Capítulo I: Yuki

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— Seja bem vindo!

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— Seja bem vindo!

Dabi foi recebido pela voz estridente e animada, ao entrar em sua casa. Logo, sentiu sua cintura ser agarrada por pequenos — e finos — bracinhos.
Ele não pôde evitar sorrir.

— Você demorou hoje. — a mesma vozinha disse, em um tom mais melancólico. — Fiquei preocupada.

O vilão afastou os pequenos braços e se ajoelhou, ficando na altura da criança. Ela, uma menina, ficou presente em sua visão; era uma criança de sete anos, com pele pálida, cabelos esbranquiçados com pequenas mechas amarelas. Seus olhos focaram nos olhos inocentes dela que, para sua infelicidade, eram tão turquesa quanto os dele.

Ela definitivamente aparentava uma aparência doente e cansada, mesmo sendo uma criança. Dabi sabia como era ter que segurar uma individualidade forte em um corpo frágil, e era exatamente por isso que ela estava tão mal.

Maldita genética, ele pensou.

— Estive ocupado com o... meu trabalho. — ele respondeu, em um tom sério.

— De qualquer forma, fiquei preocupada. — ela fez biquinho.

— Não se preocupe comigo. — ele deu um sorriso e afagou a sua cabeça. — É preciso de muito para me derrubar.

Ele seguiu até a cozinha, onde sentiu um cheiro de arroz recém-feito.

— Fiz o jantar, papai. — a menina sorriu, como se fosse um grande feito. — Sou uma cozinheira muito boa, não é mesmo?

— Tenho certeza que está delicioso. — o vilão se acomodou à mesa, juntamente da menina.

Dabi morava com sua filha de sete anos.

Ele havia criado-a, praticamente, a vida inteira sozinho, já que sua ex-namorada simplesmente jogou a bebê para ele, assim que nasceu. Vex por outra ela, uma garçonete de um bar bem suspeito, aparecia só para dar uma olhada na menina e dar meia-volta.

Em sua mente, ele deveria ter jogado-a em um orfanato assim que pôs as mãos nela, mas não conseguiu resistir ao ver aqueles olhinhos brilhando, quando ele a colocou nos braços pela primeira vez.

É bem provável que ela teria uma vida bem melhor, com uma família estruturada e de bem, se ele a tivesse colocado para a adoção, mas o homem não resistiu. Era egoísta da parte dele, é verdade, mas, pela primeira vez, ele sentiu como se tivesse uma família de verdade, mesmo sendo apenas a menina.

E, além disso, ele jamais seria igual a ele. Poderia não ser o melhor pai do mundo, mas também ia tentar fazer com que a sua filha fosse o mais feliz possível.

O homem, então, decidiu chama-la de Yuki, já que não poderia chama-la de pirralha pelo resto da vida. Escolheu esse nome, por seu cabelo ser tão branco quanto a neve, e por ela ter vindo para ele em um dia frio e cheio de neve.

Os dois moravam em um pequeno apartamento de dois cômodos, em uma zona bem perigosa da cidade. Ironicamente, Dabi não queria que a filha vivesse naquela região, pois seria perigoso, mas ele não poderia fazer muito, com os seus recursos.

Obviamente, a liga não sabia de sua parente e Yuki não sabia da liga. Ele tentava conciliar os dois, da melhor forma possível, mas do jeito que Shigaraki e os outros estavam sugando o seu tempo, sua filha passava mais e mais tempo sozinha.

— Eu aprendi muitas coisas hoje na escola, papai. — Yuki falou, com a boca cheia de arroz. — Minha professora falou que eu sou uma ótima poetisa, e eu nem sei o que isso significa.

— Quer dizer que você é boa em escrever poemas.

— Ah, faz sentido. — ela deu de ombros. — O Yato-kun me acompanhou em casa e-

— Yato? — Dabi a interrompeu, levantando os olhos para observa-la.

— Sim, nosso vizinho. — ela respondeu, ingenuamente. — O menino de cabelos escuros, da minha idade. Ele estuda comigo, papai.

— Por isso ele veio com você?

— Também somos amigos. — Dabi fitou o rosto de Yuki, que estava rosado. — Ele é bem legal, sabe? E não riu de mim por eu não usar a minha individualidade.

Recentemente, Dabi tinha proibido a filha de usar os seus poderes. O homem havia visto que ela ficava bastante ferida quando o usava com muita frequência, e isso só estava piorando a medida que ela a usava.

— Mas o ponto não é esse. — Yuki ficou séria. — Quando nós vinhamos, vimos um herói agindo, de longe.

Dabi apertou suas próprias mãos, formando um punho, o que passou despercebido por Yuki.

— Ele parecia tão legal. — seus olhinhos adquieiriram um brilho intenso. — E também usava fogo e...

Isso foi a gota d'água para o vilão. Ele se levantou bruscamente, assustando a filha.

— Não mencione isso de novo na minha frente! — sua voz saiu grave e exaltada. — Esse homem é malvado! Ele não presta!

— Mas ele estava salvando as pessoas. — seus olhos estavam, agora, úmidos.

— Yuki — ele a segurou pelos ombros. —, quando ver heróis, principalmente se for esse, não fique perto. Eles não são bons e vão te machucar. Me entende?

Assustada, a menina apenas fez que sim, com a cabeça e correu para o quarto — que dividia com o pai.

Dabi suspirou.

Ele estava frustrado por ter gritado com a filha. Lembrava-se de como se sentia quando o pai gritava com ele e não queria que Yuki crescesse com esse mesmo trauma. Porém, é impossível que ele fique bem ao ouvir sobre os heróis, principalmente sobre o Endeavor.

Dabi jamais aceitaria que Yuki admirasse esse homem.

O vilão seguiu para o quarto, encontrando-a deitada e enrolada em sua cama.

— Ei, Yuki. — ele se deitou, ao seu lado. — Eu não queria ter gritado com você, só estava estressado.

Ele a ouviu fungar.

— Prometo que não vou fazer isso de novo. Mas você tem que me prometer que eu não vou mais te ver falar sobre heróis, ok?

— Mas por que? — ela questionou, por baixo das cobertas.

— Heróis são ruins.

— Mas todos os meus amigos acham eles legais. — a criança retrucou. — Até minha professora falou que eles ajudam todo mundo.

— Você prefere confiar em quem? — Dabi levantou o lançou, encontrando o rosto vermelho de sua filha. — Na sua professora ou no seu pai?

— Em você, papai. — ela se levantou, se jogando contra o corpo do pai e o abraçando. — Me desculpe. Você não vai mais me ver falando sobre isso.

— Você é uma boa menina. — ele acariciou o cabelo branco dela. — A melhor que eu conheço.

— Eu te amo, papai.

— Eu também te amo, pirralha. — Dabi sussurrou.

Onde já se viu, um vilão como ele, se derreter todo por uma criancinha? Seja como for, mesmo ele sendo um vilão e tendo planos imensamente ruins para a sua vingança, o homem jamais deixaria Yuki de lado e sempre iria mostrar o seu amor por ela.

the villain's miracle [DabixChildReader]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora