Um silêncio se instala dentro do carro. Ele abaixa a cabeça,  parecendo muito triste.

-Ele disse que foi falta de umas boas palmadas. 

Nesse momento eu noto uma lágrima pingar sobre sua camisa. Seguro o volante firme com uma mão, e com a outra eu seguro o braço de Lucas,  em sinal do meu apoio.

-Eu sinto muito.

Me sinto tão egoísta. Meu grande amigo passando por uma situação dessas, e eu o arrastando para longe de casa.

- Você não precisava ter vindo comigo, Lucas. Eu podia ter vindo com outra pessoa.

-Nossa LJ. Eu sou tão descartável assim para você?

Ele seca as lágrimas e tenta deixar o clima mais leve. Assim que ele é. Não se deixa abater, mesmo que o coração esteja em pedaços.

- Você não precisa fingir que está bem para mim, amigo.

-Lara Jean, eu estou bem. Vou ficar bem. Minha mãe é uma mulher e tanto, e está do meu lado. Eu vim com você, porque era necessário que eu saísse um pouco de casa e me distraísse.

Sorri e continuamos o caminho.

Finalmente chegamos ao nosso destino. Levo mais tempo do que qualquer outro para realizar essa viagem. Mas não me importo. O importante é que cheguei e quero ver tudo antes de me matricular na NYU. Ou aqui.

Berkeley  fica próximo à Baía de São Francisco.  Logo que chegamos, nos deparamos com uma multidão de pessoas passando pelo Sather Gate, uma espécie de portal na entrada principal do campus. Não são só estudantes da universidade. Há também muitos turistas a fim de conhecer o local.

A atmosfera aqui é especial: muito jovem, alegre e dinâmica. O campus é conhecido também como Parque,  por ter muita área verde e ser bastante agradável para um passeio. 

-Nossa LJ, olha quanta gente. Todo mundo com cara de feliz não é? As pessoas aqui não andam como se estivessem sempre atrasadas para um compromisso. 

Eu não respondo, fico observando tudo com atenção e me sentindo rapidamente envolvida pelo clima descontraído  da Califórnia. 

-Ninguém tá correndo, Lucas. As pessoas parecem estar aqui apenas curtindo tudo. 

Lucas me puxa pela mão, me fazendo andar mais rápido. 

-Então vem. Vamos nos juntar a eles e curtir cada detalhe também.  

Como a universidade é bem antiga, muitos prédios ainda mantêm o telhado de cobre e possuem enormes colunas. A construção mais impressionante é uma torre, com 8 andares, e no último um observatório, de onde dá para ver todo o campus, parte de São Francisco, e bem ao longe, com alguma sorte dá para avistar Golden Gate.

-Uau. É lindo isso aqui. 

Estou impressionada com a vista. O sol brilha forte e o clima é ameno. Então sentimos o frescor da brisa batendo no rosto e a luz do sol destacando ainda mais a paisagem.

Lucas não diz nada. Tenho certeza que está  contemplando o momento também. 

Chegamos à biblioteca principal. Meu queixo cai ao me deparar com os imensos vitrais das janelas, a escadaria e as grandes colunas que conferem ao prédio um ar de charme e antiguidade. Me pergunto se aqui deve ter algum tipo de programa que proteja esses prédios antigos, contra a onda de modernização que assola alguns lugares.

-Bom Dia.

Me dirijo à senhora que deve ser a recepcionista do local. Ela aparenta ter uns 60 anos. Está com uma camisa amarelo manga cheia de babados, e um colar laranja. O cabelo pintado em um tom acobreado, está impecável.  Em seu rosto marcado pelo tempo, uma maquiagem carregada, com destaque para a sombra coral e o batom vermelho. Tenho dúvida quanto a esta paleta de cores,mas ela aparenta estar feliz assim.

Me marca, sou todo seu Parte IUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum