10 • balada

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•『 ♡ 』•

As flores de pétalas amarelas eram as favoritas de minha tia, independentemente da espécie. E foram exatamente elas que Hyungwon escolheu para deixar sobre a lápide dela naquela manhã. Em silêncio, ele apenas juntou as mãos em frente ao seu corpo e fechou os olhos por alguns minutos. A brisa matinal movia os fios de seu cabelo, fazendo-me recordar daquele Hyungwon tímido que enfrentou mudanças drásticas em um curto espaço de tempo. Ele abriu os olhos devagar, fitando o nome da mãe na placa de mármore e a data. Assim como eu fazia sempre que visitava o túmulo de meu pai, era impossível não pensar na rápida conta dos anos vividos e do tempo que já havia se passado desde a perda: anos que pareciam uma eternidade.

Kihyun olhou pra mim como se perguntasse se estava tudo bem e eu apenas assenti, enquanto tocava o ombro esquerdo de Hyungwon.

— Eu passava aqui uma vez por semana, às vezes mais — ele disse, cabisbaixo. — Ela deve ter sentido a minha falta.

— Quer ficar um pouco sozinho? — perguntei, vendo Kihyun começar a se distanciar. Estava indo na direção do túmulo de meu avô.

— Não, fique aqui — Hyungwon disse, elevando sua mão para tocar a minha e logo depois abaixar as duas. Seus dedos entrelaçaram-se aos meus enquanto eu me aproximava o suficiente para encostar minha bochecha em seu ombro, sentindo o cheiro bom que meu primo tinha. Ele não disse mais nada, mas era como se conversasse com a lembrança de minha tia, talvez dizendo a ela que estava tudo bem.

Lembrei-me das vezes em que ela se sentava ao meu lado para me contar qualquer história incrível, me tirando do vazio que às vezes me invadia sem um motivo aparente. Ela me conhecia, tanto ou mais que minha própria mãe, e perdê-la foi realmente difícil.

As semanas seguintes à tragédia levaram minha família a uma espécie de luto severo, no qual a insônia chegava a me dominar, acompanhado por pequenos mal-estares. E embora eu soubesse que meu primo estava sofrendo muito mais, na época, não cheguei a me importar realmente com ele. Durante o velório eu o vi sempre ao lado de meu avô, amparando-o e sendo amparado, enquanto algumas pessoas o olhavam torto por ele ser adotado.

Naquela ocasião, Hyungwon não conversou comigo, mas lembro-me de que o encontrei no escritório do sobrado em Gwangju, sentado na mesinha de madeira, em silêncio. Tinha ido até lá depois que minha mãe se sentou para conversar com meu avô na sala de estar. A razão pela qual eu escolhi o escritório estava no fato de que as prateleiras de livros me eram muito atrativas.

E minha tia adorava passar horas lá dentro, escrevendo.

Tive receio quando encontrei o rapaz de olhos tristes, mas ele indicou a poltrona esverdeada com uma de suas mãos e eu me direcionei ao móvel, sentando-me. Os primeiros cinco minutos foram uma eternidade: eu me senti ligeiramente incomodado pela companhia de Hyungwon, por não conhecê-lo como deveria e por talvez não entender o que ele estava sentindo. Porém, a meia hora que passei ali praticamente voou depois disso.

Quando minha mãe nos chamou, colocando a cabeça para dentro do cômodo, certa de que estaríamos ali dentro, eu me levantei depressa e segui para a porta. A única coisa dita partiu da minha boca: "Vamos, Hyungwon". O garoto respirou fundo antes de abandonar a cadeira onde estava e caminhou até mim, me encarando.

E, a partir daquele momento, eu percebi que ele era mesmo parte da família, não ligado por laços físicos, mas sentimentais.

Segurei a repentina vontade de chorar e apertei a mão de Hyungwon com um pouco mais de força. Kihyun olhava para a cena e eu notei que ele deveria estar com vontade de ir embora. Tínhamos demorado um pouco em relação ao recado deixado à Minhyuk: o de que iríamos voltar em quarenta minutos.

What Is Love - MX ver. | HyungKyunWhere stories live. Discover now