— Quer saber por que eu sempre canto essa música? — questiona, como sempre tentando puxar assunto.

Reviro os olhos e aceno negativamente.

— Foda-se. Eu vou dizer. Eu canto essa música o tempo todo porque ela me lembra a minha filhinha… Nós sempre cantávamos ela antes dela dormir, então, cada vez que a canto aqui, é como se eu estivesse perto dela. Talvez você não saiba o que é isso porque nunca teve ninguém. — diz, me atacando.

Suas palavras me ferem profundamente, porque me faz me lembrar do meu fodido passado, onde eu não tive nenhum momento bom com minha mãe, afinal, nunca a conheci.

Viro meu rosto, a ignorando e tentando deixar minha expressão neutra.

— Eu sei que você não gosta de conversar, mas nós vamos passar anos aqui dentro, juntas. Poderíamos pelo menos passar o tempo falando sobre qualquer coisa. É um tédio não ter com quem conversar. — Insiste.

Fecho meus olhos tentando não pensar sobre o que ela está falando. Nada disso me importa. Mesmo que o advogado consiga alguma coisa, eu acho impossível eu sair daqui. Tudo parece irreal demais.

Acreditar que minha vida possa mudar tão rapidamente assim parece impossível e eu sei que não posso e nem devo criar esperanças. Não posso me machucar dessa forma.

— Você poderia me dizer porque não matou a sua irmã… — Tenta mais uma vez, me fazendo querer cortar sua língua.

A menção dela na Phoebe, automaticamente me faz ficar nervosa. Odeio quando citam ela, ainda mais aqui dentro. Principalmente por que eu me lembro de tudo que fiz.

Me viro na direção dela, olhando em seus olhos.

— Já te disse que não quero conversar porra! E outra coisa, não fale mais sobre ela.

Ela se assusta com meu tom. Provavelmente porque nunca gritei com ela. Por isso se encolhe um pouco, mas continua me encarando.

— Você deve ter se arrependido de não ter a matado… Já pensou que você teve a chance de roubar a vida? Vocês são idênticas… Ninguém nem ia perceber.

Me levanto, não aguentando mais ouvir nenhuma palavra saindo da boca dela. Antes que eu chegue perto dela, ela se levanta, me surpreendendo e vindo na minha direção, se aproximando mais.

— Não tenho medo de você querida, mas que você foi burra nesse quesito foi sim. Poderia ter roubado tudo dela.

Antes dela terminar de falar eu dou um soco em seu rosto, e ao perceber pelo meu reflexo rápido que ela ia revidar, me abaixo, dando uma rasteira nela e a derrubando no chão, ficando por cima dela. Ela tenta se soltar, mas eu tenho mais força que ela e a impeço de sair do meu aperto.

Seus olhos demonstram medo e porra, eu gosto disso. Me faz lembrar de tudo que já fiz com outras pessoas. Pode ser considerado sádico, mas eu amo ver isso refletido nos olhos dos outros. Tudo que eu queria nesse momento era poder mata-la. Mas rapidamente me lembro da conversa com meu advogado. Não posso.

— Eu. Não. Quero. Que. Você. Fale. Sobre. Ela. — falo, sussurrando em seu ouvido bem devagar — Espero que você entenda que eu não estou afim de conversar e muito menos de te machucar, só me deixa em paz! Agora eu vou te soltar, espero que você tenha compreendido bem.

Assim que me levanto, ela segue meu movimento, saindo do chão me olhando assustada e passando a mão em sua boca, onde está com um pequeno corte.

— Eu só estava dizendo a verdade, uma pena…

— Você é surda? — grito, avançando na direção dela.

— Ok. Não vou falar mais. — diz, indo se sentar na sua cama.

Fecho meus olhos, tentando regularizar minha respiração.

Eu simplesmente odeio quando alguém fala sobre minha irmã. Me sinto horrível por tudo que eu fiz ela passar, e o pior, pelo o que eu pretendia fazer, a deixando sozinha.

Ela era a única pessoa que tentou lutar por mim e na primeira chance que eu tive, fiz merda. Hoje, eu até agradeço ao detetive Coleman por não ter apagado as provas, como ela pediu.

Provavelmente eu nunca me perdoaria por ter destruído a vida dela que já estava péssima por minha causa. Talvez hoje, se eu tivesse a chance de voltar no passado, mudaria algumas coisas e a principal delas é não ter tentado a enlouquecer.

Se eu realmente conseguir sair daqui de dentro, a primeira coisa que farei é ir atrás dela. Preciso pedir desculpas – mesmo nunca tendo feito isso – e tentar ter uma relação com ela. Porque se eu tiver essa segunda chance, irei aproveitar, sem dúvidas.

 Porque se eu tiver essa segunda chance, irei aproveitar, sem dúvidas

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