Reparei em alguns retratos na estante, e notei que em todos a liza aparece com o pai. Me questionei por um momento sobre a sua mãe.

E como eu sou curiosa, resolvi perguntar.

-- Por que sua mãe não aparece em nenhuma foto, onde ela está? - Perguntei com medo da resposta.


-- Não sei.

-- Como assim, você não sabe?

-- Não a vejo desde que fugiu com o personal trainer dela - Disse com o indiferença - E não duvido nada que eu seja filha dele ou será que é do encanador, enfim, acho que por isso que meu pai me odeia.


Arregalei os olhos com a descoberta, nunca conheci uma família tão problemática.

-- Sério?

-- Tô te dizendo, mas não é sobre isso que vamos conversar, agora vem - Ela me puxou pelo braço até a escada, mas logo soltou ao olhar minha expressão e se lembrar de que eu havia dito pra ela não fazer isso.


-- Desculpa, é o costume.

-- Tudo bem, aquele dia eu estava um pouco frustrada


Subimos as escadas e entramos em um quarto que era tão grande quanto a sala, era praticamente o triplo do meu quarto atual.


Fiquei admirando os detalhes. Havia muito dela ali totalmente diferente dos outros cômodos.


-- Eu sei o que deve está pensando, porque alguém precisa de um quarto desse tamanho, tem cômodos nessa casa que eu nunca entrei, acredite.

-- Nossa.


Eu queria muito contar para ela da minha antiga vida, mas resolvi esperar um outro momento, afinal não viemos aqui pra falar de mim.


Ela se sentou na cama e fez um gesto com a mão para que eu me aproximasse. Ficamos em silêncio por alguns minutos encarando nosso reflexo no grande espelho à nossa frente.

-- Eu fiz uma coisa muito errada - Ela falou enterrando o rosto nas mãos.

-- E o que você fez? - Toquei o seu ombro.

-- Nem sei como te contar isso.

-- Seja o que for, eu vou tentar entender.


Pra me fazer matar aula tem que ser algo muito sério mesmo.

Ela levantou e me encarou com os olhos cheios de lágrimas. Me entristeci com a sua aparência.


Sinal que nossa amizade estava se tornando algo muito especial e verdadeiro.


-- Liza, não chore.

-- Não posso te contar, você vai ficar com raiva de mim...

Ela voltou a esconder o rosto, provavelmente envergonhada com o que havia feito, e eu sinceramente não sabia o que fazer, não sou muito boa em consolar.


-- Olha, pode me contar...eu vou entender.

-- Ok

Ela respeitou fundo, enxugou as lágrimas e me encarou no espelho.

-- Sabe aquele dia depois da escola quando eu te disse que não estava me sentindo bem?

-- Lembro sim.

Ela virou o rosto e me olhou profundamente.


-- Eu fui pra casa naquele dia, mas antes disso acabei me encontrando com o professor no caminho.

-- O professor John?

-- Sim, o idiota que você atropelou outro dia no corredor - Ela completou me arrancando uma risada, mas ela permaneceu séria


-- Ele estava voltando de algum lugar, e estava a pé, então ofereci uma carona pra ele, que aceitou numa boa, só que depois disso, eu comecei a passar mal do nada e ele assumiu o volante e me levou pro hospital.


-- Sério?

Ela balançou a cabeça, aflita.

-- Mas você está bem? - Perguntei preocupada.

Ela fez uma pausa e as lágrimas molhou os seus olhos.


-- Liza, tudo bem - Segurei a sua mão transmitindo confiança.

-- Eu confundi, Ana, a forma como ele me tratou e dei um beijo nele - Ela disse agitada.


-- Você beijou o professor, mas só um cego para não ver a aliança no dedo dele liza ,ele é casado, e quanto ao David?


-- É, eu sei - Soltou nervosa - Foi no calor do momento, eu não pensei em nada, apenas fiz o que eu tinha vontade.


Soltei a mão dela e levei a mão nos cabelos, horrorizada.



-- Calma, a história não parou por aí, ele óbvio, não gostou do que eu fiz, saiu do carro todo decepcionado e zangado comigo...e eu me senti um lixo depois disso, e não tive coragem nem de ir pra escola no dia seguinte. Eu estava com muita vergonha dele, da situação e com medo que o David me olhasse com outros olhos, enfim...só que ele me ligou a noite..


Ele tem o número dela e eu não, estranho.


-- Antes que pergunte, acho que ele achou meu número em algum arquivo da escola, não passei meu número pra ele, e como eu não podia atender, ficamos trocando mensagens..



Eu ouvia tudo abismada e boquiaberta, sem acreditar que isso realmente tenha acontecido, e durante o tempo que ela esteve fora da escola. O professor nunca demonstrou nenhum tipo de inquietação.



-- Ele pediu pra gente se encontrar em algum restaurante ali perto para conversar sobre o que havia acontecido...



Continua...

DesilusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora