Fred.

" O que será que ele quer?

Deixei o livro de lado e me levantei da cama, e fui até a janela, movida pela curiosidade e o desejo.

Grande erro.

Quase fui atingida por uma pedra que ele havia jogado, e isso me irritou profundamente.

-- Ops!

-- Ficou maluco? - Sussurrei brava

-- Desculpa, mas a janela estava fechada e eu precisava de algo pra chamar sua atenção, não ia querer que eu te gritasse, não é?

Ele riu debochando da situação.

Que palhaço.

Quem ele pensa que é para atirar pedras na minha janela.

Reparei bem nele, e percebi que ele estava todo arrumado e perfumado.

Aliás, o seu perfume dava pra sentir de onde eu estava e tinha um cheiro maravilhoso.

E por instante a raiva desapareceu e eu me senti desconcertada por tanta beleza e elegância.

-- Quem fica em casa lendo romances quando uma festa do caralho está rolando? - Ele debochou novamente.

-- Eu fico, agora se me der licença tenho um livro pra terminar.

Ameacei fechar a janela.

-- Ei, espere - Ele gritou, e eu suspirei impaciente.

-- Seja breve.

Eu me fazia de durona, mas por dentro eu estava derretendo.

-- Nossa, que grossa - Ele riu ao mesmo tempo que franziu a sobrancelhas.

-- Você ainda não viu nada, querido.

-- Sempre faz coisas com o consentimento da sua mãe? - Ele perguntou com um tom de sarcasmo.

-- Sim, há algum problema nisso?

Ele então deu uma gargalhada que me ofendeu diretamente.

-- Escuta aqui, eu não sou como essas garotas perdidas por aí que arriscam suas vidas a troco de nada.

-- Mas é aí que tá a graça de ser adolescente, fazer o que se tem vontade, meter o foda-se, tá ligada.

Ri da sua ironia.

-- A única vontade que eu tenho agora é de terminar o meu romance, e você está me atrapalhando.

Dei de ombros.

-- Levo você, se quiser.

-- O que?

-- Na festa, vamos?

-- Qual foi a parte que eu estou lendo um romance, você não entendeu?

Ele riu novamente enquanto mantinha seus olhos fixos em mim, me fazendo sentir um frio na barriga.

-- Só entendi a parte do romance.

Meu coração acelerou, e eu nem sabia o porquê.

-- Não vou a lugar nenhum com você.

Ele provocava reações no meu corpo que eu nem sabia que eu tinha.

E isso perigoso

O sorriso sumiu rapidamente do seu rosto, e ele assumiu uma expressão séria e despreocupada ao mesmo tempo.

-- Ok, então fica aí vivendo a vida dos seus personagens que eu vou viver a vida real - Deu de ombros.

Fiquei boquiaberta com sua atitude, não esperava essa reação vinda dele.

Mas aí percebi que na verdade se trata de um simples jogo de sedução.

E confesso que a estratégia dele funcionou muito bem.

Porque eu queria que ele tivesse insistido mais, ele simplesmente cagou pra mim.

Lutei contra a vontade que gritava dentro de mim de ir aquela festa até não aguentar mais e explodir.

-- Espera.

Ele parou e se virou com um sorriso satisfeito em seus lábios.

Ele gostava de está por cima da coisa.

Num bom sentido.

-- Eu vou colocar uma roupa.

Aquela altura minha mãe já estava dormindo por conta do cansaço, então seria fácil sair sem que ela percebesse.

Seria fácil trair a confiança dela também.

Rapidamente fui até o guarda a roupa e escolhi a dedo um vestido, e quando fui tirar a roupa percebi que não tinha fechado a janela.

E olhos de Fred estavam sobre mim, desejosos e esperançosos para ver o que eu escondia debaixo daquele pijama.

Meu corpo estremeceu ao ver que ele me observava com pura malícia.

Ninguém nunca olhou assim pra mim.

Logo sentir um calor por entre as pernas, senti a excitação arrepiar cada fio do meu corpo e o desejo me deixou tentada a tirar a roupa e deixar seus olhos percorrer cada canto do meu corpo.

Sorri maliciosa e mordi os lábios, me entregando a essa doce sensação em seguida caminhei lentamente até a janela sem tirar os olhos dele, e fechei- a destruindo suas espectativas.

Nem acredito que fiz isso.

Meu corpo inteiro estava tremendo, eu estava ofegante.

Meu deus, eu estava molhada.

Mas não é o momento, eu não posso me entregar assim para ele, não sem ter certeza de que ele realmente me quer, mais do que me deseja.

Fechei os olhos em frente ao espelho, e imaginei ele beijando meus lábios enquanto suas mãos deslizavam sobre o meu corpo, me fazendo suspirar.

Logo meus mamilos enrijeceram e minha boca ficou seca se entregando a vontade louca que eu estava de...

Abri os olhos subitamente e respirei fundo.

Essa não sou eu.

Lavei o rosto e olhei no espelho novamente.

Coloquei o vestido que valorizava bem as minhas curvas, e depois calcei um salto para enganar um pouco, porque eu era baixinha.

E soltei os meus longos cabelos sobre as costas, me sentindo confiante diante do espelho, apesar de também está nervosa e um pouco excitada pela fantasia.

Mas Fred não é o garoto dos meus sonhos, ele pode me fazer sentir coisas, mas nunca vai está do meu lado, quando ele conseguir o que quer vai me deixar.

Uma lágrima ameaçou cair, mas eu conseguir contê-la a tempo. Em seguida Fiz uma maquiagem simples e passei um batom vermelho nos lábios e mal me reconheci no espelho, eu não era mais a garota sem graça da escola e sim uma mulher.

Por fim, veio a excitação novamente, a vontade de ser diferente, de explorar um lado meu que eu nunca tive coragem porque a adolescência é isso, você quer ser muitas coisas, fazer muitas coisas e mais importante que isso, você quer se sentir desejada por alguém, amada, aceita.

Mas a renuncia para ter tudo isso, costuma ser dolorosa.

Como sair escondida para vivenciar coisas que você nunca vivenciou,e de experimentar coisas que nunca experimentou.

Porque está na sua zona de conforto é limitante, sair dela é perigoso, mas você quer se arriscar, você tem essa vontade de adrenalina automática em seu ser, que te impede de enxergar muita coisa.

Desci as escadas ofegante e caminhei na ponta dos pés até a porta da frente, meu coração batia tão forte que eu poderia infartar a qualquer momento.

"Desculpa mãe".

E foi a partir daí que tudo começou.

DesilusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora