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Agnes 🔮

Minha primeira noite já começou mal. Eu me neguei a sair com um dos velhos ricos que queriam, e disseram que isso ia custar caro depois.

Não liguei, aquele segurança de merda não me dava medo.

Minha mais nova amiga tinha sumido, quando foram me chamar ela ainda estava no mesmo lugar, mas depois que voltei ela tinha evaporado.

Acredito que algumas coisas acontecem e ao invés de termos uma certa reação, temos uma totalmente oposta. Eu estava apática, não consegui chorar ou gritar, fazer um barraco ou qualquer outra coisa que uma garota na minha situação faria.

Eu não queria aquilo, não mesmo.

Pensar em fazer sexo com algum homem, ou qualquer outra coisa que envolvesse aqueles velhos ricos que eu já havia visto do lado de fora me dava ânsia.

Meu estômago revirava.

Uma vez vi na Internet que uma vítima de violência sexual pode apresentar traumas pela vida toda, principalmente quando fosse ter relações sexuais futuras.

E realmente, eu morria de medo.

Teve aquele episódio com o Coringa, que eu me joguei em cima dele...mas aquilo era puro álcool. A verdadeira Agnes morre de medo só de pensar em ser tocada.

Sentei em uma das cadeiras que ficavam enfrente os espelhos para as meninas se arrumarem e observei.

Nenhuma parecia realmente feliz.

Podiam até sorrir, mostrar as roupas bonitas e jogar o cabelo pro lado, mas a verdade é que estavam tão acabadas quanto eu.

Sem dúvidas esse "trabalho" era um dos piores que alguém poderia ter.

Passou uns minutos até que o segurança que me arrastou de volta pro "camarim" entrou de novo e veio me chamar.

Disse que o chefe queria me ver.

Andei com ele pelos mesmos corredores de alguns minutos atrás, até parar na porta de uma sala.

- Entra ai - ele a abriu e me jogou para dentro.

- Você não devia chatear os clientes, Agnes - o cara que me apresentou os papéis para serem assinados falou, sentado na cadeira atrás de uma mesa enorme repleta de papéis e algumas fileiras de pó branco, que com certeza não eram sal.

Já tinha percebido como ele era bonito, mas agora reparei um pouco mais e notei pequenas falhas na barba, e um corte na boca, o que, na minha opinião, deixava ele estranhamente atraente.

Credo, Agnes.

- Chatear? - ergui uma sobrancelha - Clientes? - ri irônica.

- Exatame... - interrompi ele.

- Escuta aqui... - percebi que nem mesmo sabia o nome do infeliz - Escuta aqui, cara, eu não vou fazer esse serviço sujo. Não vou.

- Ah, Agnes - ele riu e jogou a cabeça para trás - Vai fazer o mesmo joguinho de todas, que brega. Pensei que precisasse de dinheiro.

- E preciso, preciso mesmo. Pra caralho - respirei fundo - mas não assim, dormindo com velhos nojentos que nem aquele que você arrumou. Eu pensei que me queriam para dançar...

- Coitadinha - ele se inclinou para a frente, apontando para uma das cadeiras - Fica a vontade.

- Não quero sentar.

- Tanto faz - desdenhou com as mãos - Vamos ao que interessa.

- O que interessa é o seguinte: uma garota apareceu me oferecendo serviço, ela sabia mais coisa de mim do que eu mesma. Meu...amigo me mandou embora de casa e eu resolvi aceitar a proposta da tal garota, pensando que me queriam para dançar, mas aí eu chego aqui e TENTAM ME OBRIGAR A DORMIR COM UM VELHO NOJENTO!

- Fica calminha aí - ele me encara com um olhar de raiva - Abaixa o tom, não sou teu amigo, ou teus parente. Eu que te encolhi, e mesmo que você não tivesse aceitado vir por vontade própria, eu daria um jeito de te trazer a força.

- A força? Cara, qual o seu problema? Tanta garota por aí eu você cisma comigo! Eu nem te conheço, nunca vi você na vida...

- Eu não cismei com você - ele sorriu de lado - Você é um pagamento, é um direito meu.

Libertina - [M]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora