Capítulo 29

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—– Ei.

Olhei pra trás e vi um garoto franzino de óculos e aparelhos nos dentes.

—– Oi, posso ajudar?

—– Você é a Ana, não é?

—– Sim, sou eu.

Estranhei a aproximação repentina daquele garoto estranho de olhos pequenos.

—– Eu sou o Arnold, eu fiquei sabendo que você é excelente em matemática e eu queria saber se você poderia me ajudar, eu estou com uns probleminhas, literalmente —  Ele sorriu simpático, e eu sorri de volta para não deixá-lo sem graça.


No começo eu pensei em dizer não porque ele era pra lá de estranho, mas decidi considerar.


Não devemos julgar as pessoas pela aparência, e também ensina-lo seria uma boa distração, assim não fico pensando muito no otário do Fred.

—– Claro, ficarei feliz em poder ajudar.

Confesso que até fiquei feliz em poder ajudar aquele garoto. Pude notar pelo tamanho do sorriso dele que aquilo significava muito.

Liza se aproximou depois que ele foi embora.

—– Qual é a do esquisitão?

—– Vou ensinar matemática pra ele —  Fechei o armário e andei pelo corredor com ela.

—– Por quê?

—– Porque ele pediu.

—– Ah.

—– Depois que o professor John parou de dar aulas, alguns alunos começaram a ter dificuldade para acompanhar o ritmo da professora nova, porque vamos combinar o John explicava muito bem — Falei sem perceber que aquele assunto ainda mexia com a Liza de alguma forma —  Liza me desculpa eu...

—– Tudo bem, amiga, já passou — Ela sorriu fraco.


Depois da aula, eu me despedi dela e entrei no ônibus, sentei do lado do Simon e a gente ficou debatendo sobre vários assuntos, depois de acompanhar ele até sua casa, dei um beijo no seu rosto e voltei alegre pelo caminho até encontrar o Fred no carro dele no maior amasso com a namorada.

Aquilo me deixou bastante irritada, e a vontade era de ir lá e quebrar a cara dos dois, mas eu  me controlei.

Se é guerra que ele quer, é guerra que ele terá.


Entrei em casa enfurecida, subi para o meu quarto e me joguei na cama.

Depois cobri o rosto com o travesseiro e soltei um grito abafado, seguido de um choro contido.

Como ele pode ser tão babaca, estúpido e idiota.

Quem ele pensa que é, pra me enganar assim?

Mas também não é nenhuma surpresa, não é nada que eu não tenha pensado.

Mas porque agora que eu confirmei minhas suspeitas, não consigo ficar em paz.

Depois de pensar um pouco, lembrei do dia que o Fred me viu abraçando o David no refeitório, ele ficou bastante enciumado e olha que era o amigo dele.

Ciúmes é um ponto fraco dele.

Então se ele acha que pode me provocar, eu também posso.


Mas eu não podia sair com o esquisitão do Arnold, seria até uma piada e ele logo perceberia, então vou apelar para um dos jogadores mais fortes do time de futebol, porque sei que isso vai ferir diretamente o ego dele.

DesilusãoWhere stories live. Discover now