— Deixe de drama, garota. — Ela arqueia o olhar, evidenciando as marcas de expressão na sua testa. — Me deve isso depois da sua ceninha com a Megan e o Dylan ontem na casa do Lorde Chester!
— Não. — É tão bom dizer isso. Não.
Eu amo como o som dessa palavra se propaga.
— Não te devo nada. — Jogo a cabeça para frente, apoiando nos meus joelhos. — E, honestamente, querida madrasta, acho que precisa muito mais de mim do que eu de você. — Volto a olhar para a ruiva que parece uma chaleira laranja de tão bufante.
Ela não deve suspeitar que ouvi sua conversa ultramega suspeita no telefone, mas aparenta saber exatamente do que estou falando.
— Você é impossível, Isla Grant! — Ruge com a voz estridente. — É melhor estar pronta quando formos sair, porque você irá conosco, gostando ou não, querendo ou não, e do jeito que estiver!
Rosana sai sem dizer mais nada e eu jogo o meu corpo para trás, afundando nos travesseiros.
Posso não ter prometido nada a imprensa, mas prometi para Louisa que eu iria ao baile beneficente.
É, eu devia mesmo parar de fazer promessas nas quais não estou disposta a cumprir.
Ouço duas batidas na porta do quarto antes de ser aberta novamente. Dessa vez avisto Lenna, quem está carregando uma bandeja com um bule de chá e um pedaço de bolo de chocolate.
— Olá, senhorita. Reparei que ainda não comeu nada, por que não come um pouco? A Sra. Ophelia fez o bolo. — Diz colocando as coisas em cima da cabeceira.
Lenna é uma pessoa boa. Ela é gentil com todo mundo da família, até mesmo com a Rosana, e não me parece ser o tipo de pessoa que cospe no café no chefe.
Ela provavelmente vai direto para o céu por nos aguentar por tantos anos sem reclamar.
— Lenna? — Chamo, antes dela se virar para sair do quarto.
— Sim, milady? — Me olha atenta, pronta para atender um pedido.
— A senhora tem filhos? — Indago e acho que a minha pergunta ecoa várias vezes em seu consciente, causando uma grande confusão e espanto.
Ela não está entendendo nada, sei disso porque pisca incontáveis vezes antes de conseguir dizer alguma coisa.
— Eu? — Aponta para si mesma. — Não tenho.
Eu nunca parei para perguntar nada para a Lenna, digo, sobre a vida dela.
Ela me conhece desde que eu me entendo por gente e em compensação, eu vivo dando ordens para alguém que eu não sei muito a respeito.
Nessa mesma linha de raciocínio, pobre Harry, ele sempre cuidou de mim e eu nunca parei para perguntar nada da vida dele. Casado? Namorando? Filhos? Faculdades? Não sei nada, nadinha.Eles devem achar que eu sou egoísta, soberba e fútil. Talvez eu seja mesmo. Menina malvada, Isla.
— Você já se casou? — Levanto da cama e caminho até ela, perto da cabeceira que havia posto a bandeja.
Acho que estou assustando a Lenna com as minhas perguntas.
— Eu só estou curiosa... — Tento tranquiliza-la, dando uma garfada no pedaço de bolo e enfiando na boca. — Eu nunca perguntei nada sobre você.
— Ah. — Ela sorri em meio ao nervosismo. — Eu não tive tempo para essas coisas. Minha família sempre foi muito humilde, precisei trabalhar a vida inteira, ajudei a criar meus irmãos e depois de crescidos tive que começar a trabalhar para cuidar de mim mesma.
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Onde se Escondem as Causas Perdidas - 01
Literatura romànticaEm Verena todos estão ansiosos para o baile de apresentação do herdeiro ou pelo menos, quase todos. Isla Nicolina Ophelia Grant, a jovem prometida desde a infância para o príncipe do país, está aborrecida com a própria vida, com as pessoas e com tod...
15 - A torre do sino
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