15 | O r a n g e

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[...]

Depois de tanto andar, decidi pelo menos dar um descanso às pernas tensas que não pararam em nenhum momento.

Parei e me sentei em um daqueles bancos de cimento. Suspirei. Elas ardiam e meus pés doíam assim como o resto do corpo.

Em algum vacilo, cochilei.

Entretanto, abri meus olhos tão rapidamente que não sei por quanto tempo eu havia de fato adormecido.

- Pode dormir. Eu estou aqui com você. - virei-me ao ouvir aquela voz desconhecida.

Um rapaz de cabelos castanhos claros, uma roupa vinho e um sorriso tão branco, que talvez fosse capaz de me cegar. Seus olhos eram de um marrom tão claro que quase eram amarelos.

Levantei-me num impulso.

- Não chegue perto de mim. - foi a única frase que consegui formar. Não sabia o que ele era, e o que poderia fazer comigo.

- Calma, calma. - ele riu - Você não se lembra de mim? - franzi as sobrancelhas.

- Não... Quem é você? - tentei manter a voz firme.

- Ah, Alice... - ele fingiu decepção - Aquela vez, naquele sonho. - fechou os olhos e uma luz laranja começou a emanar da sua pele.

Olhei para os lados, para ter certeza que nenhum azul nos observava.

- Mas, como...

- Não se preocupe. Eu não vou te fazer nenhum mal. - ele enrugou a manga da camisa preta.

Uma rosa vermelha.

- M-mas como... Quem é você? - balbuciei, sem entender nada.

- Meu nome é Peter. - suspirou - Eu tenho te observado, Alice. Tentei me comunicar com você nos seus sonhos...

- Espera. Você não está falando só daquele... - ele sorriu - Todos?! O... Fogo...

- Todos. - sorriu - Eu tentei te ajudar. Mas você tem muitos medos. - aproximou-se de mim - Eles se misturam com seus sonhos enquanto você dorme e sinceramente, sua cabeça é muito barulhenta e nada divertida.

- Quem é você? - dei um passo para trás.

- Ora o que foi?! Todos os seus amigos fizeram coisas ruins com você e é pra mim que você faz essa cara feia? - fez uma expressão que mostrava que se divertia com a situação. Soltou outra risada. - Não pude me aproximar antes. Você estava rodeada de Cartheres. E você sabe... Eles não gostam muito da nossa cor.

- O que você quer?

- A sua ajuda. - mostrou os dentes num novo sorriso - Quero dizer... Você sabe o que fez hoje no castelo? - balancei a cabeça. Como ele sabia disso?! - Ninguém consegue dizer exatamente o que você fez. Mas isso claro, é justificável. Você é a filha da rainha, nem sempre terá uma explicação para o que você faz.

- Para o que você quer a minha ajuda?

- Esse povo nos destruiu. - sua expressão ficou séria - Não temos para onde ir senão para o mundo dos humanos. Disfarçados como estudantes do ensino médio ou... Garçons de uma cafeteria. - meus olhos se arregalaram.

O dia do café com Bea.

- Era você...

- Eu sempre estive lá, Alice. Assistindo você. Observando como você era forte e corajosa e como não tinha noção do seu poder. Todo esse povo aqui passa a vida toda tentando ter um terço do poder concentrado no seu sangue. Esse rostinho de anjo... - ele tocou meu queixo, mas eu me afastei - Mas você está bem longe disso para eles. Para Jack.

Alice [Completo]Место, где живут истории. Откройте их для себя