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Os ouvidos de Sarah quase se derreteram de tanto que escutou os pedidos de desculpa da Juliette. A morena estava horrorizada, não era agressiva. Nem gostava de violência, tinha batido algumas vezes em Sarah, mas foi no momento de raiva e com motivo. Desta vez, não houve motivo. Não reconhecia essa fúria que tomou o seu corpo, estava muito arrependida, principalmente por Sarah estar grávida.

Não se batia em mulher grávida.

Já Sarah, não estava chateada. Foi um golpe e tanto, mas percebeu que a Juliette estava descontrolada, em sã consciência, sabia que a morena não faria isso com ela. Estava tentando amenizar a situação, mas a Juliette estava em pânico.

— Desculpa Sarah. — Pediu novamente, tocando os lábios de Sarah com a compressa. Aquilo ali ficaria feio se não tomasse os cuidados necessários. — Não sei o que me deu. Estou tão envergonhada com o meu comportamento.

Sarah fez uma caretinha ao sentir a frieza do gelo em seus lábios. Estava doendo consideravelmente, mas não queria piorar ainda mais o arrependimento da morena.

— Tudo bem, Juliette. Eu sei que você não fez de propósito. — Sarah murmurou. Moveu os maxilares, o gosto de sangue estava bem acentuado em sua garganta. — É melhor eu ir embora.

— Não. — Juliette disse. — Você não pode ir embora desse jeito. — A morena estava realmente preocupada, franziu o cenho.

— Estou bem, Juliette. — Sarah afastou a mão da morena e se levantou.

— Por favor, não vá embora. — Juliette se levantou. — Está tarde, você está machucada. Não é uma boa ideia. Ficarei mais tranquila se você ficasse aqui essa noite. Você pode dormir no quarto da Stella.

Diante daqueles olhos tão aflitos, não podia dizer não.

— Eu fico.

Juliette sorriu aliviada.

— Eu vou pegar um travesseiro e um lençol para você. Também uma toalha, e uma roupa, se você quiser tomar banho. — Juliette olhou para o corpo de Sarah, e a lembrança da loira nua surgiu em sua mente. Afastou os pensamentos. — Acho que a minha roupa ainda cabe em você.
 
— Obrigada. — Sarah sorriu de leve.

Juliette foi ao seu quarto buscar do que disse. Estava se sentindo muito culpada, mesmo com a Sarah dizendo que estava bem. E se o seu descontrole fosse maior e tivesse machucado pra valer a Sarah e o bebê? Apesar dos pesares, não queria que nada de ruim acontecesse com eles. Pegou a sua roupa mais folgada, e foi à procura de Sarah.

A loira estava no quarto de Stella. Ficou feliz em ver uma cama de solteiro com o lençol com a estampa da cinderela. Sinal que não precisaria dormir no chão. Estava encostada no berço da Stella, observando-a dormir. Seria uma menina muito linda e também carismática. Tinha tudo para ser virtuosa. E se dependesse dela, de Juliette e também do Gilberto, seria.

Lembrou-se do primeiro dia que tinha visto a Stella, como ficou horrorizada. Mal sabia que Deus estava colocando em seu caminho um pequeno anjo que faria o seu coração encher-se de amor. Acariciou o rosto da pequena, estava crescendo... O tempo passa rápido mesmo.

— Achei você. — Juliette disse ao entrar no quarto. — Aqui está tudo. Tem um banheiro no final do corredor... — Colocou tudo em cima da cama. — Você está realmente bem? Quer um analgésico? Um chá de camomila?

Sarah a olhou. Ficava linda com a expressão tão preocupada. Juliette sempre fazia um biquinho nesses momentos. O mesmo da Stella. Era muito fofo. Sentiu vontade de beijá-la, mas não seria muito bom, devido ao estado de sua boca, e também, achava que a Juliette não teria mais ânimo para isso.
 
— Não. Estou bem. Obrigada. — Sarah se virou para ela. — E você? Quer alguma coisa?

Faz De Conta || Sariette • ADP Onde histórias criam vida. Descubra agora