Medo de Perder

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A cada ano que passa, creio que me descubro um pouco mais. Talvez porque nós mudemos todo o tempo, talvez porque a idade nos faça aceitar melhor a idéia de que não somos perfeitos. Como se diz "o que não me derruba, me fortalece".

Descubro, não tão de repente quanto possa parecer, que tenho medo de perder. Medo de perder no jogo, medo de perder meus brincos preferidos, medo de perder a hora quando vou ver um cliente. Medo de perder tempo com devaneios amorosos, de perder amigos conquistados ao longo da vida, de perder o rumo diante das adversidades.

Talvez eu sempre tenho tido estes medos, mas quanto mais avanço no tempo, mais meus os medos se acumulam, posto que é muito difícil deixarmos de lado um medo, seja ele de altura, de escuro ou de barata. Muitos dos nossos medos da infância se acumulam, sendo somados aos medos da adolescência, da vida adulta e da velhice. É, porque mesmo idosos podemos acumular medos.

Alguns medos aliás são muito característicos de alguns momentos da vida, como o medo da solidão, medo de perder um ente querido, medo da morte. Não é comum pensar na morte aos 15 anos, mas aos 65 este medo pode atormentar aos mais desavisados.

Pois acabo de acumular mais um medo à minha pequena lista de medos: estou com medo de mim. Medo da minha incapacidade de resolver todos os problemas que gostaria, medo da imprevisibilidade dos meus atos diante das situações que ainda desconheço, medo do envelhecimento do meu corpo e do apodrecimento da minha alma. Medo de me transformar tanto que nem eu me reconheça mais.

Será medo de enlouquecer? Ou será que já é loucura todo este medo?

Espelho das FloresWhere stories live. Discover now