Capítulo 21

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Ele solta uma gargalhada. Isso até que não seria uma má ideia. Já pensou se ela simpatiza com Peter,  ao ponto dele pegá-la em casa todo domingo para levar para a faculdade? Seria comovente. Penso irritada.

Conto um pouco sobre meu domingo, e o que estou esperando para esta segunda semana de aula. Eu já tenho um trabalho de matemática para fazer: preparar uma planilha com as entradas e saídas que acontecerem durante uma semana. Ou seja, vou ter que anotar tudo que gasto, "até uma balinha",  segundo o professor. Ele nos explicou que isso é necessário para percebermos o quanto gastamos de pouquinho em pouquinho.

-Covey, vamos nos ver esse final de semana?

-Vou adorar. Mas como está sua programação?

-Sexta eu tenho aula no período da tarde. Mas eu posso matar. 

-Matar aula? Claro que não. 

-Se eu não matar aula,  a aula vai me matar.  Eu sinto que morro um pouquinho mais, cada dia que fico sem te ver. 

Que falta que eu sinto de Peter todos os dias. A hora que nos falamos é a mais difícil. A saudade aperta, e ver ou falar não é suficiente. A gente quer sentir um ao outro. E começa a pensar bobagem, como matar aula.

-Você não pode faltar a toa. Vamos nos ver depois da sua aula. Você vem pra cá,  eu falo com a Kelly.

-Isso. Já tô ansioso.

-E o final de semana? O que você vai ter?

-No domingo tem um evento de manhã. Que no momento eu não lembro o que é. Mas a gente pode ficar o sábado juntos. Eu volto a noite. 

-Combinado.  Tomara que passe bem rápido.  Eu não tô aguentando.

-Eu também não. 

-Te amo.

-Também te amo. 

**
A aula de Redação foi maravilhosa mais uma vez. Sr Carlton tem mesmo o dom de lecionar. Hoje ele falou sobre a necessidade de organizar ideias e ideais que serão utilizados na produção do texto, como sendo o fator primordial de uma boa escrita.  "Se desviar do assunto proposto é um erro fatal para o escritor" disse ele. Um texto bem estruturado, com a melhor gramática possível, e argumentos concatenados é  jogado no lixo em casos de falta de coerência e coesão.  Saí de sua aula com vontade de escrever um livro.

A vida no campus é movimentada. Acordo cedo para aproveitar o momento do café da manhã com calma. Em seguida aulas e aulas. Na hora do almoço encontro com Kelly e depois da refeição ficamos estiradas sob alguma sombra convidativa ou vagando entre os prédios da universidade. O meu preferido é  o South Hall, o prédio mais antigo da universidade,de 1873, e o único que restou da construção original. Uma graça. 

À tarde eu saio para caminhar. Tênis e airPods à postos, saio desbravando tudo sozinha. É incrível como me sinto bem no final. Posso andar nas áreas mais movimentadas que ainda assim consigo respirar ar puro, por conta da proximidade com a Baía. Há outras regiões que tem ainda mais verde, poucas construções e gente se exercitando e contemplando a natureza. Por enquanto, viver em Berkeley tem sido uma experiência e tanto. 

Hoje é quarta-feira e as aulas foram suspensas. Recebemos o comunicado ao fim da tarde de ontem, a justificativa foi a manutenção  de uma rede elétrica que durou mais tempo do que o esperado. 

Kelly e eu fomos então conhecer a região.  Como estava  um sol muito forte, e a praia estava um pouco mais longe, fomos a um dos shoppings da redondeza.

No meio do passeio, um mini-acidente bem comum ao mundo feminino. Cólica e sangramento sem qualquer aviso prévio. Eu sinto um misto de alívio e frustração, por que pensei que estragaria o divertimento de Kelly. Mas a verdade é que  estava um pouco tensa desde o dia em que eu e Peter transamos sem camisinha. Imediatamente eu envio uma mensagem para ele, com todos os emojis vermelhos possíveis. E no fim, um GIF de uma menina fingindo respirar aliviada. 

Me marca, sou todo seu Parte IWo Geschichten leben. Entdecke jetzt