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Coringa 🚀

Desde pequeno sentia necessidade de poder, não queria ser apenas mais um preto fudido. Queria mais, bem mais do que aquilo que a vida na favela podia oferecer.

Então fui crescendo, e conforme crescia, me envolvi com o crime, mas era isso ou não ter nada. Com treze comecei a trampar como aviãozinho, trazia informações e drogas pra cima e pra baixo.

Aos catorze experimentei a maconha, e aos dezesseis minha vida começou a mudar. Me tornei sub do morro, depois de salvar o pai do DK, que na época era o chefão por aqui.

Porém,  aos vinte, conquistei um dos meus objetivos, não foi bem da forma que quis, mas fazer o que.

DK levou um tiro dos cara do PCC que saíram de SP só pra nos confrontar, e com sua morte, me tornei o dono da porra toda.

Hoje, cinco anos depois, afirmo com certeza que aprendi a cuidar do meu pessoal. Tudo que esse povo precisa me procuram e eu dou um jeito, até porque ser o chefe vai bem além de apenas segurar um beck em uma mão e um fuzil na outra.

Sobre relacionamentos...nunca tive nenhum que tenha durado mais que uma noite, apenas transo e vou embora.

É claro, tem sempre as emocionadas que acham que vou ligar no outro dia cedo, e todas sempre se decepcionam, ligo não.

Sobre família, não tenho.

Minha família é eu e meus parceiros que fecham comigo. Não conheci meu pai, e minha mãe morreu quando eu tinha quinze anos.

Inimigos? Tenho muitos.

Tanto os fortes, como o PCC, quantos os mais fracos, que apenas enchem o saco mesmo.

Não me intimido, aprendi a manter minha postura perante as dificuldades da vida, e acredito que hoje em dia nada mais me abale.

Depois de levantar da cama, vou até o banheiro e tomo um banho gelado pra acordar, hoje o dia vai ser pesado.

Saio do banho e visto uma bermuda larga e uma blusa do meu timão, eu tô ligado que o Corinthians só perde e faz a gente passar vergonha, mas aqui é na vitória e na derrota.

Passo um perfume, desodorante e coloco talco no meu pisante. Jogo umas corrente no pescoço e me olho no espelho.

Mó chave.

Coloco a minha 48 na cintura, e saio.

Desco até a boca, chegando lá vejo uma movimentação meio estranha, os cara tava tudo em uma roda, falando alto.

- Ou, que que tá pegando aqui? - ergo a voz mais ainda e encaro eles.

Os caras se viram pra mim, permitindo que eu veja do que se trata.

- Por favor... - uma mulher, mais ou menos da minha idade, corre até mim, chorando. A maluca tava toda bagunçada, com maquiagem borrada e cabelo bagunçado.

- Eu não tive escolha...por favor...- do nada a respiração da menina faltou e ela caiu.

- Ajuda aqui cara!- dou um grito e a seguro pelo braço.

De começo ficaram me encarando, então gritei de novo, pô tão vendo a mina passar mal caralho.

- Tão surdo pô?! Ajuda caralho!

Dois deles a seguram e me olham, se perguntando o que fazer.

- Pra dentro, leva pra dentro. - aponto pra salinha onde fica um sofá - põe aí ó.

Agnes 🔮

Acordo e sinto uma dor de cabeça forte que me faz fechar os olhos novamente. Pisco e o abro outra vez, tentando decifrar onde estou.

Está escuro, e apenas vejo a iluminação de uma janelinha acima de mim.

Abaixo os olhos, com dor. Sinceramente nem ligo pra onde estou.

- Acordou, princesa?

Me assusto com uma voz e tento me sentar, olhando em volta.

Olho para a frente, forço a vista e enxergo uma silhueta masculina, caralho que susto.

Ele está sentado em um banquinho, e vejo a faísca de fogo do seu cigarro.

Ele se levanta e acende a luz, e finalmente eu consigo ver seu rosto.

- Coringa... - sussurro com os olhos arregalados.

- Então, princesa - ele se senta novamente e me encara - porque matou teu pai?

Libertina - [M]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora