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-Doeu?

-Um pouco. Menos do que a primeira vez.-
Peter explode numa gargalhada alta e sincera.

-Eu tava me referindo a você encontrar minha mãe. Covey, que safada, você  só pensa nisso?
Devo estar roxa de vergonha, sinto minhas bochechas quentes. 

-O que vamos fazer hoje?- Mudo de assunto rapidamente.

- Biscuit Soul Food pós Cinema. O que acha?

-Quando eu sugeri isso você não topou-
Estou no banheiro de Peter usando um enxaguante bucal no lugar de escovar os dentes.

-Mas agora eu quero. 
Olho para ele séria. Não  gosto de seu tom dominador.

-Tá bem. Pode escolher o que vamos fazer- ele completa depois do meu olhar fatal.

-Primeiro vamos ao Biscuit e depois ao cinema.  Só para você entender quem está no comando.

-Positivo!. Ele faz um sinal como se fosse militar respondendo a um superior. 

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-Me pega às 19h então?
-Ok!
-Não se atrase.
-Ok!
-Te amo.
-Ok!
-Como é? 
-Também te amo Covey.
-Ok!-

 Respondo e me despeço com um selinho em seus lábios. Sorrio contemplando esse momento comum que compõe um namoro. São as pequenas coisas que constroem uma história sólida.  Os grandes feitos decoram, completam e transbordam, mas é  no carinho diário, na visita inesperada, no fazer nada juntos que está  o brilho e o encantamento de um relacionamento. 

Passo do estado de euforia ao de tensão em poucos segundos. Como eu e Peter podemos fazer isso dar certo? Vamos ficar meses sem nos ver, será que falar ao telefone todo dia será o suficiente para não mudar as coisas entre a gente?

Entro em casa desanimada. Kitty me bombardeia de perguntas sobre a festa, a faculdade e como está Peter. Dou as respostas mais curtas possíveis, minha vontade era não responder absolutamente nada. Esse fim de semana intenso e a percepção da proximidade do início das aulas me deixou abalada. Entro no meu quarto, e sigo para um banho, daqueles demorados e reflexivos.

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Margot e Kitty  notam meu desânimo. Trina foi visitar a irmã antes de voltar ao trabalho e papai foi para o hospital atender a tal gestante que daria à luz sem o pai do bebê,  mas não sem o Dr. Covey. 

Resolvemos então dar um passeio no shopping e almoçar por lá. A presença de minhas irmãs me anima, imagino como deve ser solitária a vida de quem não tem irmãos. A gente briga, mas não somos capazes de viver longe uma da outra. Longe fisicamente até vivemos, mas nossa ligação vai além da geografia. Dá pra ficar perto mesmo estando longe, dos irmãos, dos pais, mas do namorado?

Estamos em uma loja de departamentos e Margot tenta escolher um óculos de sol há  exatos 24 minutos.

-Gogo, é  o décimo quinto óculos que você experimenta e coloca defeito.

-Eu só quero ter certeza que é  o óculos certo. 

-Tá bem, mas não demore mais. Estou cansada e ainda vou sair com Peter a noite, não quero me atrasar.

Não noto a presença dela tão perto de mim, até que ouço seu sorriso e mais uma de suas provocações.

- Não precisa se preocupar Lara Jean, Peter está sempre atrasado. Ele ainda tem essa mania? Embora da última vez que marcamos algo quem se atrasou fui eu, e por isso vocês estão juntos. Enfim, já faz tanto tempo, acho que ele superou o meu atraso.

Fico boquiaberta em ver como Genevieve consegue ser tão ardilosa, pior, a mudança de comportamento dela em um curto espaço de tempo. Não respondo nada, olho para ela a cumprimentando com um sorriso e sigo pela loja atrás de Margot. 

Me marca, sou todo seu Parte IWhere stories live. Discover now