Ela segue balanço seus braços e olhando o tempo todo para os lados, como se estivesse esperando algo acontecer. Sigo meu olhar para onde ela estava olhando e consigo visualizar uma mulher toda tatuada seguindo com outra agente, provavelmente também para o café. Já tinha a visto outras vezes, mas agora, não tive uma boa sensação.

Quando chegamos no refeitório, observo todas as presas reunidas em suas mesas, já tomando seus respectivos café. E isso me deixa com um pé atrás. Nunca somos uma das últimas a sair da cela, mas tento controlar meus pensamentos. Provavelmente estou criando essas paranóias por causa de tudo que vem acontecendo ultimamente.

Observo que todos os olhares estão focados em mim e isso é algo que me deixa nervosa. Odeio ver as pessoas me olhando demais. E eu sinto que algo vai acontecer.

Balanço minha cabeça negativamente, indo pegar minha gororoba e logo em seguida vou em direção a mesa que sempre sento. A única vazia.

Levo a caneca de café para a boca e tomo meu café, me sentindo ser observada o tempo todo. Preciso prestar atenção em tudo a partir de agora, porque algo me diz que talvez, minha discussão com Andreia possa ser o motivo de tudo que estou sentindo agora. Afinal, ela está a muito mais tempo aqui dentro, provavelmente deve ter algumas pessoas por ela.

Mesmo eu querendo morrer, hoje não é o dia, e eu espero que ela não esteja aprontando algo, porque eu não estou afim de deixar de ser exemplar, mas também, no fundo, estou com uma vontade louca de matar alguém. Hoje seria um belo dia para isso.

Pego um pedaço do pão e levo a minha boca e antes que consiga mastigar, sinto um baque bem forte na minha cabeça. O que faz eu praticamente cair da cadeira. Caralho.

Levo minha mão a cabeça sentindo ela rodar. Acho que fui pega desprevenida.

Minha primeira reação é tentar me levantar, mas não tenho resultado porque a dor insuportável na minha cabeça me impede e logo em seguida sinto novamente algo como uma barra de ferro bater nas minhas costelas e isso faz com que eu urre de dor.

Acho que a ideia de querer matar alguém não vai se realizar. Provavelmente sou eu que estarei a sete palmos da terra hoje.

Me arrasto para longe da mesa, tentando me levantar, mas mais uma vez não consigo. Puta merda, contrariando meus pensamentos de alguns segundos atrás, percebo que deixei minha guarda muito baixa.

Escuto os gritos das outras presas, deixando nítido que estão gostando do que estão vendo. E eu, finalmente consigo me virar, colocando a mão no rosto e olhando para a filha da puta que está com um sorrisinho de lado, pronta para me atacar novamente. A mulher tatuada. Andreia me paga.

Filha da puta!

Falei tantas vezes que queria morrer que agora parece real e só nesse momento percebi que não é exatamente dessa forma que eu imaginava.

— Você não é a bravinha? Se levanta porra! — grita, me insultando.

A dor gritante nas minhas costas tentam me proibir de levantar, mas se for pra morrer, que seja pelo menos tentando me salvar. Dou um sorriso de lado, sentindo minhas pernas fracas.

Pelo menos vou morrer fingindo que ainda sou foda. Não posso ser tão ridícula de ir para o inferno sem tentar me defender.

Assim que fico de pé ela vem na minha direção e eu tento me safar, mas infelizmente, não consigo por causa da vertigem que me atinge junto com a barra de ferro que ela mete em direção a minha cabeça, me derrubando.

Acho que tudo que planejei se foi ao sentir meu rosto batendo no chão. E enquanto ainda estou consciente, escuto ao longe os gritos e em seguida outra batida forte nas minhas costelas, o que definitivamente me faz apagar, me fazendo aceitar meu destino fodido. Como sempre.

 Como sempre

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
IN(QUEBRÁVEL) | ✓Where stories live. Discover now