Lance Criminoso

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Manuela

Fiz a maior careta durante aquele abraço ridículo e me soltei dela. Me afastei e olhei pra outro lugar, não conseguia encarar ela mais, é como se toda a admiração e carinho por ela, tivesse sumido.

Raissa: Olha pra mim Manu. - Se aproximou e ficou na minha frente.

Manuela: Qual foi Raissa, cansou de dar a buceta pro Pepê e resolveu se preocupar comigo? - Falei com raiva.

Raissa: Ele que te contou isso? - Se referiu ao BM e eu assenti - Eu tava com raiva Manuela, me dá um desconto pô, queria me distrair, mas é claro que eu tava preocupada contigo. - Tentou me tocar mas eu me afastei.

Manuela: Ah vai pra casa do caralho, raiva de mim porque? Era você que tava em cativeiro, sem beber e sem comer nada? Ata, esqueci que fui eu. - Ironizei.

Raissa: Viu aí, tu já tá indo na onda dele. - Negou com a cabeça decepcionada.

Manuela: Não tô indo na onda de ninguém, para de colocar ele no meio de tudo, que ódio - Falei alto.

Raissa: Tu deveria ter me contado do seu padrasto, eu fiquei com raiva porque me colocou em risco e os meus pais também cara.

Manuela: E colocou? Você não me parece nada em risco. - Revirei os olhos - Enquanto eu tava lá toda preocupada contigo, tu tava era dando pra outro, só pensando no seu umbigo, egoísta do caralho. - Botei tudo pra fora.

Raissa: Egoísta? - Riu sem ânimo - Me preocupar com a minha família é ser egoísta? Vai se foder.

Manuela: Mas não aconteceu nada caralho. - Gritei com raiva.

Raissa: Porque tu não me contou que seu padrasto é do Bope? - Mudou de assunto.

Manuela: Quer saber quantos pelos eu tenho na buceta também? - Sorri fraco - Não contei porque eu não me orgulho em ter um padrasto daquela índole, tu acha que eu acho lindo as coisas que ele faz? O cara vive matando gente inocente, mas é claro que eu sou sair contando pra todo mundo que ele é meu padrasto. - Me segurei pra não chorar.

Raissa: Eu entendo, mas eu sou sua amiga poxa, tu poderia ter me contado. - Voltou a se aproximar.

Amiga, ok.

Manuela: Pra que? Não quero ser tratada diferente por causa dele, eu não tenho nada a ver com aquele homem. - Limpei minha lágrima.

Raissa: Eu não ia te tratar diferente Manu. Tu tem o coração bom e isso se nota de longe, claro que você não é igual a ele. - Segurou meu rosto.

Manuela: Na hora que tu enfiou a mão na minha cara, tu não pensou assim. - Tirei a mão dela de mim.

Raissa: Eu tava com raiva, me desculpa Manu, sério mesmo. - Começou a chorar também - Eu tava pensando em várias coisas erradas e acabei fazendo aquilo. Me perdoa por favor..

Manuela: Tá bom. - Forcei um sorriso e ela me abraçou de novo.

É claro que eu não perdoei, sou idiota, mas nem tanto.

Raissa: Eu te amo Manu, me perdoa por tudo. - Encheu minha bochecha de beijos.

Manuela: Fica tranquila, tá de boa. - Forcei um sorriso.

Continuamos abraçadas por alguns minutos e eu não via a hora dela ir embora logo, odeio ser falsa com alguém, me incomoda pra porra.

BM: Pode ralar peito já Raissa, chororô chato do caralho, se foder. - Apareceu com a cara amarrada.

Nunca fiquei tão feliz em ver ele.

Raissa: Ele é insuportável. - Disse bem baixinho e eu ri - Tchau Manu, qualquer coisa me liga tá? Não posso fazer muita coisa por você, mas eu tento. - Sorriu.

Manuela: Tudo bem.

Andei com ela até a porta e ela me deu um beijo na testa antes de ir embora. Sorri com o meu coração um pouco na dúvida, pô, a garota é minha melhor amiga, ou era né..

Eu amo tanto ela, são anos de amizade...

Porém ela vai ter que fazer muito mais que isso pra eu conseguir voltar a confiar nela. Eu levei um tapa de graça, sem necessidade alguma, sendo que o cara nem fez nada com ela.

Sacanagem total. E dói ainda mais quando vem de alguém que nós amamos.

Isso não se perdoa tão facilmente assim.