trabalho há um tempo. Ele balança a cabeça e fica eufórico, eu tenho que ajudá-lo a voltar à real.

-Peter, esse é o...

-Collin Brenneman, eleito por duas temporadas seguidas o melhor defensor da Califórnia, líder de desarmes e interceptações e capitão do Harlem.

Peter me interrompe e descreve Collin, que fica boquiaberto em descobrir um fã seu no meio de uma festa universitária. Ele estende a mão para Peter, que sem cerimônia o pega em um abraço, prontamente retribuído por Collin.

-Cara, eu sou muito fã seu. Nós assistimos seu último jogo em São Francisco, o que foi aquilo? O Harlem destruiu o adversário, você parecia a muralha da China.

-Prazer Kavinsky, a Kelly disse que você também é jogador de Lacrosse. Que legal. Em que posição você joga?

Os dois engatam uma animada conversa sobre o esporte, eu e Kelly nos afastamos.

-Parece que eles vão se dar bem. Me conta, vocês estão juntos?

Kelly suspira, mas seus olhos estão brilhando. Depois do dia que conversamos sobre o porquê dela não assumir seu relacionamento, nós não havíamos mais falado sobre o assunto.

-Sim. Oficialmente eu sou a namorada de Collin Brenneman, o defensor do Harlem e blá blá blá. Seu namorado é maluco, eu achei que ele fosse beijar o Collin na boca quando chegamos.