QUEBRADA | Spin-off De Homens Implacáveis - Degustação

2.

" A vida a irá  cobrar  um preço alto por tudo. Para sobreviver você precisará ser forte e aguentar tudo. Por mais que a vida se mostre cruel e implacável com você não desista. Seja forte igual uma loba mesmo que eles a façam pensar que é apenas um coelho assustada. Resista até o dia que  o homem que esqueceu do amor venha buscar você. "

Ela disse. E até agora não entendo se eu realmente vi aquela mulher ou até mesmo se ela disse essas palavras ou simplismente foi apenas minha cabeça saturada de champanhe que estava brincando comigo, porque definitivamente o que aquela mulher,  provavelmente sigana disse até hoje não faz nenhum sentidndo. Isso se realmente ela foi real.

Se passaram dois anos e a cada dia que passa a minha vida perde qualquer sentindo em relação a minha existência, dois anos que não sei o que é respirar e a seguir sorrir, passam dois anos que não sei o que é ver um prato de comida decente ou até mesmo roupas que sejam minimamente confortáveis para cada estacão de ano ou temperatura nesse lugar, que geralmente tendem a ser muito baixas ou muito altas me impossibilitando assim de pelo menos dormir um pouco ou ao menos me perder por muito tempo em meus próprios pensamentos.

E eu sei que me encontro no pior cómodo desse lugar, eles chamam de A Fortaleza, devido. Sua localização estranha no meio do deserto, e eu chamo de inferno, porque é isso mesmo, eu estou conhecendo o inferno ainda em vida e se realmente existir um após a morte com certeza é pra lá que irei pagar por tudo o que já fiz de errado nessa vida. Foram dois anos e cada dia eles se deliciam em me atormentar com tudo o que acontece ao redor do mundo ou sobre alguma coisa que as pessoas próximas a mim tem feito como se já tivessem me esquecido. Porque na verdade é isso que eu quero, quero que esqueçam que alguma vez me conheceram, porque a mulher que foi arrancada da sua vida a dois anos não existe mais. Ela foi substituída por uma coisa, sim uma coisa, porque nesse momento me sinto muito menos que um ser humano, não tenho mais vida própria, não tenho futuro ou qualquer outro sentimento de esperança, não temho nada nem ninguém mas o incrível que pareça é que o meu maior medo é morrer e ninguém saber que eu morri, meu maior medo é ser esquecida pelas poucas pessoas com quem partilhei alguns momentos da minha vida.

Eu não tinha muitos amigos, ou provavelmente eu não tive nenhum amigo, as pessoas só se aproximavam de mim devido a minha fama ou a influência que meu pai exerce sobre a sociedade devido ao seu estatuto no governo. Ficar aqui me deu a oportunidade de pensar melhor nas coisas, a situação em que estou me ajudou a considerar coisas que nunca passaram pela minha cabeça. Como por exemplo se meu pai realmente alguma vez me amou, eu nunca o ouvi proferir essas palavras e muito menos foi afetuoso comigo desde a morte da minha mãe, nós éramos apenas duas pessoas que compartilhavam a mesma casa como se fôssemos dois desconhecidos, não faço ideia se esse sequestro foi um alívio para ele ou mais um problema no qual ele terá que lidar.

Me encosto na parede suja e de tinta desgastada na tentativa falha de buscar um pouco de frescor, porque a única coisa que não é tão afetada pelo calor escaldante nesse lugar são as paredes, mas nas noites frias são o último lugar onde alguém ia querer estar encostado, apesar do vestido que estou usando ser curto e de alças já praticamente inexistente devido ao estado de degradação eu ainda estou sentindo muito calor, já me acostumei a ficar toda suada e praticamente exarcada sem ter direto a pelo menos um banho. Da primeira vez que reclamei desse lugar ser pequeno e muito quente eles me colocaram sozinha no meio do deserto amarada a um poste de madeira debaixo do sol, não sei quanto tempo fiquei ali só sei que quando acordei já estava de volta ao meu cubículo e que todo meu corpo doía e estava coberta de manchas vermelhas e mal conseguia me mexer devido ao estrago que o sol fez ao meu corpo e  a falta de água também me prejudicou muito, naquele dia eu achei que fosse morrer. E desde então eu nunca mais reclamei desse lugar ser muito quente, e aprendi a educar meu corpo a se acostumar com essa temperatura que por vezes ultrapassa cinquenta e cinco graus Celsius.